Ruben Eiras
A COMISSÃO Europeia prevê que até
ao final da presente década serão criados cerca de 700.000
novos empregos na área de I&D no espaço da UE. Para
colmatar a lacuna na oferta, uma das medidas preconizadas por aquele organismo
europeu é terminar com o monopólio das universidades na
produção de investigadores.
Com efeito, numa recente comunicação da Comissão
sobre esta matéria, são expressas dúvidas sobre
a capacidade do sistema universitário em satisfazer todas as
necessidades na procura de investigadores, dado que o tecido industrial
está a empregar profissionais desta área "sem
graus de doutoramento, porque consideram os investigadores doutorados
demasiado especializados".
Por isso, o documento sugere que a formação para a profissão
de investigador seja alargada a uma maior diversidade de carreiras.
Isto porque uma grande parte do esforço de I&D é cada
vez mais desenvolvida por instituições "não-académicas",
como empresas, organizações sem fins lucrativos e institutos
privados de investigação, por exemplo.
Todavia, a Comissão frisa que operar esta mudança não
será tarefa fácil, já que a maioria dos estudantes
formados para investigadores são-no numa perspectiva de exercer
a função somente "num ambiente académico".
Para inverter esta situação, a Comissão indica
que os programas de doutoramento deverão conter elementos que
aumentem a empregabilidade dos investigadores, ao incluir a formação
em competências-chave (técnicas e metodologias de investigação)
e as relacionadas com o mundo laboral, como a gestão de projectos
de investigação, as capacidades de comunicação,
o trabalho em equipa e as competências de "networking".
Aquele organismo sugere ainda que a reforma da formação
de investigadores seja tratada no âmbito do Processo de Bolonha,
o qual visa criar o Espaço Único para o Ensino Superior.
Para a Comissão, esta medida é um factor crucial para
o estabelecimento em 2010 de um Espaço Europeu de I&D.
Outro elemento essencial para a nova estrutura de formação
de investigadores é a qualidade do supervisor do projecto. O
documento da Comissão salienta que a qualidade do supervisor
é variável e que em alguns países os candidatos
a doutoramento não têm a possibilidade de mudar de supervisor
sem descontinuar o seu projecto de investigação.
Para ultrapassar este obstáculo, a Comissão avança
que deverá ser criado um comité específico que
apoie e assista um candidato a doutoramento quando surgir a necessidade
de mudar de supervisor.
Estágios na UE
A Comissão Europeia acabou de lançar um programa de estágios
internacionais para fomentar a mobilidade de investigadores dentro do
espaço da UE: o Marie Curie Actions.
As candidaturas estão abertas até Maio de 2004. Ao clicar
em http://www.europa.eu.int/comm/research/fp6/mariecurie-actions/home_en.html,
o cibernauta poderá aceder a toda informação sobre
este programa e verificar a sua elegibilidade para o mesmo.
Bolsa de Emprego
Outra medida lançada pela UE para incentivar a mobilidade laboral
dos profissionais de investigação no Velho Continente
é uma bolsa de emprego especializada para esta área, que
está disponível em http://europa.eu.int/eracareers/index_en.cfm.
O cibernauta pode encontrar oportunidades profissionais segmentadas
por nível nacional e internacional, suportadas por financiamento
comunitário e segundo a fase da carreira.