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Empresas portuguesas já têm dificuldade em recrutar nas TI

Empresas portuguesas já têm dificuldade em recrutar nas TI

É  o sector mais dinâmico nas contratações nacionais, conseguindo contrariar a escalada constante do desemprego e ostentando taxas de empregabilidade muito próximas dos 100%. Nas Tecnologias de Informação a crise sente-se de outra forma. São os empregadores que têm dificuldade de contratar os recursos adequados. A fuga de talento para o estrangeiro, a crescente exigência dos requisitos associados a cada função e a insuficiência de profissionais que saem das universidades estão gerar escassez de profissionais qualificados em TI, em Portugal.

17.05.2013 | Por Cátia Mateus


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Para 78% dos empregadores nacionais que operam no sector das Tecnologias de Informação (TI), o mercado português tem escassez de profissionais qualificados na área. O número é avançado pela consultora de recrutamento e seleção Hays Recruiting Experts, tendo como base um inquérito realizado junto de 700 profissionais e 70 líderes empresariais nacionais, a que o Expresso Emprego teve acesso em exclusivo. Célia Silva, consultora da Hays especializada no mercado das TI, explica que “esta é uma área de pleno emprego em Portugal, onde as empresas são cada vez mais exigentes nos perfis que recrutam, procurando sobretudo profissionais operacionais, com dois a cinco anos de experiência, capazes de chegar e produzir de imediato”. Um perfil que, reconhece, é cada vez mais difícil de encontrar disponível em Portugal.

A inexperiência dos profissionais disponíveis é a grande dificuldade apontadas pelas empresas de Tecnologias de Informação no momento de recrutar. Para 58% dos recrutadores inquiridos no estudo da Hays, “os profissionais disponíveis no mercado não tem experiência suficiente” para os requisitos da função. Poder-se-á dizer que os melhores profissionais estão integrados em projetos suficientemente aliciantes para os reter ou que apostaram em carreiras internacionais, factor também apontado como entrave nas novas contratações por 56% dos líderes empresariais. Mas, o estudo não descarta ainda uma outra hipótese: a da desadequação dos cursos superiores em relação às necessidades das empresas, factor que 42% dos recrutadores considera ter um impacto fortemente negativo na missão de contratar os profissionais certos.

Célia Silva reconhece que a emigração de talentos altamente qualificados nas áreas das TI começa a ter um impacto significativo no mercado nacional, mas enfatiza que “há em Portugal excelentes exemplos de empresas de TI dinâmicas e com projetos altamente aliciantes, sob o ponto de vista da progressão na carreira”. Já no que respeita à formação universitária, o relatório da Hays permite concluir que só 20% dos recrutadores considera que as universidades portuguesas não estão a formar alunos suficientes. Razão pela qual, o problema parece estar, segundo o estudo, “não na quantidade dos alunos formados, mas na qualidade” com um número significativo de empresas a dizerem que “os cursos superiores de TI não se adequam às necessidades das organizações e dos negócios”.

Analistas programadores (38%), programadores (29%), gestores de projeto (22%), arquitetos de soluções (21%), administradores de bases de dados (17%), administradores de sistemas (17%) e business developers (17%), são para os recrutadores os perfis mais difíceis de identificar ou recrutar atualmente. Célia Silva, reforça que as empresas tem vindo a assumir um nível crescente de exigência nas novas contratações, procurando profissionais com forte operacionalidade, capazes de gerar resultados logo após a integração e alguma experiência profissional na função, para além da excelência no desempenho.

Entre as características mais valorizadas pelos empregadores estão a proatividade (74%), a capacidade de trabalho (66%), as competências técnicas (66%), autonomia (58%), apetência para trabalhar em equipa (52%), orientação para cliente (46%) e para objetivos (42%), entre outros factores. Contudo, o relatório destaca um evidente desequilíbrio “entre aquilo que os empregadores procuram e aquilo que os candidatos afirmam poder oferecer”. A proatividade é um dos exemplos mais flagrantes: a grande maioria dos empregadores (74%) valoriza profissionais proativos, mas apenas cerca de metade (47%) dos profissionais inquiridos se identifica com esta soft skill. Uma discrepância que se estende a outras características como as competências técnicas, capacidade de trabalho, autonomia, orientação para o cliente, apetência para trabalhar em equipa e capacidade de comunicação, todas com maior incidência do lado das ofertas do que do lado dos candidatos. Por outro lado, as competências de liderança, organização e negociação, que os candidatos consideram altamente relevantes, não figuram entre os principais requisitos dos empregadores.

Em matéria de hardskills, quem recruta procura candidatos com conhecimentos em Java (42%), Java script (42%), HTML5 (38%), PL/SQL (34%), jQuery (30%), IOS (26%), Android (26%), PHP (26%), ASP.NET (26%) e ABAP (24%). Segundo o relatório da Hays, 86% das empresas de TI a operar em Portugal consideram reforçar as suas equipas ainda este ano. Um dados que é revelador de que o mercado das TI se encontra em contraciclo. Os programadores (42%),, analistas-programadores (34%), consultores funcionais (16%), business developers (14%), consultores BI (14%), consultores ERP (14%), gestores de projetos (14%), administradores de sistemas (12%) e administradores de bases de dados (10%), absorverão os maiores esforços de contratação das tecnológicas este ano, segundo a Hays. Do lado dos candidatos, 70% consideram, segundo a consultora, a hipótese de mudar de emprego ainda este ano.



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