Cátia Mateus/Fernanda Pedro e Maribela Freitas
COM 20 milhões de euros e quatro eixos de acção
o Governo propõe-se combater o desemprego que grassa no distrito
do Porto. Os números não são exactos, mas estima-se
que na região existam cerca de 100 mil desempregados.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE),
no primeiro trimestre do corrente ano o volume de desemprego na região
norte rondava os 7,1%.
Um crescimento na ordem dos 3,3 pontos percentuais face a igual período
do ano anterior, para o qual terão contribuído não
só as sucessivas falências registadas a norte, como também
a desfavorável conjuntura económica que continua a afectar
o país.
Para o executivo de Durão Barroso, a solução passa
por apoiar o investimento e a criação de emprego, fomentar
os pequenos negócios com recurso ao microcrédito, conceder
apoio de consultoria às pequenas empresas e apostar na promoção
da qualificação e do emprego. Um pacote de medidas temporárias
que deverá funcionar a par do Programa Nacional de Emprego e Protecção
Social, já em vigor.
O plano agora apresentado é uma tentativa por parte do Governo
de trazer de volta ao Porto a competitividade que perdeu nos últimos
anos, mas a estratégia utilizada não reúne consenso.
Na realidade, até os trabalhadores têm pouca esperança
nos resultados que o novo plano irá gerar.
Para Paula Bernardo, coordenadora do gabinete técnico da União
Geral de Trabalhadores (UGT), "a proposta do governo é
positiva mas insuficiente porque se está a combater o desemprego
com medidas conjunturais, sem atacar as questões estruturais".
A sindicalista refere que "as acções agora apresentadas,
além de tardias, não são inovadoras".
Também para o PCP o Conselho de Ministros não trouxe medidas
eficazes de combate ao desemprego na região do grande Porto.
Em declarações à agência Lusa e pronunciando-se
sobre esta questão, o PCP defendeu que as acções
anunciadas já constavam de programas existentes e os 20 milhões
de euros atribuídos "são insuficientes face à
gravidade da situação".
O Bloco de Esquerda vai mais longe. Em comunicado, o BE apelida de "simulação
de combate ao desemprego" as medidas anunciadas pelo executivo
mostrando pouca esperança nos seus resultados práticos.
Todavia, as medidas apresentadas parecem agradar aos jovens empresários.
Armindo Monteiro, presidente da Associação Nacional de Jovens
Empresários (ANJE), não esconde que o montante atribuído
ao distrito é insuficiente, mas adianta que o facto de se olhar
o problema de frente já é um bom princípio.
Ainda assim, defende que o problema não terá solução
enquanto o país não enraizar outra postura. "Portugal
não pode continuar a agir ao nível da 'terapia' mas sim
centrar o seus esforços na 'profilaxia'", explica. Ou
seja, dar prioridade à prevenção e não à
cura.