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barba, Cabelo & Cultura

António Almeida reinventou no Porto, o conceito da tradicional barbearia e fez do Barba & Cabelo um espaço cultural pensado para os homens, mas onde as mulheres também podem entrar
26.01.2007


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Cátia Mateus Uma das regras básicas para minimizar as hipóteses de fracasso de um projecto empresarial é investir apenas numa área de actividade que se conheça bem. António Almeida não o fez, mas nem por isso o seu projecto sofre das “dores de crescimento” próprias dos primeiros anos de vida. O gestor de recursos humanos percebe pouco de cabelos, mas o suficiente para saber que ir ao barbeiro é, para a maioria dos homens, um “mal necessário” e que os cabeleireiros mistos não foram feitos a pensar num público masculino cada vez mais exigente com a sua imagem. Da combinação de todas estas constatações surgiu um negócio que recupera o mais tradicional de uma barbearia de bairro, reinventando o conceito. António Almeida criou há meio ano a Barba & Cabelo, no Porto. Uma barbearia que é também tabacaria, bar e galeria de arte. Um espaço onde apenas os homens são clientes, mas que as mulheres são também convidadas a visitar.


“As coisas boas da vida caminham juntas”. Foi à luz deste conceito que António Almeida estruturou a Barba & Cabelo. A ideia, afiança, “era transportar para este negócio um ambiente de tertúlia, reunindo várias valências que merecem o interesse masculino e que permitissem fazer da visita necessária ao barbeiro, um acto agradável e de descontracção”. Uma aposta que teve tanto de ousada como de arriscada, tendo em conta que à data da criação da empresa, a conjuntura económica não era das mais optimistas em Portugal.

Neste cabeleireiro não se trata só da imagem. Além dos cortes de cabelo, barba, depilação e demais serviços estéticos para homens exigentes, aqui lêem-se livros e revistas, discute-se arte, acompanham-se exposições de pintura, escultura e fotografia, provam-se vinhos e encontram-se os mais variados acessórios para os amantes de charutos. Tudo harmoniosamente combinado num espaço, em plena cidade do Porto, recuperado pelo arquitecto Rui Ventura.

Quando começou a projectar o seu primeiro negócio, António Almeida estava desempregado e foi um debate entre amigos que o lançou na vida empresarial. Ironicamente, por alturas do lançamento da Barba & Cabelo, em Junho de 2006, o empresário era convidado para rumar a Lisboa e exercer o cargo de director de recursos humanos numa empresa. Aceitou o convite, consciente de que a acumulação de dois ‘empregos' exigiria um grande esforço de conciliação, principalmente na fase de arranque do negócio e a mais de 300 quilómetros de distância.

Ainda assim, não virou costas à ‘segurança' adicional que confere um emprego por conta de outrem. É que, como refere, “quando se cria uma empresa, estamos a investir o fruto da nossa vida, as nossas economias num projecto que pode não dar certo. E isso, psicologicamente, é um grande encargo”. Depois, uma das grandes dificuldades que sentiu na altura de criar a empresa foi ao nível do financiamento. “No sistema bancário português, quando se quer criar uma empresa, não vale a ideia mas sim o património que temos, as garantias que podemos dar à banca”, lamenta.

Fruto desta dualidade de funções — a de empresário e trabalhador por conta de outrem — António Almeida confessa que “a Barba & Cabelo está a ter uma expansão lenta, mas a dar passos sólidos. Até porque, não tem dúvidas de que, “os homens estão cada vez mais preocupados com a imagem, que é cada vez mais valorizada em termos pessoais, sociais e laborais”.

E nesta matéria, assegura, “a cidade do Porto é um filtro muito importante”. O empresário confessa não ter nenhum afecto especial Lisboa ou ao Porto, mas não tem dúvidas de que “a cidade Invicta é o melhor filtro para conceitos de negócio diferentes. O seu público é muito conservador e precisa de coisas verdadeiramente boas para dar o seu aval”. António Almeida acredita que se o conceito vingar no Porto, vingará em qualquer cidade do país.

Neste momento a empresa dá emprego permanente a quatro pessoas. O empresário tem como objectivos a médio prazo iniciar a expansão do conceito, mas é cauteloso no que toca à definição de prazos. “O conceito está pensado para vários cenários, um deles é que a loja tenha sucesso mas apenas para se manter a ela mesma. Esse não é o cenário mais aliciante para mim. A outra possibilidade é que o sucesso de alastre a outras zonas do país”, explica.

Neste último caso, o empresário apostará num modelo de replicação misto que combina «franchising» com lojas próprias, mas confessa que “para chegar a esse ponto há dificuldades que têm de ser ultrapassadas”. Por se tratar de um negócio que combina várias valências, é necessário definir como seria solucionada a questão das exposições de arte que poderiam ser feitas com recurso a artistas locais ou num sistema de rotatividade a um ritmo mensal. Em todo o caso, António Almeida frisa que nesta fase está ainda a testar o conceito e a aperfeiçoar o sistema de gestão e que “na melhor das hipóteses, a replicação pela via do «franchising» avançará apenas em 2008”. Nessa altura, o empresário sabe que terá de ter mais disponibilidade e, eventualmente, a Barba & Cabelo terá de ser a sua única actividade profissional.

António Almeida não tem gurus e é avesso a seguidismos de toda a espécie. Aos 45 anos, o empresário tem como o único princípio de gestão quotidiano ‘a ética'. A quem queira criar o seu próprio negócio, aconselha uma aposta consciente. Até porque, para o empresário “vivemos num país de não empresários, onde as coisas não são fáceis, mas que só encontrará um novo rumo a partir do momento em que as pessoas se tornarem mais propensas à acção do que à reacção”.


BI Empresarial

Nome: Barba & Cabelo
Fundadores: António Almeida (45 anos)
Data de criação: Junho de 2006
Sede: Porto
Área de actividade: Barbearia, galeria de arte e bar
Investimento inicial: (não divulgado)
Empregos criados: Quatro postos de trabalho permanentes
Público-alvo: Homens que se preocupam com a imagem.
Principais dificuldades: Financiamento já que “é difícil vender o valor de uma ideia à banca”.
Princípio de gestão de que não abdica: Gerir sempre com ética!
Perspectivas futuras: Expandir o conceito para outros pontos do país através de um modelo misto que combina o «franchising» e a abertura de lojas próprias
Lema: “Agir e não apenas reagir”
Sítio «on-line»: www.barbaecabelo.com





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