Cátia Mateus e Maribela Freitas
AS INICIATIVAS de fomento ao espírito empreendedor
nacional são cada vez em maior número e em sectores diversificados.
Das novas tecnologias às áreas mais tradicionais como o
comércio e agricultura, a palavra de ordem é empreender.
Neste contexto, são várias as estruturas que auxiliam os
potenciais empresários a concretizar as suas ideias de negócio.
Da formação à consultoria e apoio técnico,
há de tudo para que a ideia de criar um negócio não
morra à nascença.
O comércio é um dos sectores de actividade que entendeu
a importância de formar e prestar apoio aos seus empresários.
Neste âmbito, a Confederação do Comércio
e Serviços de Portugal (CCP), em parceria com a Direcção-geral
da Empresa (DGE) do Ministério da Economia, lançaram recentemente
o Gabinete de Apoio aos Novos Empresários do Comércio
(Ganec).
"Há já alguns anos que a CCP queria criar uma
estrutura como esta, à semelhança do que se passa noutros
países europeus. É que, a taxa de mortalidade na infância
das empresas é enorme e o nosso objectivo é acabar com
esses números", explica Sandra Pina, técnica
do Ganec.
Este gabinete engloba três serviços que incluem: informação,
formação profissional e aconselhamento técnico.
No primeiro campo é prestada informação variada
que vai desde a parte burocrática da constituição
de uma empresa até aos passos a dar para conseguir apoios financeiros
que possam suportar a ideia dos empreendedores comerciais.
Ao nível da formação são abrangidas matérias
relacionadas com o comércio, como "merchandising" ou
o atendimento ao público. O gabinete presta ainda aconselhamento
técnico através da sua bolsa de consultores que avalia
a viabilidade do negócio.
O Ganec conta com dois gabinetes em Lisboa - um nas instalações
da CCP e outro na sede da DGE - e um gabinete nas cidades do Porto,
Viseu, Évora e Faro.
Com a duração prevista de dois anos, esta iniciativa-piloto
está orçada em 1,2 milhões de euros, comparticipados
a 75% pelo Programa de Investimentos para a Modernização
da Economia (PRIME) do III Quadro Comunitário de Apoio e a 25%
pela CCP.
E se o comércio é um sector a necessitar de formação,
a agricultura é um mundo a explorar a nível empresarial.
A pensar nas inúmeras oportunidades de negócio que este
sector é capaz de gerar, a Associação Nacional
de Jovens Empresários (ANJE), em parceria com o Ministério
da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pesca e com a Associação
dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), criou o programa Jovens
Empresários Agrícolas de Elevado Potencial (JEAEP).
De acordo com Carlos Freitas, responsável pelo departamento de
Formação e Ensino da ANJE, "esta iniciativa assume-se
como o alargamento de um programa de formação de grande
sucesso - o Jovens Empresários de Elevado potencial (JEEP) -
ao sector agrícola".
A iniciativa servirá não só para dar aos formandos
um vasto leque de ferramentas essenciais ao dia-a-dia de uma empresa
agrícola, como também para apoiar os empreendedores na
consolidação das suas ideias de negócio.
Para o responsável, trata-se de formar os profissionais ligados
ao sector agrícola e os potenciais empresários em vários
domínios - iniciativa empresarial, como gestão, "marketing",
investimento, plano de negócios, estratégia agro-alimentar,
comportamento e até desenvolvimento pessoal - "levando
o formando a encarar a exploração agrícola como
um projecto empresarial".
A formação decorre até Maio e, segundo Carlos Freitas,
tem tido uma grande adesão entre os profissionais do sector agrícola.
O responsável adianta que "dos 90 candidatos que recebemos,
a maioria tem licenciatura nesta área e encontra-se na fase de
decisão: não sabe se dá continuidade ao negócio
de família ou se abandona a actividade agrícola".
Um abandono que a ANJE quer ajudar a travar já que "o
sector agrícola nacional tem imenso potencial. O fundamental
é que se entenda a agricultura como uma actividade empresarial
e não como uma área menor, eternamente dependente de subsídios",
frisa.
Para Carlos Freitas "é essencial apoiar uma mudança
de mentalidade neste campo e fomentar projectos empresariais e empresários
com visão e estratégia de mercado".