A crise também fez vítimas na área do Direito, mas depois de um período de contenção, o recrutamento nesta área parece ter retomado a dinâmica. De acordo com um estudo agora divulgado pela consultora de recursos humanos Michael Page, as sociedades de advogados portuguesas regressaram ao mercado para contratar. As áreas do Direito Laboral e Contencioso e Recuperação de Créditos são as mais favorecidas por esta aparente retoma.
“Em 2010, os advogados e as sociedades mostraram-se mais destemidos assumindo os riscos da mudança”. Esta é uma das conclusões do estudo que revela que nos últimos tempos o país assiste a uma renovação das equipas e não a um downsizing como seria de esperar com os impactos da conjuntura económica. segundo o estudo da Michel Page, “os salários médios dos advogados de sociedades são mais elevados do que os de advogados que trabalham para empresas e há um interesse cada vez maior na contratação de profissionais mais jovens, por parte das sociedades”.
Vasco Salgueiro, manager da divisão de Tax & Legal da Michael Page, explica que “temos assistido a uma substituição. Ou seja, as saídas de advogados são acompanhadas pela contratação de novos recursos humanos, o que confere uma crescente dinâmica e impulso ao mercado”. O estudo apresentado pela consultora revela ainda que o impacto da conjuntura económica adversa que o país atravessa não se fez sentir de forma de forma uniforme na advocacia. “Existiram especialidades que pelas suas características e por estarem diretamente associadas às consequências da crise não só resistiram, como acabaram até por crescer durante este período. Uma tendência que ainda se mantém”, concluí.
Direito Laboral, Contencioso e Recuperação de Créditos são as áreas mais dinâmicas nas contratações e aquelas a que as empresas amis recorrem em conjunturas de crise. Mas além destas, há outra área que ganhou particular dinâmica em Portugal nos últimos meses e que parece imune à crise: o Direito Fiscal.
Mais jovens saem favorecidos
Os perfis mais jovens são beneficiados por esta onda de contratações. Segundo a Michael Page, “as empresas têm optado por perfis mais júniores”. Em matéria salarial, a consultora refere que “tendencialmente, as sociedades de advogados pagam melhor aos seus colaboradores do que as empresas que recorrem a assistência jurídica”. Um advogado generalista de uma empresa ganha como salário bruto anual os 30.800 euros. Um especialista em Direito Comercial e Societário pode ganhar em média 28.700, enquanto o ordenado anual de um especialista em Direito Laboral rondará os 20 mil euros.
Se a análise for realizada junto das sociedades de advogados, os valores dependem muito da dimensão e volume de negócios de cada sociedade. Em sociedades de média dimensão os salários rondam os 29 mil euros anuais, mas em sociedades de topo podem com facilidade alcançar os 42 mil euros de salário bruto ao ano.Um número que cresce exponencialmente nas sociedades internacionais presentes no mercado nacional, onde um advogado pode alcançar uma remuneração bruta anual de 58 mil euros. Um diretor jurídico pode ganhar um salário bruto fixo de 70 mil euros e um diretor fiscal pode ganhar 78 mil.