Cátia Mateus
A MAIORIA das empresas portuguesas (67%) aposta na formação
e no desenvolvimento profissional para reter os seus trabalhadores.
A conclusão é avançada pela empresa Executive
Search MRI WorldWide e tem por base o "Hiring Survey 2003",
um estudo realizado nos vários países onde a multinacional
se encontra representada.
Segundo o mesmo documento, os incentivos e os sistemas de
recompensa são a segunda "estratégia" mais utilizada
pelas empresas portuguesas e apenas em terceiro lugar do "ranking"
das formas de retenção de colaboradores surgem o bom ambiente
de trabalho e o salário, com 45% e 42% das empresas a apostarem
nestes factores.
Mas para Ana Luísa Teixeira, "managing partner" da MRI
WorldWide para Portugal, apesar da formação e os sistemas
de recompensa serem para as empresas nacionais duas importantes ferramentas
na retenção de colaboradores, "há outras
formas de retenção e motivação das pessoas
que vão além das recompensas materiais".
A responsável cita como exemplos o envolvimento dos funcionários
nas decisões, a sua responsabilização e o aumento
da autonomia no posto de trabalho.
Embora em Portugal estas ideias só agora começem a ganhar
força, as empresas nacionais não estão apenas vocacionadas
para os benefícios materiais. Na realidade, 65% das organizações
inquiridas no estudo confirmaram oferecer aos seus funcionários
seguros de saúde e formação contínua como
"complementos" à remuneração.
Os bónus em função do desempenho são adoptados
por 63% das empresas, enquanto 55% das firmas nacionais preferem complementar
o salário dos seus colaboradores com outros benefícios relacionados
com a saúde.
São 53% as empresas que garantem uma viatura de serviço
aos seus funcionários e só 30% afirmam favorecer a presença
em conferências.
Os dados do inquérito realizado em Portugal revelam ainda que há
mesmo organizações que optam por beneficiar os seus trabalhadores
assegurando as despesas com seguros de viaturas (22%), fornecendo descontos
em produtos ou serviços (18%) ou promovendo o aconselhamento dos
trabalhadores no que respeita ao planeamento das suas carreiras (11%).
As empresas que apostam nas "share options" como benefício
não atingem os 10%.
Benefícios sem escolha possível
E apesar do leque de benefícios adoptados ser vasto, a verdade
é que aos beneficiários não é permitido optar
pela "oferta" mais vantajosa para eles. A flexibilidade na escolha
dos benefícios é negada ao funcionário por 58% das
empresas inquiridas e apenas 42% das firmas concedem a liberdade de escolha
aos trabalhadores.
Uma estratégia que segundo Ana Luísa Teixeira deveria ganhar
mais adeptos já que "cada ser humano é único
e com pontos de interesse particulares". A responsável
acredita que "por razões de equidade podemos traduzir os
benefícios em valor, sendo que com o mesmo investimento é
possível à empresa construir pacotes motivacionais personalizados".
Ana Luísa Teixeira não tem dúvidas em afirmar que
"o ideal é que a esta flexibilidade se estenda a toda a
organização, mas caso não seja possível -
nomeadamente nas empresas de grande dimensão - pode definir-se
um grupo-alvo que seja a chave para o negócio, ao qual se oferecem
soluções costumizadas, à medida das suas necessidades
e motivações".
O "Hiring Survey" foi realizado durante o mês de Outubro
de 2002 e os seus resultados têm vindo a ser divulgados, por temas,
pela MRI.
Ao todo foram inquiridas 428 empresas a operar em Portugal, distribuídas
pelos sectores mais importantes da economia nacional: Tecnologias Multimédia
e Telecomunicações (TMT); Seguros; Turismo; "Franchising";
Farmacêutico, Hospitalar e Cuidados de Saúde; Grande Consumo;
Publicidade; Distribuição e Logística; Indústria;
Construção Civil e Obras Públicas e Financeiro.
Trata-se de um inquérito cujo objectivo é divulgar por antecipação
as intenções de contratação dos empresários
em matéria de empregabilidade e gestão de recursos humanos
nas organizações.
A MRI efectua esta pesquisa com uma periodicidade semestral há
mais de 20 anos em todos os seus escritórios espalhados pelo mundo.
Globalmente são inquiridos pelo "Hiring Survey" 15 países
e 1660 pessoas.
A curto prazo serão divulgadas as estratégias nacionais
no que respeita à política de teletrabalho e contratação
em geral.