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Medicamentos biológicos

20.06.2003


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Fernanda Pedro

PORTUGAL é um país onde uma carreira na área da investigação, é difícil de conseguir. Para quem pretende ingressar pela via científica o mais coerente é concorrer às bolsas de investigação e realizar o mestrado logo a seguir à licenciatura e posteriormente o doutoramento.


E se o fizer no estrangeiro, acrescenta uma mais-valia ao seu currículo. Após esta etapa do percurso académico, o futuro torna-se incerto para os investigadores portugueses. A pergunta mais frequente para estes especialistas é: o que vou fazer quando terminar o doutoramento?

As saídas profissionais no nosso país são escassas nesta área e a maioria opta por trabalhar fora de território nacional. Mas se esta é a saída da maioria dos investigadores, para Helena Vieira, a criação do seu próprio negócio na área da biotecnologia foi a solução encontrada para regressar a Portugal após a conclusão do doutoramento que está a realizar em Biotecnologia no Imperial College de Londres.

Um projecto que começou a ganhar forma em 2002 quando um amigo a incentivou a participar no concurso de ideias "Bioempreendedor", uma iniciativa do ICEP e da APBio, que visa premiar as ideias de negócios mais interessantes e lucrativos, na área da Biotecnologia.

Depois de tomar conhecimento deste concurso, a jovem investigadora de apenas 26 anos, tomou a decisão de avançar com o projecto mas não percebendo nada de planos de negócio decidiu pedir apoio a amigos de outras áreas.

Foi assim que se juntaram ao projecto, Filipe Paixão, de 27 anos e a terminar o doutoramento no Imperial College em Londres na área da gestão; Gonçalo Melo, 27 anos e com uma licenciatura em Gestão de Empresas e a terminar um MBA em Gestão; Raquel Reis, 27 anos e com uma licenciatura e Mestrado em Gestão de Empresas na área de Marketing e Sukalyan, um professor de 46 anos que veio da Índia para Portugal há quatro anos para trabalhar como docente universitário e como investigador na área da investigação em Biotecnologia.

Uma ideia duplamente premiada


"A ideia de formar uma empresa nasceu desta forma e num mês e meio colocámos de pé o projecto. Concorremos depois ao concurso com a 'Bioalvo', uma empresa de biotecnologia na área da saúde com uma forte vertente de investigação", lembra Helena Vieira.

E mesmo com tão pouco para a planear, a equipa saiu vencedora do concurso. "Foi este o grande impulso para pensarmos seriamente no que podíamos fazer com um negócio desta natureza", explica Filipe Paixão.

Na verdade, em Portugal são poucas as empresas que actuam nesta área de negócio e apesar de todos pensarem que seria mais viável no estrangeiro, a Bioalvo optou por Portugal, isto porque "além de termos mercado, sentimos um apoio enorme por parte das outras empresas instaladas, nunca pensámos que isso fosse acontecer", refere Gonçalo Melo.

Na verdade, a Bioalvo saiu ainda mais fortalecida quando concorreu ao Challenge Entreperneurs, do Imperial College de Londres e saíram premiados com mil libras.

A empresa tornou-se assim um verdadeiro motor de incentivo para toda a equipa. A missão de realizar em laboratório uma investigação de forma a criar medicamentos mais eficazes deixando de lado a química convencional e recorrer ao método biológico será uma das metas da Bioalvo. Mas não quer dizer com isso, que a empresa fique só por aqui.

Segundo Helena Vieira, a bioalvo não ficará estancada numa só área, poderá depois diversificar os seus serviços, "temos uma equipa variada nas suas competências e isso revela uma mais valia para expandirmos a nossa oferta de produtos".

É por esse motivo, que Helena e Filipe irão dedicar-se a 100% à Bioalvo quando regressarem de Londres. Para Gonçalo, Marta e Sukalyan que têm já as suas carreiras profissionais um pouco definidas, a Bioalvo foi um desafio que surgiu nos seus percursos profissionais e que poderá ser a alternativa das suas carreiras.

"É uma experiência que tem sido muito positiva, e para a qual estamos todos empenhados mas é difícil ficarmos todos a tempo inteiro na empresa. Talvez no futuro"
, refere Gonçalo.

Para já contam com um laboratório no Instituto Gulbenkian, onde Sukalyan desenvolve as suas investigações. Mas quando a empresa tiver o seu primeiro cliente passa para um laboratório do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET).

Mas a equipa da Bioalvo tem uma atitude positiva quanto ao negócio e acha que será uma empresa que conseguirá entrar no mercado, "porque não há muitas com este tipo de oferta", salienta Filipe Paixão.

Todos são peremptórios em afirmar que no nosso país não é difícil alguém tornar-se empreendedor. "Existem apoios e incentivos, é necessário saber procurá-los. Não há dificuldades, há sim oportunidades, o fundamental é saber agarrá-las", remata Helena Vieira.






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