O Aveiro - Rede Expresso
UMA equipa de investigadores da Universidade de Aveiro
(UA) tem vindo a produzir recursos educativos ("kit") para o
ensino das ciências a crianças dos seis aos dez anos de idade,
no âmbito de um projecto de investigação inovador
a nível europeu.
"Trata-se de uma inovação e renovação
do ensino das ciências para os mais novos, baseada na ideia de
que temos de começar a partir daquilo que nos é próximo",
explicou a "O AVEIRO" a coordenadora do projecto, Isabel Martins,
acrescentando que estes recursos didácticos "têm
chamado a atenção da comunidade científica de educação
em ciências pela novidade e originalidade".
Iniciado há cinco anos, o projecto conta com o envolvimento de
alunos finalistas da licenciatura em ensino básico - 1º
Ciclo, do departamento de didáctica e tecnologia educativa da
UA.
Além de colmatar a falta de recursos existentes nas escolas,
para esta área específica, estes "kit" representam
uma abordagem diferente do ensino das ciências nos primeiros anos,
uma área que, segundo Isabel Martins, é ainda "menos
importante para os professores".
De acordo com a investigadora, os "kit" estão centrados
nos objectos e materiais: "Os primeiros a serem produzidos estavam
relacionados com a origem dos materiais e a diferença entre materiais
e objectos e agora estão a ser elaborados recursos sobre classes
de materiais específicos, nomeadamente os 'kit' sobre plásticos,
fibras têxteis e metais e ligas metálicas (o último
a ser desenvolvido)".
Isabel Martins adiantou ainda que para a elaboração dos
"kit" foram usados temas e questões do quotidiano,
a partir de objectos que são familiares às crianças,
para desenvolver a compreensão sobre a sua constituição
e propriedades, o seu uso, as suas implicações sociais
e as suas repercussões ambientais.
Ligar o ensino da ciência à realidade
"Não se trata de fazer explicações aprofundadas
em termos conceptuais sobre os materiais, mas sim ajudar a compreender
a variedade do que nos cerca e que os recursos não são
renováveis e, por isso, são finitos", adiantou
a docente da UA, acrescentando que promover, desta forma, o ensino das
ciências em contexto social, serve para "mostrar que as
ciências ajudam-nos a compreender as coisas e a respeitar o mundo
em que vivemos, e portanto a ter outros comportamentos necessariamente".
Os "kit" existem como exemplares únicos e podem ser
usados na universidade ou nas escolas mediante empréstimo. "É
muito estimulante e gratificante ver como as crianças e os próprios
professores reagem", afirmou Isabel Martins.
A responsável avançou que os "kit" já
foram "suficientemente testados" em diversas escolas
e na própria Universidade de Aveiro, nomeadamente nos dias abertos
e na semana da Ciência e Tecnologia.
Os investigadores estão também preocupados em usar estes
recursos nos programas de formação de professores do ensino
básico - 1º Ciclo da UA, para que os professores possam
depois improvisar os seus próprios "kit".
O futuro do projecto passa pela comercialização e uma
difusão mais alargada destes "kit". "Aquilo
que queremos fazer, numa etapa posterior, é procurar formas de
duplicar estes exemplares, enquanto recursos didácticos, para
os difundir. Portanto, ter-se-á de criar um processo de registo
de patentes e depois de comercialização", concluiu
a coordenadora deste projecto.