Cidades criativas geram trabalho
Criar cidades criativas e de conhecimento não é uma utopia
30.03.2007
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Marisa Antunes
Chamam-lhes cidades criativas porque conseguem potenciar precisamente a criatividade de quem lá trabalha. Criam-se condições de trabalho, espaços verdes e até zonas residenciais, e privilegiam-se as sinergias com as universidades, instituições e centros tecnológicos.
Em congresso organizado pela Associação Nacional de Municípios Portugueses, o tema ‘cidades criativas' reuniu vários especialistas com exemplos de destaque como Barcelona, Austin, no Texas, e Amsterdão, e ainda alguns à escala nacional, mais modestos mas ainda assim já dignos de registo, como Vila Nova de Gaia e Sines.
Um dos casos mais demonstrativos do que se pode fazer no espírito do conceito destas urbes refere-se à transformação radical sofrida numa antiga zona degradada de Barcelona e que hoje, passados sete anos, é um auspicioso centro empresarial e tecnológico. “De uma zona industrial que estava ao abandono, criámos uma cidade do conhecimento. Do ano 2000 até hoje, instalaram-se 300 empresas que empregam 30 mil pessoas”, aponta Miquel Barceló, presidente da Sociedade Municipal Barcelona@22, assim designada aquela zona da cidade.
Através de parcerias público-privadas encetou-se uma mudança rápida e eficiente em toda a área, que passou inicialmente pelo planeamento e gestão urbanística, a criação de infra-estruturas (somam-se 37 quilómetros só em ruas, por exemplo) e depois pela instalação de empresas, instituições, «clusters», incubadoras e universidades (organizam-se actividades permanentes de interacção com as empresas da zona).
“Para que este local tivesse sempre movimento e vida, criámos bairros residenciais e reservámos 30% do solo para espaços verdes. Proporcionar condições é fundamental. Porque o importante são as pessoas pois são elas que trazem criatividade”, sublinhou Miquel Barceló.
À escala nacional e tirando partido do potencial na área do turismo e lazer em Gaia, José Guilherme Aguiar, vereador da Câmara Municipal, falou da aposta estratégica na indústria do Vinho do Porto que atrai cerca de 600 mil visitantes por ano.
Reabilitar o centro histórico, recuperar as caves do Vinho do Porto, apostar na instalação de hotéis de charme para receber estes turistas ou criar um museu vivo do barco rabelo são algumas das medidas previstas no «masterplan» camarário para a próxima década. “As previsões apontam para a criação de mais 2900 postos de trabalho associados a esta indústria do vinho e para 6400 novos moradores no centro histórico, o que vai permitir dinamizar toda a zona”, realçou ainda o vereador da autarquia de Gaia. Vila Nova de Gaia é o terceiro concelho mais populoso do país e aquele que concentra o maior número de empresas da região Norte.
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