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Empreender com tradição

02.04.2004


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Cátia Mateus e Maribela Freitas

AS INICIATIVAS de fomento ao espírito empreendedor nacional são cada vez em maior número e em sectores diversificados. Das novas tecnologias às áreas mais tradicionais como o comércio e agricultura, a palavra de ordem é empreender. Neste contexto, são várias as estruturas que auxiliam os potenciais empresários a concretizar as suas ideias de negócio. Da formação à consultoria e apoio técnico, há de tudo para que a ideia de criar um negócio não morra à nascença.


O comércio é um dos sectores de actividade que entendeu a importância de formar e prestar apoio aos seus empresários. Neste âmbito, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), em parceria com a Direcção-geral da Empresa (DGE) do Ministério da Economia, lançaram recentemente o Gabinete de Apoio aos Novos Empresários do Comércio (Ganec).

"Há já alguns anos que a CCP queria criar uma estrutura como esta, à semelhança do que se passa noutros países europeus. É que, a taxa de mortalidade na infância das empresas é enorme e o nosso objectivo é acabar com esses números", explica Sandra Pina, técnica do Ganec.

Este gabinete engloba três serviços que incluem: informação, formação profissional e aconselhamento técnico. No primeiro campo é prestada informação variada que vai desde a parte burocrática da constituição de uma empresa até aos passos a dar para conseguir apoios financeiros que possam suportar a ideia dos empreendedores comerciais.

Ao nível da formação são abrangidas matérias relacionadas com o comércio, como "merchandising" ou o atendimento ao público. O gabinete presta ainda aconselhamento técnico através da sua bolsa de consultores que avalia a viabilidade do negócio.

O Ganec conta com dois gabinetes em Lisboa - um nas instalações da CCP e outro na sede da DGE - e um gabinete nas cidades do Porto, Viseu, Évora e Faro.

Com a duração prevista de dois anos, esta iniciativa-piloto está orçada em 1,2 milhões de euros, comparticipados a 75% pelo Programa de Investimentos para a Modernização da Economia (PRIME) do III Quadro Comunitário de Apoio e a 25% pela CCP.

E se o comércio é um sector a necessitar de formação, a agricultura é um mundo a explorar a nível empresarial. A pensar nas inúmeras oportunidades de negócio que este sector é capaz de gerar, a Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), em parceria com o Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pesca e com a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), criou o programa Jovens Empresários Agrícolas de Elevado Potencial (JEAEP).

De acordo com Carlos Freitas, responsável pelo departamento de Formação e Ensino da ANJE, "esta iniciativa assume-se como o alargamento de um programa de formação de grande sucesso - o Jovens Empresários de Elevado potencial (JEEP) - ao sector agrícola".

A iniciativa servirá não só para dar aos formandos um vasto leque de ferramentas essenciais ao dia-a-dia de uma empresa agrícola, como também para apoiar os empreendedores na consolidação das suas ideias de negócio.

Para o responsável, trata-se de formar os profissionais ligados ao sector agrícola e os potenciais empresários em vários domínios - iniciativa empresarial, como gestão, "marketing", investimento, plano de negócios, estratégia agro-alimentar, comportamento e até desenvolvimento pessoal - "levando o formando a encarar a exploração agrícola como um projecto empresarial".

A formação decorre até Maio e, segundo Carlos Freitas, tem tido uma grande adesão entre os profissionais do sector agrícola. O responsável adianta que "dos 90 candidatos que recebemos, a maioria tem licenciatura nesta área e encontra-se na fase de decisão: não sabe se dá continuidade ao negócio de família ou se abandona a actividade agrícola".

Um abandono que a ANJE quer ajudar a travar já que "o sector agrícola nacional tem imenso potencial. O fundamental é que se entenda a agricultura como uma actividade empresarial e não como uma área menor, eternamente dependente de subsídios", frisa.

Para Carlos Freitas "é essencial apoiar uma mudança de mentalidade neste campo e fomentar projectos empresariais e empresários com visão e estratégia de mercado".





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