Ruben Eiras
OS PORTUGUESES são o povo da UE com maior propensão
para optar pelo empreendedorismo como via profissional, ultrapassando
mesmo o grau de preferência dos americanos. Este é um dos
principais resultados de um estudo do Eurobarómetro sobre as atitudes
da UE e dos EUA face ao empreendedorismo.
Todavia, quando inquiridos sobre as medidas concretas tomadas recentemente
para criar um negócio, mais de 60% dos portugueses responderam
que "nunca pensaram no assunto".
Por outro lado, só 12% afirmam que estão a pensar no assunto
e apenas 3% estão a dar passos para criar uma empresa. Em contraste,
somente 41% dos norte-americanos referiu nunca ter pensado em criar
uma empresa e 20% já estão a pensar fazê-lo. Além
disso, cerca de 10% estão a dar passos concretos para a criação
do seu próprio negócio.
O "gap" entre o querer ser empresário e a tomada de
medidas concretas para sê-lo não é novo entre os
portugueses. Com efeito, vários estudos recentes têm mostrado
que o povo português sobrevaloriza a ligação da
imagem social do empresário à conquista de poder e de
um maior estatuto social, sem colocar no mesmo patamar a criação
de riqueza.
Contudo, Portugal detém taxas de sobrevivência de empresas
semelhantes à média da UE e dos EUA. Com efeito, nos últimos
três anos, cerca de 2% dos portugueses tornaram-se empresários
e 6% já o são há mais de três anos (nesta
última categoria, 5% na UE e 5% nos EUA).
Os maiores obstáculos dos portugueses no processo de criação
de empresas são a falta de apoio financeiro (84%) e a complexidade
dos procedimentos administrativos (86%). E, aparentemente, as empresas
de formação podem ter um bom negócio na área
do empreendedorismo: 53% dos portugueses estão dispostos a dispensar
algum do seu tempo para frequentar cursos de criação e
gestão de negócios.
Mas ainda somos a nação que mais sofre com o "fado"
do fracasso empresarial: 23% consideram esta eventualidade uma "grande
preocupação".