E se o seu salário também for emocional?
Em tempo de crise e contenção salarial, onde os pagamentos extra, prémios ou outro tipo de valores monetários são cada vez menos aplicados pelas empresas, ganham valor os designados “salários emocionais”. Pequenas ajudas que a empresa proporciona aos colaboradores, reforçando o seu sentimento de bem-estar, integração, partilha e conciliação com a vida familiar. Para quem trabalha, isto chega a valer tanto como um aumento.
09.08.2012 | Por Cátia Mateus
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Dizem os especialistas que a introdução do salário emocional no mundo laboral pode significar uma completa revolução e uma nova cultura empresarial. A realidade é que à medida que a palavra crise entrou no vocabulário quotidiano, o chamado “salário emocional” foi ganhando protagonismo num mercado em que as empresas estão cada vez mais conscientes de que os funcionários necessitam de um apoio não monetário que lhes facilite a vida. O salário emocional é praticado em várias empresas portuguesas e tem várias formas.
Pode ter a forma de uma creche ou de um ATL para os filhos dos funcionários, de uma tarde de folga, da possibilidade de trabalhar a partir de casa ou num conjunto de serviços pensados para facilitar a conciliação da vida pessoal e profissional dos colaboradores. Seja qual for o seu formato, esta nova forma de retribuição já se converteu num dos principais estímulos motivacionais nas organizações atuais.
Ganham as empresas e os colaboradores. Ganham todos em matéria de vínculo, de comprometimento, de vontade de vestir a camisola e de orgulho em pertencer às organizações. Ganham e as empresas sabem-no. São cada vez mais as organizações a recorrer a empresas especializadas em serviços de conciliação profissional.
São empresa de última geração que colocam o ênfase do seu sucesso na qualidade dos seus produtos, mas também na motivação das suas equipas. Regina Cruz, diretora da Albenture, uma empresa especializada na oferta de serviços de conciliação profissional, revela que estes serviços já abrangem mais de cinco mil trabalhadores portugueses. Para a especialista “isto pode ajudar a superar a crise”.
Para dar resposta ao crescimento destes salários emocionais e aos requisitos das organizações, a empresa criou um centro de contacto onde uma equipa de profissionais recebe os pedidos de centenas de funcionários portugueses. Amas para cuidar das crianças, especialistas para elaborar declarações de impostos ou outros requisitos legais, assessores para organizar a economia doméstica das famílias, reservas para restaurantes e férias, prestação de cuidados a idosos, pequenas reparações domésticas ou limpeza do lar, estão entre os serviços mais requisitados.
Explica Refina Cruz, a ideia-chave das empresas ao subscreverem estes serviços está na “congregação de esforços em prole da produtividade. Para cumprir a produtividade, é necessário que os trabalhadores estejam totalmente focados no sem trabalho, sem que descurem as obrigações que a sua vida profissional acarreta”, explica.
Para a diretora, os resultados desta política de salário emocional são notórios: “melhoria do clima organizacional, maior nível de identificação e compromisso dos trabalhadores com as metas corporativas, poupança de custos provenientes do absentismo e baixas laborais e até a própria retenção do talento dentro das empresas, são consequências positivas do uso de planos de conciliação trabalho-vida”. A tendência da remuneração emocional arrancou em 2008 em Portugal e promete ganhar mais adeptos no país.
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