Pedro Lima
TAL COMO o paciente que aparentemente está bem de saúde mas cujo nível de colesterol, por estar bastante elevado, pode representar riscos graves para a saúde, também as empresas podem parecer saudáveis e não o serem na realidade. E é para lançar algumas luzes sobre a delicada problemática da avaliação das empresas que foi escrito o livro Valuation, que já vai na terceira edição.
Esta obra pretende ajudar os executivos a medir o valor das empresas ou a tomar as decisões estratégicas para garantir a criação de valor para os accionistas. Escrito por um professor da Universidade da Pensilvânia e por dois sócios da Mckinsey, entre os quais Tim Koller, que esta semana esteve em Lisboa, esta obra com mais de 700 páginas identifica claramente a necessidade de focar, não apenas o desempenho de curto prazo mas também a saúde das empresas a longo prazo.
De acordo com os autores, «não há nada de errado nos bons resultados e na subida do preço das acções, mas estes indicadores não querem necessariamente dizer que a empresa é saudável». Isto porque podem não ser capazes de sustentar bons desempenhos no futuro e não significam que a empresa seja capaz de construir um negócio rentável. «Quando os executivos se concentram no curto prazo, adiando a resolução dos problemas ano após ano, correm o risco de estar a cavar ainda mais o buraco em que as empresas possam já estar», refere Tim Koller, considerando que «o segredo é gerir as expectativas, focando-as mais no longo prazo».
Nesse sentido foi identificado um sistema de avaliação de desempenho de acordo com três perspectivas. Não só interessa ter em conta uma perspectiva histórica, como se torna necessário avaliar a capacidade de criação de valor e os riscos associados. Importa ainda ter presente a expectativa incorporada no valor das acções e a forma como essa expectativa foi sendo alterada ao longo do tempo.