Cátia Mateus
A insatisfação lidera a lista de razões para mudar de emprego e segundo um estudo da consultora AC Nielsen “18% dos portugueses querem mudar de emprego em 2007”. Ou é o chefe que não reconhece o valor, ou é o salário que não corresponde às expectativas, ou é o projecto que não o satisfaz ou são as reduzidas perspectivas de evolução na carreira. Há inúmeras razões que ditam a mudança e os sinais de que é preciso ‘dar o salto' e mudar são fáceis de identificar. Fechar os olhos e minimizar o apelo da consciência é um erro. Perpetuar a permanência num emprego que não o motiva é condenar a sua carreira à estagnação.
Acordar de manhã sem vontade de empreender mais uma jornada laboral é o primeiro e o mais comum dos sinais de insatisfação e desmotivação com o trabalho. Outros há, não menos graves, como a perda de energia e do entusiasmo perante o exercício das funções. Nestes casos, garante Ana Luísa Teixeira, «managing director» da empresa de «executive search» MRINetwork Portugal, o melhor é não adiar a mudança.
Contudo, muitos profissionais, por receio de enfrentar uma situação de desemprego optam por dar continuidade a uma vida profissional de insatisfação onde o impacto na produtividade e nos resultados da empresa é tudo menos positivo. Apesar desta ser a tendência dominante, os especialistas garantem que quando a dúvida de mudar ou não de emprego se instala, o melhor caminho é sempre a mudança. Tudo em benefício da sua evolução profissional, mas acima de tudo, do seu crescimento pessoal.
A empresa de recrutamento EGOR, recebeu em 2006 cerca de 40 mil candidaturas a novas oportunidades de emprego. Amândio da Fonseca, líder da empresa, garante que “mais de 70% dos candidatos estavam empregados e procuravam sobretudo uma melhoria de condições profissionais e de evolução na carreira”. Para o responsável, “cada vez mais a questão da mudança de emprego surge associada a situações de procura de alternativas profissionais, quando as pessoas se apercebem de fases de crise e depressão organizacional que colocam em causa a segurança do seu emprego”.
Mas este processo de mudança não é pacífico. O ponto de partida deverá ser identificar aquilo com que está insatisfeito no actual emprego, definindo os os pontos fortes e fracos da sua actual função para que melhor possa delimitar o novo emprego que procura e evitar cometer os mesmos erros. Mas, para Ana Luísa Teixeira, há ainda um factor muito importante a ter em conta. É que por mais insatisfeito que esteja com a sua actual empresa, “é preciso sair com respeito pela organização onde trabalhou, deixando a porta aberta”.
Nesse sentido, é necessário que tenha algum cuidado na sua pesquisa de mercado. Não pode esquecer-se de que ainda está ao serviço de uma empresa. Se a sua organização souber antes do tempo que está a procurar outro projecto, pode arriscar-se a ficar sem trabalho, antes mesmo de encontrar uma nova função. Razão pela qual, Ana Luísa Teixeira alerta: “cuidado com a confidencialidade. Deve associar-se a empresas idóneas que o possam acompanhar no processo de transição de um emprego para outro. As empresas de «head hunting» podem ser-lhe bastante úteis neste campo”.
Para ambos os especialistas é essencial uma análise muito realista do seu perfil e competências. Um exercício de auto-conhecimento que pode fazer a diferença neste processo de mudança. Alimentar a sua «network», identificar quais as competências que possui e que podem ser úteis no novo emprego e apostar na formação em novas áreas, caso necessário, são procedimentos obrigatórios. Mas antes de qualquer decisão, deve ter em conta que é possível mudar de carreira sem sair da empresa onde está. Se a sua insatisfação incide sobre a função e não sobre a empresa em si, procure falar com os seus superiores e avaliar a possibilidade de mudar de departamento e de tarefas, antes de sair formalmente.
Dicas para dar o salto
. Esgote todas as possibilidades antes de sair;
. Não espere pelo pior;
. Seja você mesmo o agente da mudança;
. Faça uma análise realista das suas aptidões e qualificações;
. Mantenha a sua rede de contactos sempre actualizada;
. Faça um levantamento do mercado realista, mantendo o respeito pela organização onde ainda trabalha;
. Se achar necessário, recorra a um consultor de carreira ou a uma empresa de recrutamento;
. Invista numa função de que realmente goste;
. Encontre um mentor para ajudá-lo na transição.
Algo vai mal quando:
.Você acorda desmotivado para o trabalho e só recupera o bem-estar quando chega a casa
. Estar no escritório é um sacrifício
.O simples som do telefone a tocar deixa-o de nervos em franja
.O único motivo pelo qual trabalha na empresa é o facto de necessitar do salário
.Está desmotivado em relação ao que ganha
.O relacionamento com os colegas começa a deteriorar-se
. As suas perspectivas de crescimento na empresa ou progressão na carreira são quase nulas