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Como é que as redes sociais lhe podem custar o emprego

Como é que as redes sociais lhe podem custar o emprego

Cerca de 96% da população online portuguesa utiliza as redes sociais, segundo um estudo da consultora ComScore que posiciona o país, neste campo, muito acima da média mundial que se fica pelos 82%. Mas qual será a percentagem destes portugueses que está consciente do risco que corre, sempre que o seu perfil online é analisado por um recrutador?
15.03.2012 | Por Cátia Mateus


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A adesão dos portugueses às redes sociais é inquestionável. O Facebook é a plataforma mais popular em território nacional e de acordo com os dados da ComScore, 85% dos cibernautas lusos têm o seu perfil na rede de Mark Zuckerberg. Em Portugal, nove em cada dez minutos passados em redes sociais são gastos no Facebook, que tem vindo a marcar pontos (a par com outras redes sociais de cariz mais profissional como o Linkedin), como aliado na procura de emprego. As empresas de recrutamento reconhecem o recurso cada vez maior às redes sociais, mas esclarecem que estas plataformas são sobretudo utilizadas para “conhecer melhor os candidatos e complementar a informação do currículo”. Um aprofundamento que pode não correr bem. É que há casos em que a rede já deixou sem rede muitos profissionais.

A emergência das redes sociais ao serviço do recrutamento é nítida, mas não se pense que estas plataformas são já utilizadas para a contratação direta de candidatos. O Expresso Emprego conduziu um quizz através da sua página de Facebook (em www.facebook.com/expressoemprego) onde questionava os seus seguidores se alguma vez tinham sido contactados por algum recrutador ou empregador através das diversas redes sociais. As respostas a esta pesquisa que esteve três semanas ativa, foram claras: 84% dos fãs do Expresso Emprego no Facebook nunca foram contactados através das redes sociais para efeitos de emprego e apenas 16% confirmaram contactos por esta via, sendo sobretudo os profissionais ligados ao marketing, comunicação e tecnologias de informação os que emitiram uma resposta positiva.

Mas apesar de não serem ainda utilizadas para recrutar formalmente, as redes sociais podem ser motivo para despedir ou deixar de fora um candidato a emprego. E o processo até nem é difícil. Experimente, por exemplo, dizer mal do chefe ou da empresa onde trabalha ou com a qual colaborou no passado. Experimente ainda passar mais tempo nas redes sociais do que passa a desenvolver as suas tarefas em horário de trabalho. Ou, se quiser, tente colocar fotos suas em biquíni ou em poses ousadas no seu perfil. A menos que esteja a concorrer para um lugar de modelo, tem poucas hipóteses de que a estratégia corra a seu favor.

Nos Estados Unidos, na área dos recursos humanos, há já empresas especializadas em fazer pesquisas na internet, sobretudo nas redes sociais, sobre a vida, experiência e preferências dos candidatos a emprego. Em Portugal o conceito já está a ganhar adeptos e muitos candidatos que estão atualmente em processos de seleção para um novo emprego, não têm consciência de que a sua página de Facebook, Linkedin, Twitter, ou até a mais recente coqueluche das redes sociais, o Pinterest (que permite partilhar as preferências e o perfil do utilizador através de imagens), está a ser avaliada e monitorizada, adotando com frequência posturas e comportamentos inapropriados que podem mesmo fazer com que fiquem de fora num processo de recrutamento.

Os seus comentários, fotografias, vídeos são vistos à lupa e em muitos casos são critério imediato de exclusão. Adotar uma conduta consciente na forma como expõe a sua vida e a sua carreira nas redes sociais é fundamental, se não quer ver uma brincadeira numa rede social prejudicar-lhe a vida e a carreira (ver caixa). Tanto mais que , de acordo com a consultora americana Reppler, que há muito se dedica a analisar as redes sociais, “70% dos profissionais de recursos humanos americanos já rejeitaram um candidato utilizando apenas a informação nas redes sociais como critério seletivo”.

Em Portugal não há ainda dados que permitam avaliar o real impacto desta ferramenta junto dos recrutadores. Mas há a confirmação de que quem contrata já não abre mão de espreitar o Facebook, Twitter ou Linkedin do candidato em análise. Álvaro Fernandéz, diretor-geral da empresa de recrutamento Michael Page, confirma-o. “As redes sociais adquirem um peso cada vez maior na contratação de novos colaboradores e uma má impressão causada por um perfil desadequado poderá levar, no extremo, à exclusão do candidato do processo de recrutamento ou até ao despedimento”. O especialista cita, a título de exemplo, casos em França, no Reino Unido ou na Bélgica, onde profissionais foram já despedidos por criticarem no Facebook as ações da empresa para a qual trabalham.

