Existe uma quinta no Minho que pertence à família e grande parte das pessoas com que convivem, queixavam-se da qualidade de alguns produtos alimentares consumidos na capital. Com base nestas vivências, em março do ano passado os empreendedores avançaram com um negócio próprio, onde os legumes e a fruta são reis. Criaram uma empresa que prepara cabazes de frescos e entregam-nos em casa das pessoas e no seu local de trabalho.
Carlos Seixas trabalhou durante anos como jornalista até que em 2011 deixou esta atividade. “Estava desempregado e a pensar no que é que poderia vir a fazer. Os meus sogros têm uma quinta no Minho e temos uma ligação muito emocional com a terra”, conta. Depois deram-se uma série de coincidências na vida do casal. Num jantar com amigos estes queixavam-se da qualidade do pão. Surgiu então a ideia de criarem uma empresa que comercializasse legumes e frutas, a um preço razoável, a que poderiam adicionar outros produtos como pão ou compotas. Para já apenas Carlos Seixas trabalha no negócio, uma vez que Tatiana Alegria dos Reis trabalha numa empresa de gestão de eventos.
“Estamos em crise, mas há um mercado de pessoas que querem comer frutas e legumes frescos, bons e portugueses, da época. Pensámos logo num preço razoável, cada cabaz custa 13 euros e entregamos em casa e no local de trabalho”, explica Tatiana Alegria dos Reis. Este último aspeto da entrega é para os empreendedores um fator que os diferencia no mercado. “Moramos em Lisboa, numa casa sem garagem e sabemos a benesse que é ir entregar os produtos a casa”, acrescenta Tatiana Alegria dos Reis.
O Mercado Saloio trabalha com produtores locais da zona saloia e entrega os cabazes às terças, quartas e sextas, nos concelhos de Lisboa, Amadora, Sintra, Cascais e Oeiras. “É importante encontrar bons fornecedores, é uma garantia que vai sair bem”, referem os empreendedores. Na manhã do dia de entregas recolhem os produtos e começam as entregas à tarde e prologam-nas até as dez horas da noite. Para além dos frescos, os clientes podem comprar extra cabaz produtos como pão, mel, queijo, entre outros.
Desde cedo estes empreendedores perceberam a força que as redes sociais poderiam trazer ao seu projeto. “Todo o nosso negócio está construído à volta das redes sociais e a nossa montra é virtual”, conta Carlos Seixas. No blogue que possuem revelam os produtos do cabaz da semana. Publicam ainda dicas e receitas envolvendo os produtos que vendem. Têm também página no facebook. Apesar desses interfaces impessoais, o contacto com Carlos Seixas que faz as entregas, aproxima os clientes do negócio. “É quase como um clube que gosta de ser surpreendido pelo que o merceeiro leva”, revelam. Por semana entregam em média entre 60 a 70 cabazes.
Antes de avançarem com o negócio não fizeram qualquer estudo de mercado e quanto ao investimento, este foi reduzido ao mínimo. O capital da empresa é 500 euros e tiveram de registar a marca, comprar um computador, telemóvel e trocaram o carro por uma carrinha de entregas. Ao fim de um ano de laboração não dão o seu tempo por mal entregue. Consideram que “toda a gente come frutas e vegetais e como tal o mercado nesta área é grande”. E os tempos de austeridade que se vivem também ajudam o negócio. “Vivemos tempos de austeridade, de autenticidade e de não jantar fora. O nosso produto é português e representa o regresso à agricultura. É um negócio que está um pouco na moda e vai de encontro às preocupações das pessoas”, finalizam os empreendedores.