Marisa Antunes
A tentativa de fazer mudanças nas empresas esbarra quase sempre na mentalidade dos trabalhadores e na cultura corporativa há muito instalada na organização.
Um estudo divulgado esta semana pela IBM, denominado Making Change Work analisa a gestão de mudanças de mais de 1500 executivos em 15 países. O resultado mostra que 60% dos projectos empresariais que têm subjacente alterações e inovações em determinadas áreas acabam por não satisfazer completamente os objectivos.
As pessoas e a cultura corporativa são os maiores obstáculos à implementação da mudança nas empresas, avança o estudo. Sessenta por cento dos gestores de projectos e executivos inquiridos afirmam que a mudança de mentalidades e atitudes são o maior desafio à implementação da mudança numa empresa, seguidas da cultura corporativa com 49%. Curiosamente, factores que pesam mais do que os obstáculos que a escassez de recursos representa.
O novo estudo, intitulado Making Change Work, desenvolvido pelo grupo de Estratégia e Mudança da IBM Global Business Services, apresenta uma perspectiva dos desafios que as empresas enfrentam hoje quando confrontadas com a mudança e revela como as empresas devem gerir esse condicionalismo, identificando estratégias para melhorar os resultados dos projectos.
O ritmo dinâmico da economia globalmente integrada em que vivemos, está a obrigar as organizações a reestruturarem as suas posições tradicionais em relação ao que é normal numa empresa, realça Lawrence Owen, vice-presidente da IBM Global Business Services.
As empresas têm de antecipar a mudança e desenvolver mais processos sistemáticos de forma a reagir rápida e efectivamente, mantendo-se à frente da concorrência. A capacidade de gerir a mudança deve ser uma competência central para as organizações de hoje, acrescentou ainda este responsável.
Improviso não dá resultado
O estudo concluiu ainda que existe uma forte relação entre o sucesso dos projectos e a consciência realista dos desafios que a mudança implica. As organizações que têm uma plena consciência dos desafios numa situação de mudança, duplicam os seus casos de sucesso, além de registarem menos problemas e falhas nos projectos (na ordem dos 27%), realça-se no relatório.
Ser consistente e introduzir as alterações de forma estruturada produz também muito mais benefícios. A pesquisa revela que as organizações que seguem uma gestão segundo procedimentos específicos obtiveram resultados de 52% na taxa de sucesso, em comparação com os 36% registados pelas empresas que trabalham na base do improviso.
Outra constatação do estudo da IBM demonstra que a comunicação entre a chefia e os colaboradores desempenha um papel fundamental: 72% dos líderes de projectos acreditam que o envolvimento dos colaboradores é crucial e 70% acreditam que a comunicação honesta e atempada é muito importante.
Refira-se ainda que as organizações gastaram, em média, 11% do orçamento total em acções de mudança. No entanto, o top 20 dos projectos de sucesso gastaram, em média, apenas mais 2% que os restantes. O investimento foi, sobretudo, feito de forma mais estratégica. Em vez de tentarem, simplesmente, resolver todos os problemas com dinheiro, as empresas investiram na construção de conhecimentos sobre a complexidade do projecto, gastando mais na construção de competências de mudança e no desenvolvimento de métodos, capacidades e ferramentas a longo prazo, concluiu-se ainda.