Ruben Eiras
AS UNIVERSIDADES portuguesas estão cépticas
face ao "e-learning". Esta é a principal conclusão
de um recente estudo sobre os modelos europeus de universidades virtuais,
publicado pela Comissão Europeia. A investigação
focalizou-se na análise da utilização das tecnologias
de informação (TI) no ensino superior. O estudo cobriu mais
de 200 universidades da UE. As instituições de ensino superior
portuguesas representam cerca de 9% de todo o universo da investigação.
Os investigadores agruparam as instituições de ensino
superior em quatro grupos: as inovadoras, as cooperantes, as auto-suficientes
e as cépticas. De acordo com aquela análise, a maioria
das universidades portuguesas (6%) encontra-se neste último agrupamento,
cujos traços principais são uma baixa utilização
dos serviços digitais, uma integração limitada
das TI nos processos de aprendizagem e uma baixa proporção
de cursos de "e-learning".
Por sua vez, o segundo grupo com mais peso no tecido do ensino superior
português é o das universidades cooperantes (2%), que se
caracterizam pelo desenvolvimento de uma cooperação estratégica
com outras instituições de ensino superior nacionais e
estrangeiros, como também outros fornecedores educativos. Estão
bastante avançadas na integração das TI nos seus
processos de aprendizagem, mas demonstram uma utilização
limitada dos cursos de "e-learning".
O restante da amostra nacional (1%) situa-se no grupo das universidades
auto-suficientes. Este caracteriza-se por um nível elevado de
integração das TI nos métodos de ensino, mas o
seu grau de cooperação com outras entidades educativas
é de grau mínimo. Quanto do grupo das universidades inovadoras
em "e-learning", Portugal não possui nenhuma entidade
de ensino superior.
Quanto aos restantes resultados, a destacar é o facto da Espanha
e do Reino Unido serem os países que possuem a maior proporção
de universidades no agrupamento das instituições inovadoras,
com 22% e 19%, respectivamente.
Resistência à mudança
Entre os vários obstáculos à adopção
do "e-learning" nas universidades, o estudo destaca a resistência
à mudança por parte das entidades de ensino superior,
a falta de conhecimento dos docentes acerca do potencial das TI no ensino,
a falta de recursos tecnológicos educativos de alta qualidade
e a necessidade de regulamentos da propriedade intelectual.
Segundo o estudo, devido à produção em massa de
materiais pedagógicos para "e-learning", é crucial
a existência de regulamentos que definam as formas de partilha
e reutilização dos recursos educativos.
Além disso, também não existem sistemas de avaliação
da qualidade dos cursos de "e-learning". Quanto ao público-alvo
mais adequado para a aprendizagem electrónica, o estudo realça
que este é composto pelos alunos pós-graduados e os de
licenciatura.