Ruben Eiras
O empreendedorismo será leccionado
em todos os cursos da Universidade de Évora a partir do próximo
ano lectivo. Esta reforma curricular decorre da reestruturação
que está a ser levada a cabo na licenciatura em gestão ministrada
naquela instituição de ensino superior
"O nosso objectivo é fomentar nos estudantes o espírito
da criação do seu próprio emprego e a sua independência
laboral", refere António Serrano, presidente do Departamento
de Gestão daquela universidade.
Segundo este responsável, a futura
disciplina de empreendedorismo fará parte integrante do currículo
do quarto ano do curso de gestão, mas também será
ministrada de forma livre a todos os alunos da universidade eborense.
António Serrano defende que este esquema de ensino aumentará
o potencial de sinergias criativas entre várias áreas de
conhecimento. "Por exemplo, se um aluno de biologia tiver uma
boa ideia de negócio, não só aprende como criar uma
empresa, mas também poderá conhecer um estudante de gestão
que lhe poderá ser valioso na concretização do projecto",
exemolifica.
Para o efeito, os alunos poderão aceder a um laboratório
informático artilhado com o mais recente "software" de
gestão direccionado para o ensino do empreendedorismo, a saber,
o Navision (uma aplicação de Entreprise Resource Planning)
e uma solução integrada de contabilidade e gestão
disponibilizada pela Primavera Software.
Além desta mudança, os alunos de gestão da Universidade
de Évora passam a ter que realizar obrigatoriamente um estágio
de natureza empresarial. Este durará cerca de um semestre, no qual
o estudante será orientado por um tutor da empresa e outro designado
pela universidade. "Isto garante uma maior aproximação
ao mercado do trabalho, porque a empresa poderá transmitir com
mais clareza as lacunas de formação que o aluno poderá
ter para nós as corrigirmos, e assim aumentar a sua possibilidade
de ser contratado", argumenta António Serrano.
Os alunos de gestão de Évora também possuem outra
mais-valia no mercado de trabalho: o acesso directo à carreira
de Técnico Oficial de Contas. Segundo António Serrano, este
é mais um garante para os recém-icenciados criarem o seu
posto de trabalho.
Outra reforma de fundo na estrutura da licenciatura é a introdução
do sistema ECTS, que mede e contabiliza o esforço dispendido pelo
aluno. Este novo procedimento foi criado no Processo de Bolonha, uma iniciativa
da Comissão Europeia com vista à criação do
espaço único europeu de ensino superior.
Neste novo sistema de avaliação, além
dos créditos obtidos pelas cadeiras concluídas, também
contas as horas de auto-estudo e as actividades de formação
realizadas pelo aluno.A comunicação e orientação
do ensino através do «e-learning» é outra das
componentes valorizadas no sistema promovido pelo Processo de Bolonha.
«As universidades portuguesas não estão
muito atentas a esta mudança. Mas quem a fizer primeiro, vai ganhar
competitividade», conclui confiante António Serrano.