Entre as partilhas que poderão ser mais prejudiciais a um candidato, o líder da Michael Page Portugal salienta “a quebra de confidencialidade da empresa, os comentários desadequados sobre a organização onde se trabalha ou se candidata, ou sobre os seus líderes, e os posts e fotografias que demonstrem uma conduta indigna”. Para Álvaro Fernandéz, “o principal risco destas plataformas é o candidato esquecer-se de que uma vez que se coloca algo na internet, torna-se automaticamente público para uma audiência que não conseguimos controlar”.

Uma opinião também corroborada por Carlos Sezões, partner da Stanton Chase International. O especialista diz que não exclui candidatos com base na sua presença em redes sociais, mas reconhece que “naturalmente, qualquer conteúdo público poderá influenciar de modo positivo ou negativo uma apreciação global”. Carlos Sezões salienta o poder das redes sociais enquanto aliados no processo de recrutamento, mas reforça a necessidade de um cuidado extremo na sobre-exposição da vida privada por parte dos candidatos que, como refere, “poderá assustar alguns responsáveis de recrutamento e seleção e transmitir a ideia de alguém pouco rigoroso ou cuidadoso”. Importa acima de tudo, como enfatiza, “evitar divulgar conteúdos excessivamente privados ou pessoais, mantendo essas informações apenas para o seu grupo de amigos mais próximos”.

Se é candidato a um emprego ou se não é neste momento, mas pensa mudar de rota profissional, lembre-se que as redes sociais podem ser um aliado nesta tarefa. Mas se não quer que a rede lhe troque as voltas, o melhor mesmo é manter uma conduta equilibrada, sem excessos de exposição, com fotografias sóbrias e deixando de lado tudo que seja mais intimo. Menos pode ser mais e neste caso, a sobriedade pode ser um diferencial para quem ambiciona uma carreira com destaque, numa época em que as redes sociais já não cumprem apenas a função de ligar pessoas e promover o networking e são, cada vez mais, uma ferramenta de investigação.

Um perfil à prova de risco
Se não quer que as redes sociais coloquem em risco a sua carreira ou uma possível oportunidade de emprego, e quer aproveitar ao máximo o potencial destas plataformas na empreganilidade, tome nota do que não deve fazer:

Do chefe e da empresa não se fala!
Jamais teça comentários sobre às empresas por onde passou, as equipas de trabalho onde esteve, os chefes ou partilhe informações confidenciais e vitais sobre os projetos em que esteve envolvido. Aos olhos de qualquer recrutador, se você fez isso antes poderá voltar a fazer no futuro. Abstenha-se também de fazer parte de comunidades ou páginas sobre a perguiça ou chefias, se não quer ficar de fora num processo de recrutamento.

Se não é modelo, mantenha-se vestido! As fotos que disponibiliza na sua página podem, literalmente, complicar-lhe a vida. A menos que faça carreira como modelo, evite publicar fotos de biquíni ou com pouca roupa no seu perfil. Poses sensuais ou imagens que envolvam armas ou violência, também não vão jogar a seu favor. Mantenha a sua foto atualizada, com ar saudável, profissional e uma apresentação compatível com a sua função.

Cuidado com os comentários! Tenha sempre consciência de que todos os seus cometários mais polémicos serão notados na comunidade onde se movimenta e onde podem estar também recrutadores. Manifestações políticas, religiosas, culturais e sociais são válidas, mas assegure-se de que as suas não violam nem ferem os direitos de outros. Não use expressões vulgares ou palavrões. Lembre-se que será avaliado pelo outros em função da imagem que passar e na internet, como na vida, pode não haver uma segunda oportunidade de causar uma primeira boa impressão.

Atenção aos vídeos que partilha e que marca como favoritos. Podem parecer-lhe inofensivos e, em alguns casos, ter até a sua graça mas tenha em atenção se os vídeos que partilha ou onde coloca “like” não ferem susceptibilidades de terceiros.

Erros ortográfios são proibidos! É verdade que está numa rede social e que o espírito deste conceito é uma partilha informal, mas atenção à forma como escreve e como se expressa. Quem recruta de certeza valoriza um candidato que escreve em bom português.

Evite dizer por onde anda e o que faz. Você até pode estar muito engraçado naquela foto que tirou na noitada de ontem com os amigos e a cerveja na mão. Mas acha que ela fica bem no seu mural e que lhe garante a entrada numa empresa, um pouco mais conservadora? Ou que é a imagem profissional que quer passar aos colegas que lidera?

Filtre bem as comunidades a que se associa. Estar vinculado a comunidades preconceituosas, que instiguem a prática de crimes ou que passem uma imagem pouco profissional, não funcionará a favor de quem procura emprego ou até, de quem quer manter o emprego que tem.



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