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Executivos de topo em alta pressão

Os mercados competitivos estão a gerar um ambiente empresarial de cortar à faca. A pressão é grande e incide particularmente sobre o principal responsável pelos destinos da organização: o CEO
12.07.2007


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Marisa Antunes
Estar entre os melhores do mundo empresarial e manter-se no topo durante muito tempo não é tarefa fácil. Um estudo elaborado pela Booz Allen, uma empresa de consultoria norte-americana, junto das 2500 maiores empresas a nível mundial revelou que a rotatividade dos CEO (Chief Executive Officers) está cada vez mais acelerada: só em 2006, 357 CEO (14.3%) saíram dos seus escritórios. Um em cada três saiu involuntariamente. Uma dança das cadeiras bem mais agitada quando se compara com o cenário de há uma década: em 1995, apenas um em cada oito era forçado a abandonar o seu cargo.

“O mercado de capitais tornou o ambiente empresarial mais competitivo. Agora há menos tolerância com os resultados abaixo da média e que saem fora do que era expectável”, explica Fernando Neves de Almeida, especialista em gestão de recursos humanos e presidente-executivo da Boyden, empresa de «executive search».

Os conflitos internos têm uma importância crescente, como revela o estudo, tendo o número de CEO a abandonar o seu cargo por incompatibilidades com a administração disparado dos 2% em 1995 para os actuais 11% em 2006.

“É fundamental que exista sintonia estratégica entre o CEO e o conselho de administração”, reforça Fernando de Almeida. Isto porque, como se apurou, a capacidade de visão empresarial é a principal garantia de sobrevivência do presidente do conselho de administração. Na América do Norte, por exemplo, muitos executivos de topo que alcançaram rendibilidades acima da média para os seus investidores foram, ainda assim, forçados a sair em 2006 por não reunirem as capacidades desejadas por administrações preocupadas em ter vozes mais fortes para desenvolver a estratégia empresarial. Mas não só: os membros do conselho querem também ter voz activa no destino da organização.

Tendências que, a uma escala menor, também se verificam em Portugal, como sublinha o especialista. “Muitos CEO nacionais são contratados apenas para fazer um mandato. Uma vez atingidos os objectivos estratégicos para que foram propostos, são dispensados. Um bom exemplo são as escolhas de administradores especificamente adequados às fusões”, realça.

Aliás, segundo o estudo, 22% de todas as saídas dos CEO das 2500 maiores empresas cotadas em 2006 foram resultado de operações de fusão e aquisição (F&A), com maior incidência destas actividades na América do Norte e na Europa.

Outro dado a destacar mostra que os presidentes dos conselhos de administração na Europa são muito mais pressionados que os seus congéneres americanos ou asiáticos. Enquanto que, em média, os executivos europeus se mantêm no topo pouco mais que cinco anos, os americanos e os asiáticos conseguem chegar aos nove anos de antiguidade na empresa.





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