Maribela Freitas
PARA dar largas à sua paixão pelo vinho e pela região
do Douro, onde cresceu, José Carlos Monteiro Pinto resolveu em
1998 constituir uma empresa dedicada à produção do
néctar dos deuses.
Tinha então 30 anos e o sonho de ter um projecto
só seu. Hoje essa é uma realidade e a empresa que criou
carrega o seu nome, gere 22 hectares de vinha e tem como objectivo atingir
a venda de 300 mil garrafas durante este ano.
"Só com uma grande paixão pelo vinho, por aquilo
que ele representa, à mistura com uma enorme capacidade de sacrifício
e dedicação é que é possível ser bem
sucedido nesta área", revela José Carlos Monteiro
Pinto.
Além disso considera que "este é um negócio
rentável a médio prazo mas é necessário paciência
para o cimentar, aferir constantemente a estratégia empresarial
e estar muito atento ao mercado".
No caso deste empreendedor, a história da sua empresa começou
primeiro pelo gosto do trabalho nesta área e só depois pela
estratégia. Com uma formação superior em engenharia
agrícola, aos 25 anos José Carlos Monteiro Pinto juntou-se
com uns amigos e criou um primeiro negócio.
Cinco anos mais tarde, deixou esse projecto, repensou a sua vida e verificou
que tinha outras ambições. "Cheguei a uma altura
em que queria dar uma volta à minha vida, pois estava a entrar
em rotina. Como cresci no meio do Douro e tenho o gosto pela terra e além
disso adoro desafios, pensei em seguir a área da produção
de vinhos", explica José Carlos Monteiro Pinto.
Começou por pedir umas amostras de vinho a um amigo e foi para
o mercado, com o intuito de realizar capital para investir. Nessas suas
deambulações encontrou uma empresa distribuidora que acreditou
no seu sonho e lhe pagou antecipadamente parte do vinho que iria produzir.
"Foi nesta altura que criei a empresa, vendi tudo o que tinha para
arranjar capital e comecei pela produção numa antiga quinta
da família", revela o empreendedor.
Foi bem sucedido no seu esforço e produziu o seu primeiro vinho,
o Capela Mor. Tudo isto aconteceu na região do Douro, em Loureiro,
no concelho de Peso da Régua onde ainda hoje produz o seu vinho.
"Desde esses primeiros tempos as coisas correram bem e fui crescendo
mas sempre numa perspectiva de médio, longo prazo. Esta é
uma área de negócio que necessita de muito investimento
e é preciso coragem para avançar", salienta José
Carlos Monteiro Pinto.
Ao fim de dois anos de trabalho na sua empresa, este empreendedor
foi convidado para exercer funções no Grupo Amorim. Até
Setembro de 2002 conciliou uma actividade profissional com a empresarial.
José Carlos Monteiro Pinto confessa ainda que deixou o Grupo Amorim
porque "o projecto em que estava envolvido estava concluído
e queria voltar a fazer aquilo que me dava gozo, ou seja, dedicar-me apenas
à minha empresa".
Adquiriu mais uma quinta no Douro para a produção de vinho,
gere actualmente 22 hectares de vinha, produz cinco vinhos diferentes
- de entre os mais conhecidos o "Ferrugento", "Capela Mor"
ou "Quinta de Estremadouro" -, criou oito postos de trabalho
e no ano passado facturou 650 mil euros.
Para este ano o empreendedor afirma querer gerir entre 250
a 300 mil garrafas e sua lógica de mercado é apostar numa
gama média elevada, elaborar uma estratégia de consolidação
de marca no mercado e apostar numa relação cada vez mais
próxima com o consumidor.
Para isso desenvolveu um sítio na Internet (http://www.capelamor.pt)
onde "revela" os segredos dos seus vinhos e a partir de Março
vai desenvolver um serviço de garrafeira onde "as pessoas
compram o vinho, não o levam para casa e desde que nos avisem com
um ou dois dias de antecedência, entregamos as garrafas na casa
do consumidor", explica José Carlos Monteiro Pinto.
Neste como em muitos negócios o investimento efectuado ainda não
foi recuperado, mais ainda quando José Carlos Monteiro Pinto revela
que "acabo por investir 100% do que a empresa me dá. Até
agora já apliquei dois milhões de euros e um projecto precisa
em média de quatro ou cinco anos para que o investimento seja recuperado".
Se existem segredos para que um negócio seja bem sucedido, José
Carlos Monteiro Pinto aponta a "dedicação total".
Neste momento o empreendedor explica que o seu negócio está
numa fase de afirmação, por isso optou por não crescer
mais mas sim consolidar a sua posição no mercado.