No ano passado, Portugal perdeu cerca de 110 mil profissionais a favor de empresas estrangeiras implantadas noutros países. Brasil e Angola figuram no top dos destinos escolhidos pelos portugueses. Uma proximidade alcançada pela histórica identificação linguística, mas que não deixa de fora outros destinos como a Noruega, Alemanha ou Reino Unido que registam também a procura e o investimento dos portugueses. Ao escolher o país de destino deve recolher o maior número de informação possível sobre as práticas salariais, mas também os sistemas de contribuição social que lhe permitirão, por exemplo, receber mais tarde uma reforma.
A proximidade linguística é, regra geral, o primeiro filtro de um profissional quando decide emigrar. Os outros são o salário que as empresas praticam, as condições sociais e a necessidade o país da qualificação ou profissão que tem para oferecer. A esta lista deve acrescentar, por comparação ao salário, o custo de vida local. Esta é a primeira conta que deve fazer se uma das suas metas for partir para amealhar algum dinheiro. Na generalidade dos casos, é fácil ganhar lá fora mais do que consegue auferir em Portugal. O principal problema é a forma como gere eventuais poupanças, que acabam por ser investidas localmente pois são raros os casos em que repatriar poupanças é compensador.
O Brasil é um desses casos. Não é difícil para um quadro qualificado ganhar bem neste destino, mas o custo de vida elevado, sobretudo nas cidades, não viabiliza grandes poupanças. Contudo, na questão da reforma quem emigra o Brasil tem a vida mais facilitada.
Desde os anos 90 o país tem em vigor um acordo celebrado com Portugal que define que os anos de trabalho nos dois países têm equivalência para efeitos de contabilização para reforma. O documento prevê ainda que os emigrantes portugueses tenham direito a subsídios de doença, maternidade, prestações familiares por acidentes de trabalho e doenças profissionais, bem como a devida assistência médica no território.
O mesmo não sucede noutros países. Na Alemanha, por exemplo, o emigrante faz os seus descontos normais mas no momento da reforma terá de receber um valor pelos anos em que estive emigrado no país e outro, pelos que trabalhou em Portugal. O mesmo modelo aplica-se na Suíça, mas não no Reino Unido que possibilita a contabilização conjunta com os anos de trabalho realizados em Portugal.
Angola é, nesta matéria, o mais problemático dos destinos. É que apesar de quer o empregador, quer o empregado realizarem os respetivos descontos para o órgão competente, os emigrantes não têm direito a prestações sociais. Sem benefícios como a reforma ou o subsídio de desemprego, resta ao portugueses que optem por este destino realizarem planos de poupança próprios. Se trabalhar em Angola, numa empresa portuguesa, pode sempre optar por realizar descontos para a Segurança Social em Portugal.
Enviar para Portugal o fruto das suas poupanças também pode não ser compensador ou, sequer, fácil. Angola impõe limites ao envio de dinheiro para fora do país (cerca de 3900 euros mensais por pessoa) e mesmo na Europa há limites para as transferências.
Outros países e oportunidades
Alemanha já tem site de recrutamento global
A Alemanha precisa de profissionais qualificados e está de olhos postos no mercado global, e sobretudo em Portugal, para suprir as suas necessidades de RH. Para facilitar a tarefa e atrair jovens quadros para o país, o Governo alemão criou o site www.makeit-in-germany.com onde é possível encontrar as oportunidades de emprego e todas as informações necessárias para trabalhar no país. O site dá ainda a conhecer um guia de candidatura e informações sobre o país. A Alemanha tem uma forte carência de especialistas nas mais diversas áreas e também de quadros executivos. O país quer recrutar sobretudo profissionais nas área da ciência, tecnologia, engenharia e matemáticas, mas recentemente veio também a Portugal procurar enfermeiros e profissionais ligados ao sector financeiro. Uma das áreas com carência de profissionais é a da construção civil onde são necessários profissionais técnicos, mas também engenheiros. O salário mais baixo nesta área ronda os dois mil euros mensais.
Noruega de olhos nos profissionais de saúde
Os enfermeiros e médicos portugueses podem ter um lugar assegurado na Noruega. O país tem carência de médicos especialistas em cirurgia, medicina interna, pneumologia e ginecologia para o seu sistema de saúde e as oportunidades para estrangeiros no país foram agora alargadas com a abertura de um novo hospital no sul do país: o Sorlandet Sykehus. A nova unidade tem também carência de enfermeiros perioperatórios, para as áreas da cirurgia, e também para os cuidados intensivos. As candidaturas podem ser formalizadas para o email gerd.jorunn.holm@sshf.no, em inglês e acompanhadas do currículo. Aos selecionados o hospital garante apoio na instalação e na aprendizagem da língua e um salário de cem mil euros anuais, para os médicos, e 60 mil para os enfermeiros. E se é engenheiro e também gosta do frio, aqui há também oportunidades para si. A Noruega precisa de 16 mil engenheiros e paga, nesta categoria profissional, entre quatro a oito mil euros.
Fernave continua a recrutar para Moçambique
A Fernave, empresa de formação técnica participada pela CP, REFER e Metropolitano de Lisboa, tem em marcha um novo processo de recrutamento de quadros qualificados em diversas áreas para preencher vagas de diretor de exploração, de compras e gestão de stocks, diretor de infraestruturas, de material circulante e de oficinas, no sector ferroviário em Moçambique. Em paralelo, a empresa procura diversos profissionais para o sector marítimo-portuário em países como Angola. Há dez vagas para preencher em cargos que podem ser de responsáveis de gestão de terminal, segurança e ambiente, planeamento e logística, operações portuárias e manutenção. A empresa pretende em primeiro lugar recrutar para a sua operação de terra. Este é o 6º processo de recrutamento que lança este ano.