Maribela Freitas
O stresse é um dos problemas de saúde relacionados com o trabalho mais comum na Europa. De acordo com a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA), as alterações ao nível da concepção, organização e gestão do trabalho podem vir a originar novas áreas de risco susceptíveis de criar um maior nível de stresse e acarretar mais riscos para a saúde mental e física dos profissionais. Os principais riscos psicossociais estão relacionados, entre outros, com as novas formas contratuais, insegurança e violência no emprego e difícil conjugação da vida laboral com a pessoal.
“A vida profissional na Europa está a mudar a um ritmo cada vez mais acelerado. A insegurança no emprego, a necessidade de ter vários empregos e a intensificação do trabalho, podem gerar stresse profissional e colocar em risco a saúde dos trabalhadores”, explica Jukka Takala, director da EU-OSHA. Na sua perspectiva, é “necessário monitorizar e melhorar constantemente os ambientes de trabalho a nível psicossocial a fim de criar empregos de qualidade e assegurar o bem-estar dos trabalhadores”.
Neste momento e na Europa, o stresse profissional é um dos maiores desafios no domínio da segurança e saúde no trabalho, prevendo-se o aumento do número de pessoas afectadas por doenças relacionadas com stresse provocadas ou agravadas pelo trabalho. Este problema de saúde afecta 22% dos trabalhadores da EU — de acordo com dados de 2005 — e estudos indicam que entre 50 a 60% dos dias laborais perdidos estão relacionados com este factor. Dados da EU-OSHA mostram que em 2002 o custo económico anual do stresse profissional na EU dos 15 estimou-se em 20.000 milhões de euros.
De acordo com o Observatório Europeu dos Riscos da EU-OSHA, existe uma série de riscos psicossociais emergentes, decorrentes das actividades laborais, que tenderão a aumentar os níveis de stresse e, por consequência, irão afectar a saúde dos trabalhadores. Um deles é o trabalho precário, entendido como aquele que é mal remunerado, de baixa qualidade, com poucas oportunidades de formação e de progressão na carreira. As pessoas nestas condições tendem a efectuar as actividades mais perigosas, recebem menos e o facto de trabalharem em condições instáveis pode gerar insegurança no emprego, o que agrava o stresse profissional. Outra das situações que pode aumentar este risco é a intensificação do trabalho e a maior pressão no emprego. A violência e a intimidação — que é comum em todas as actividades mas afectam especialmente os profissionais da a saúde e serviços —, podem levar à perda de auto-estima, ansiedade, depressão e até mesmo ao suicídio.
Até aqui o cenário não é animador. Contudo, piora uma vez que na actualidade é ainda difícil conciliar a vida profissional com a privada. Os grandes volumes de trabalho e os horários inflexíveis dificultam ainda mais esta conciliação. Esta situação pode causar stresse e outros efeitos negativos sobre a saúde, quando não existe possibilidade de conciliação entre as duas. “Mais de 40% dos trabalhadores da EU 27 com longos horários de trabalho afirmaram estar insatisfeitos com a conciliação entre a vida profissional e a privada”, finaliza o relatório da EU-OSHA.