A turbulência económica recente da Europa não parece ter abalado a dinâmica das empresas familiares no velho continente, as portuguesas incluídas. O último Barómetro Europeu das Empresas Familiares, conduzido pela European Family Business (EFB) e pela consultora KPMG, junto de mil empresas familiares de 23 países da Europa, revela que apesar do lento crescimento económico e da incerteza, as empresas continuam confiantes e otimistas em relação ao futuro. Porém, as pessoas e a inovação estão, de forma crescente, entre os seus desafios estratégicos.
Em junho deste ano, altura da conclusão do Barómetro das Europeu das Empresas Familiares, os 14 milhões de empresas familiares existentes na Europa asseguravam mais de 60 milhões de empregos no sector privado. 54% das empresas inquiridas no estudo da EFB e da KPMG registavam um aumento no seu volume de negócios face ao ano anterior e 83% perspetivavam um crescimento mais expressivo no próximo ano. Ainda assim, e apesar do otimismo, as empresas que reconhecem a existência de fatores que dificultam o seu crescimento. “As maiores preocupações estão relacionadas com a capacidade de atrair e reter talento e com as incertezas de âmbito político”, conclui o estudo.
A batalha pela atração de novos talentos tem vindo a aumentar nos últimos três anos e ocupa agora, segundo os responsáveis pelo estudo, o primeiro lugar nas preocupações das organizações de carácter familiar. “A grande maioria das empresas está preocupada com a sua capacidade de vencer na ‘guerra de talentos’ existente, não só para recrutar os melhores quadros, como também para reter os seus talentos”, explica Vítor Cunha Ribeiro, partner da KPMG Portugal. Conscientes de que as pessoas e a inovação são desafios estratégicos para o crescimento futuro, as organizações atribuem uma relevância crescente a ambos os fatores no seu alinhamento estratégico e nas prioridades de investimento dos seus gestores.
Cerca de 47% assumem como prioridade investir em formação e novas contratações e 52% em novas tecnologias. Para o líder da KPMG Portugal, as empresas familiares estão na sua maioria a planear o futuro com o crescimento no topo da agenda. “Independentemente da estratégia seguida – crescimento das vendas, abertura a novos mercados, entre outros – os empresários estão a adotar medidas de forma a profissionalizarem cada vez mais as suas empresas”, explica o responsável. Para Vítor Cunha Ribeiro, “os donos e gestores das empresas familiares parecem ter encontrado as chaves para o sucesso: por um lado apostam ativamente nas estruturas tradicionais e na força das suas culturas, mas em paralelo estão a tomar medidas que visam aumentar a profissionalização das suas organizações”.
Um posicionamento a que os responsáveis políticos devem, na opinião do presidente da Associação das Empresas Familiares, Peter Vilax, responder com ferramentas de apoio. “As empresas familiares são um fator de estabilidade em contextos de incerteza e estão a fazer o que lhes compete para crescer e gerar emprego. Mas os responsáveis políticos europeus devem fazer a sua parte, contribuindo para que as empresas tenham condições adequadas para prosperar”, reforça.