Jornal do Algarve/ Rede Expresso
ENCONTRAR emprego no Algarve está cada vez mais
difícil. De acordo com os últimos dados do Instituto de
Emprego e Formação Profissional (IEFP), divulgados na semana
passada, os desempregados inscritos nos cinco centros de emprego existentes
na região (Lagos, Portimão, Faro, Loulé e Vila Real
de Santo António) aumentaram de 15.173, em Março de 2004,
para 15.844, no mesmo mês deste ano, o que representa uma subida
de 4,4%. Analisando as estatísticas mensais do IEFP, verifica-se
que a taxa de desemprego na região está a aumentar desde
o início do ano.
Assim, em Fevereiro de 2005, o Algarve contava com 17.040 desempregados,
mais 5,6% face ao período homólogo de 2004. Por concelhos,
as últimas informações divulgadas reportam-se ao
passado mês de Fevereiro e dão conta de que existem 5.511
desempregados na área do centro de emprego de Portimão (Lagoa,
Monchique, Portimão e Silves), 3.850 no centro de Faro (Faro, Olhão
e São Brás de Alportel), 3.694 no centro de Loulé
(Albufeira e Loulé), 2.341 em Vila Real de Santo António
(Alcoutim, Castro Marim, Tavira e VRSA) e, finalmente, 1.644 no centro
de emprego de Lagos (Aljezur, Vila do Bispo e Lagos).
Todos estes centros de emprego do Algarve registaram aumentos da taxa
de desemprego nos primeiros três meses do ano, nomeadamente Vila
Real de Santo António (11,6%), Loulé (9,9), Lagos (8,7),
Portimão (3,4) e Faro (0,2). Os números reflectem a subida
da taxa de desemprego que teima em não baixar na região.
No final de 2004 a taxa atingia os 5,7%, ficando ainda abaixo da média
nacional (7,1%).
Se na região Norte do país é o encerramento de grandes
fábricas e indústrias que está a indignar a população
e a colocar na rua milhares de operários com vários anos
de serviço, no Algarve o cenário é outro. Em Lagos,
por exemplo, o aumento da taxa de desemprego está relacionado com
o encerramento de algumas unidades hoteleiras e a redução
do quadro de pessoal. Com a redução do número de
camas, a oferta turística da região (comerciantes e restauração)
tem sentido prejuízos.
As estatísticas mensais da Associação dos Hotéis
e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), revelam que a
zona de Lagos/Sagres é a que regista as maiores descidas das taxas
de ocupação turística: menos 22% no último
mês de Março, menos 27,2% em Fevereiro e uma queda de 17,2%
em Janeiro, face a iguais meses de 2004. Não é por isso
de estranhar que o número de pessoas inscritas no centro de emprego
de Lagos tenha subido mais de 50% em Fevereiro de 2005 face a igual mês
de há quatro anos.
As estatísticas divulgadas revelam ainda que o desemprego de curta
duração (menos de um ano de inscrição nos
centros de emprego) representava, em Março de 2005, mais de 65%
do total do desemprego. O desemprego de longa duração (um
ano e mais) registou um aumento de 6,7%.
Ao longo do mês de Março, os centros de emprego do Algarve
registaram 2.407 novas inscrições, valor superior em 3,8%
face ao encontrado para Março de 2004 e 10,9% cento acima do registado
em Fevereiro. Entre as profissões mais penalizadas com o desemprego
estão os «trabalhadores não qualificados dos serviços
e comércio», os «empregados de escritório»,
o «pessoal dos serviços de protecção e segurança»
e os «trabalhadores não qualificados da construção
civil e indústrias transformadoras», representando 44% dos
desempregados inscritos.
Em termos de evolução do desemprego por profissão,
relativamente ao mesmo mês do ano anterior, verificam-se aumentos
significativos nos «directores e gerentes de pequenas empresas»
(mais 13,9%), «outros operários, artífices e trabalhadores
similares» (mais 13,7%), «agricultores e pescadores de subsistência»
(mais 12,7%) e «operários e trabalhadores similares da indústria
extractiva e construção civil» (8,7%).