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Há vida além da reforma

O empreendedorimos sénior tem adeptos entre os portugueses
12.07.2007


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Cátia Mateus
Portugal não é, tanto quanto seria desejável, um país de empreendedores. A aversão ao risco e o medo do fracasso limitam em larga escala a iniciativa empresarial nacional. Mas para os que chegam à idade da reforma e mantêm a vontade de permanecer activos, a criação de empresas parece ser uma boa opção. Os números confirmam-no. De acordo com um relatório do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI) 2,9% dos empreendedores nacionais são reformados e 1,6% já havia ultrapassado a barreira dos 65 anos na altura da criação da empresa.

A percentagem de empreendedores seniores no país ainda não é suficiente para contrastar com o perfil predominante entre os que criam novas empresas no país. A maioria dos empreendedores nacionais são jovens, com idade que ronda os 35 anos, mas a tendência crescente de criação de empresas por pessoas que já ultrapassaram a fasquia dos 65 anos abre novas possibilidade no panorama da iniciativa nacional. O mais sénior dos empresários inquiridos pelo IAPMEI neste inquérito somava 78 anos de idade.

O facto tem tanto de curioso como de motivador para as classes mais jovens, mas para o instituto a explicação é simples: “Entre estes empreendedores, a criação de empresas surge como uma forma de se manterem activos, contrariamente aos jovens cuja principal motivação é alcançar uma estabilidade económica e inovar”.

António Fonseca personifica a imagem do empresário sénior. Aos 65 anos investiu as suas economias na criação de um negócio familiar. Transformou a propriedade da família na região de Viseu numa unidade de turismo de habitação e deixou a capital do país para gerir de perto o seu negócio. O empresário confessa que sempre teve vontade de ter a sua própria empresa não nega que “o receio de arriscar fez com que a maioria destes empreendedores não desse esse passo antes”.

Para António, o empreendedorismo sénior tem inúmeras vantagens. O empreendedor acredita que “mentalmente estamos mais focados no negócio nesta idade porque a nossa preocupação deixa de ser apenas a rentabilidade. Temos a vida estabilizada, não estamos em altura de realizar grandes investimentos como comprar a primeira casa e economicamente temos capacidade de investimento o que é uma vantagem face aos mais jovens”.

António criou a sua empresa porque não se imaginava em casa, parado, sem nada para fazer. Nunca tinha tido nenhuma experiência empresarial anterior, mas aceitou o desafio do risco e provou a si mesmo que há vida além da reforma. Um caminho que aconselha a todos. A bem da vida pessoal e da economia do país, “já que para os mais jovens as dificuldades de lançar um projecto próprio são ainda muitas”, lamenta.





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