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Coimbra aberta às empresas

18.07.2003


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Abílio Ferreira

A universidade coimbrã celebrou protocolos com 70 empresas e já consegue gerar em serviços 40% do valor do orçamento atribuído pelo Estado







Apoiar o investimento estrangeiro



A UNIVERSIDADE de Coimbra (UC) assinou este mês protocolos com 70 empresas e instituições que fornecerão estágios pré-profissionais aos seus licenciados.

Estas parcerias integram-se no objectivo da UC de promover a integração no mercado de trabalho dos dois mil licenciados que todos os anos terminam um dos seus 52 cursos.

"Reconheço que temos ainda algum caminho a percorrer no domínio da integração profissional, mas temos feito um grande esforço e um trabalho aturado com a intenção de facilitar a aproximação dos licenciados ao mercado de emprego no sentido de os ajudar no início da actividade a encontrar uma profissão", acentua Fernando Seabra Santos, o reitor da universidade coimbrã.

O facto da UC ter muitos antigos estudantes espalhados pelo tecido empresarial facilita esta ligação que o reitor pretende reforçar: "É essencial este apoio do empregador no início de actividade e só nos daremos por satisfeitos quando estabelecermos protocolos com centenas de entidades que forneçam estágios".

Seabra Santos defende que as universidades devem ter uma capacidade de interagir os diferentes saberes, mas ressalta que a habitual crítica de que se encontram desligadas do mundo empresarial "decorre de ideias pré-concebidas que estão francamente desajustadas da realidade".

E dá como exemplo a sua própria instituição, que factura 35 milhões de euros em serviços prestados ao exterior: "Temos contratos de prestação de serviços e investigação científica a multinacionais, centenas de empresas e autarquias, dezenas de tribunais e escolas. No total, são 1200 instituições que nos permitem obter receitas próprias que representam 40% do orçamento transferido do Estado".

Face a estes "valores que impressionam", pode concluir-se que "um bom número de críticas assentam numa realidade que não é a nossa".

O reitor reconhece que deste esforço das universidades de se aliarem ao exterior e contribuírem para novos produtos e metodologias que aumentem a rendibilidade do tecido empresarial dependerá em boa parte a capacidade do país de criar riqueza e reduzir a sua dependência do estrangeiro.

Saúde de "ponta"

A UC é a menos regional de entre as universidades clássicas (30% dos seus alunos são do distrito, enquanto as congéneres de Lisboa e Porto absorvem 70%), sendo que essa sua vocação nacional também se faça notar na sua ligação às empresas.

A UC "interessa a todo o país" pelo que a sua abordagem "não se limita ao tecido empresarial da sua região".

Mesmo assim, a sua prioridade estratégica entronca nas Ciências da Saúde e da Vida, aproveitando o pólo de excelência de Coimbra e a profícua ligação Hospital/Universidade. E o reitor surpreende com um exemplo: o fluxo matinal entre Lisboa e Coimbra é favorável a esta cidade por 400 contra 300. Um sinal "da capacidade de atracção na área hospitalar e da saúde em geral".

Além desta área crucial em que a cidade deve assentar o seu desenvolvimento, a UC tem vocação e vantagens competitivas em matérias da área do Ambiente, Turismo e Património.

A universidade coimbrã, que formou os quadros do Império ao longo dos séculos, tem uma das mais densas representações de património nacional edificado e um espólio museológico que a cidade deve aproveitar como pólo de atracção.

Outra prioridade da UC centra-se na formação contínua. Uma licenciatura "não dá uma preparação para sempre, nem agora as profissões são para toda a vida".

Mais de uma centena de cursos, a pensar na preparação específica de diversos públicos-alvo, são a face visível deste contributo para o novo paradigma científico da permanente actualização de conhecimentos e da formação ao longo da vida.

Como a universidade "é uma casa que produz e transmite conhecimento", a investigação terá sempre de estar no centro das prioridades e preocupações.

Nesta ânsia de produzir conhecimento é que a UC constituiu recentemente o Instituto de Investigação Interdisciplinar, uma unidade orgânica que traduz uma nova filosofia de actuação e acolhe as unidades de investigação das diferentes faculdades.

Trata-se de uma iniciativa "para combater a tendência para a cristalização dos saberes".




Apoiar o investimento estrangeiro

A UC foi o parceiro académico escolhido pela API, de Miguel Cadilhe, para cooperar em matérias relacionadas com o investimento directo estrangeiro.

É mais um passo na aproximação ao universo empresarial. "O protocolo visa dar visibilidade pública às actividades de investimento estrangeiro, envolvendo a universidade na resolução de questões relacionadas com a atracção desse investimento", refere o reitor. A API vai instalar em Coimbra o Alto Conselho para o Investimento.

Com este aperfeiçoamento e intervenções em áreas complementares, a UC reduziu, em cinco anos, em 2,5 milhões de euros os custos da sua estrutura central. Em 1998, representavam 12,5% do orçamento global, agora são 10%.

O rácio professor/aluno varia entre o mínimo de 1:6, em Medicina e 1:25 em Direito, indicadores que comparam com as referências europeias.





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