Aliar os benefícios da tecnologia a um sector tão tradicional e conservador como o jurídico não é uma tarefa fácil, mas “há quem já o tenha feito com sucesso”. É Diogo Horta Osório quem o afirma. O sócio da sociedade de advogados Cuatrecasas, Gonçalves Pereira é um dos envolvidos na organização do programa de aceleração empresarial para stratups de âmbito legaltech (tecnológico-jurídico), o Cuatrecasas ACELERA, que a sociedade vai dinamizar em parceria com a Telefónica Open Future. O objetivo do programa, lançado este mês, é “potenciar o talento empreendedor e amadurecer projetos empresariais no âmbito da legaltech, que dêem resposta aos desafios e tendências da sociedade atual”, explica Diogo Horta Osório.
“Não queremos, nem podemos, correr o risco de ser ultrapassados pela tecnologia”, afirma o sócio da Cuatrecasas e um dos envolvidos no programa ACELERA, que desta forma justifica também a aposta da sociedade na criação daquela que diz ser “a primeira aceleradora legaltech que se constitui no sul da Europa”. A Cuatrecasas e a Telefónica estão de olhos postos em ferramentas tecnológicas e projetos empresariais em fase de arranque (com menos de três anos de vida), que possam gerar valor acrescentado e contribuir para a melhoria e inovação no sector jurídico. Diogo Horta Osório refere que embora não seja comum a associação de inovação e de forte componente tecnológica a sectores conservadores como o jurídico, “há já bons exemplos de ferramentas tecnológicas capazes de substituir serviços jurídicos de menor valor acrescentado”.
Inovação como critério
Com as candidaturas a decorrer, a primeira edição do Cuatrecasas ACELERA selecionará um máximo de 25 empreendedores com projetos focados no sector legaltech. A estes projetos será aplicada uma metodologia de aceleração inspirada nos modelos de Design Thinking, Business Model Canvas, Lean Startup e Scaling-Up. Podem candidatar-se ao programa de aceleração startups que tenham um Produto Mínimo Viável funcional validado, mesmo que ainda não tenham iniciado a sua exploração económica (early stage).
Segundo o sócio da Cuatrecasas, o ACELERA está também aberto “a startups com um modelo de negócio validado que procurem inovar num âmbito específico (lançar novas linhas de produtos ou serviços, chegar a novos segmentos de clientes, novos mercados, geografias, etc)”, desde que não tenham mais de três anos de vida (growth stage). O objetivo é que “todas as iniciativas empresariais cuja atividade acrescente valor, inovação e diferenciação para o sector legal encontrem o ecossistema perfeito para o seu desenvolvimento no Cuatrecasas ACELERA”, reforça Diogo Horta Osório.
Os advogados da sociedade serão mentores, nas suas áreas de especialização, dos empreendedores candidatos ao programa que permite também que os participantes possam desenvolver os seus projetos remotamente, através da plataforma online.openfuture.org, um ponto de encontro virtual e global do Telefonica Open Future para investidores, startups e demais agentes do ecossistema empreendedor. Segundo Diogo Horta Osório, além de proporcionar aos empreendedores a metodologia necessária para se adaptarem às exigências do contexto atual, “o Cuatrecasas ACELERA cria um ambiente de networking que melhora a visibilidade dos projetos e facilita a aproximação a partners num sector nicho, acelerando o processo de go-to market”.