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Marinha forma civis

08.04.2004


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Fernanda Pedro

A MARINHA portuguesa abre as suas portas à formação de civis. A par com o Instituto Hidrográfico que já recebe estagiários desde Janeiro de 2003, o Serviço de Informação e Relações Públicas do Gabinete do Chefe de Estado-Maior da Armada realizou um protocolo com a Escola Superior de Comunicação Social (ESCS) do Instituto Politécnico de Lisboa, no sentido de receber estagiários desta escola.


Numa iniciativa inovadora na Marinha, o Comandante Gouveia e Melo, responsável por este gabinete, decidiu, depois do acidente do "Prestige", que seria necessário dar uma resposta mais eficaz por parte da Marinha para exterior. Foi nesse sentido que realizou um protocolo com a ESCS a fim de admitir jovens estagiários.

"Acredito que quando duas instituições encontram interesses comuns, ambas irão beneficiar quer em termos científicos quer em termos práticos", revela o comandante.

De acordo com Gouveia e Melo, este protocolo vai muito além do simples estágio. "Ganhamos muito com a energia que trazem os recém-licenciados para projectos novos, mas vamos também apostar em estudos e trabalhos conjuntos de investigação", explica.

O acordo entre as duas instituições passa também pela possibilidade dos militares realizarem formação na ESCS, onde neste momento já se encontram três oficiais a frequentar uma pós-graduação em Gestão de Comunicação de Crises.

Existe também a possibilidade de os próprios professores da ESCS realizarem formação na Marinha. "Iremos ministrar cursos de liderança, em estratégia em defesa nacional e também formação para formadores", refere o comandante.

Para Gouveia e Melo, a experiência de trabalhar com estagiários superou as suas expectativas de uma forma positiva. "Os alunos estavam muito bem preparados e vieram enriquecer todo o nosso trabalho", salienta, sublinhando que esta iniciativa veio despertar a sensibilidade do chefe do Estado-Maior da Armada, o Almirante Francisco Vidal Abreu que já formulou o interesse em estender esta iniciativa a outras áreas da Marinha.

Se, para a Armada portuguesa esta experiência se revelou positiva, o mesmo aconteceu para os jovens que foram convidados a estagiar nesta instituição militar. Ricardo Serôdio de 24 anos e Susana Martins, de 22, ambos licenciados em Comunicação Empresarial na ESCS, foram os pioneiros nestes estágios.

Quando receberam a proposta em Outubro de 2003, não tiveram muito tempo para pensar no assunto, mas decidiram aceitar o desafio de imediato.

"Ainda nos passou pela cabeça que iríamos encontrar um sistema militar rígido mas afinal verificámos que se tratava de uma instituição aberta e flexível", lembra Ricardo.

A grande mais-valia desta experiência para os dois jovens foi a vantagem de trabalharem na área que estudaram e participarem activamente nas actividades da instituição militar, "onde o respeito e a valorização das nossas ideias e conhecimentos foi determinante para o sucesso da implantação do Plano de Comunicação da Marinha", refere Susana Martins.

Além da formação, os dois jovens tiveram ainda a possibilidade de enriquecer os seus currículos com um curso de liderança e com a participação em diversas actividades da Marinha, nomeadamente com o embarque num navio da armada.

Seis meses mais tarde foi a vez de Ana Serra e Liliana Teixeira, ambas com 22 anos, receberem o testemunho dos seus colegas. Ana, com uma licenciatura em Comunicação Empresarial e Liliana em Publicidade e Marketing, também sentiram alguma expectativa por realizarem um estágio numa instituição militar.

Também elas ficaram surpreendidas quando verificaram que o seu trabalho como estagiárias eram valorizado e apreciado. Neste momento, estão empenhadas em projectos para o dia da Marinha e para o portal da Armada.

Apesar de o estágio não ser remunerado, ambas se consideram surpreendentemente recompensadas. Talvez por isso tenham resolvido candidatar-se a um lugar na Marinha Portuguesa.





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