Cátia Mateus
O ESPÍRITO académico juntou a equipa e a
mente empreendedora de quatro jovens engenheiros aplicou no mercado nacional
os conhecimentos retirados dos livros de Engenharia Física. Em
1990, José Basílio Simões, Jorge Landeck, António
Bento e António Manuel Morgado criaram, a partir dos bancos da
Universidade de Coimbra (UC), a ISA - Instrumentação e Sistemas
de Automação.
Com esta "spin-off" universitária introduziram em Portugal
a telemetria aplicada a várias áreas de intervenção.
A inovação do conceito e a inexperiência da equipa
nas matérias relacionadas com a gestão empresarial trouxeram
algumas dificuldades iniciais ao projecto, mas a sua reestruturação
em 2003 legou à ISA uma posição de destaque no
mercado de sistemas de telemetria do gás.
É neste sector que lidera, mas a sua actividade não se
resume a esta área. A empresa de base tecnológica actua
ao nível do desenvolvimento e comercialização de
sistemas de telegestão aplicados ao ambiente, gás, automação
industrial, vídeo-vigilância e domótica. Uma diversidade
de valências na qual reside, segundo José Basílio
Simões, director-geral da empresa, "uma importante parte
do sucesso da ISA". A outra face do sucesso é a capacidade
de ultrapassar as barreiras e aprender com os erros.
Na realidade, este projecto empresarial resistiu a algumas dificuldades
iniciais. E se inovar é desejável, a verdade é
que nem sempre o que é novo se torna fácil de comercializar.
Esta equipa de jovens empresários sabe-o bem.
Os quatro empreendedores transitaram directamente da universidade para
a vida empresarial e cedo perceberam que "as dificuldades relacionadas
com a área comercial e gestão estavam a penalizar as potencialidades
do projecto".
A inovação dos produtos era inquestionável, assim
como o seu contributo para o mercado, e por isso algumas reestruturações
bastaram para colocar a ISA na rota certa.
"Estabelecemos algumas parcerias no sentido de colmatar essas
lacunas e quase surgimos como uma nova empresa", explica José
Basílio Simões.
Contrariando a grande maioria das empresas portuguesas, a ISA é
mais reconhecida além-fronteiras do que em território
nacional. Para a sua criação foram necessários
50 mil euros e instalações cedidas pela Universidade de
Coimbra. Hoje a empresa factura anualmente 600 mil euros, tem sede própria
e a exportação representa 80% do seu volume de negócios.
Está presente em países como a Espanha, França,
Brasil, Suíça e Escandinávia. As principais petrolíferas
e distribuidoras de gás na Europa - Shell, BP, Repsol ou Primagaz
- optimizam as suas rotas de distribuição com base nos
dados adquiridos pelos sistemas de telemetria da empresa conimbricense.
Um panorama que faz os líderes da ISA sonhar mais alto. A empresa
quer ser reconhecida no seu país de origem tal como no estrangeiro.
Entre os principais trunfos da empresa, José Basílio Simões
destaca "a larga experiência e 'know-how' nas áreas
da electrónica e instrumentação, automação
e controlo, monitorização e sistemas de telegestão,
assim como a capacidade de desenvolver 'software' e 'hardware', o que
lhe permite efectuar a integração de diversos equipamentos,
de forma a construir uma solução completa customizada
para cada cliente".
Pioneira na introdução em Portugal do conceito de telemetria,
esta empresa com raízes académicas trabalha também
o sector da telemetria aplicada ao ambiente e a concepção
de "software" para recolha e processamento de dados da qualidade
do ar.
Foi agindo em contra-ciclo económico que em 2002 a empresa operou
as suas grandes mudanças. O risco foi muito, mas hoje José
Basílio Simões mostra-se convicto de que as reestruturações
efectuadas permitiram à empresa resistir à crise e aumentar
as suas vendas. "Depois de um período difícil,
conseguimos colocar-nos na rota e, neste momento, antecipamos já
(por vários contratos firmados) que em 2004 vamos duplicar a
facturação", explica o director-geral.
E mesmo num mercado competitivo como este, onde "encontrar os
parceiros certos nem sempre é fácil", é
possível traçar metas a médio prazo. José
Basílio Simões quer ver a ISA "reforçar
a sua posição no sector da telemetria do gás; introduzir
e liderar em pelo menos três países da Comunidade Europeia
os sistemas de telecontagem de contadores de gás doméstico;
reforçar a presença comercial na Europa; crescer a uma
média de 40% nas vendas anuais e criar um novo produto por ano".
Entre os clientes da empresa encontram-se as principais petrolíferas,
autarquias, o Ministério do Ambiente e algumas indústrias.
O director-geral da empresa está convicto de que este não
é um sector fácil. "Pela sua competitividade,
é fundamental o conhecimento do mercado e a aposta num estudo
real das suas necessidades", explica.
Depois, é "arriscar, com a consciência de que vai
ser necessário muito trabalho e que o lucro não vem rápido".
Mas para o responsável, a grande bandeira do sucesso é
mesmo "a capacidade de recrutar os colaboradores certos, fomentar
o espírito de equipa e motivar as pessoas".
B.I. EMPRESARIAL
NOME: ISA - Instrumentação e Sistemas de Automação,
Lda.
ANO DE CRIAÇÃO: 1990 e reestruturada em 2003, altura
a partir da qual se sagrou líder mundial em sistemas
de telemetria aplicados à área do gás
SEDE: Coimbra e representação em vários
países (Espanha, França, Brasil, Suiça e Escandinávia)
RESPONSÁVEIS: José Basílio Simões
(director-geral), Jorge Landeck (gerente), António Bento, António
Miguel Morgado e dois sócios investidores
ÁREA DE ACTUAÇÃO: Desenvolvimento e comercialização
de sistemas inovadores para gestão remota aplicáveis às
áreas do Ambiente, Gás, Automação Industrial
Vídeo-vigilância e Domótica.
INVESTIMENTO INICIAL: 50 mil euros
VOLUME DE FACTURAÇÃO ANUAL: cerca de 600 mil euros
PRINCIPAIS CLIENTES: Shell, Repsol, BP, Primagaz