Fraude, corrupção, lavagem de dinheiro, são claramente os ensinamentos que não vai querer retirar do “Lobo de Wall Street”. Mas nesta mistura inebriante de ilicitude e talento para a liderança, há algumas lições a assimilar, sobretudo no que diz respeito às formas certas e erradas de fazer negócios. Melinda Oliver, especialista em negócios e liderança da Smart Company, analisou o filme e simplificou as seis grandes lições que os empresários podem retirar da vida de Jordan Belfort (ver caixa).
O percurso do jovem Jordan Belfort que procura em Nova Iorque a concretização do seu sonho de sucesso e que após um despedimento se envolve num negócio de ilicitudes, teve como motor de arranque a convicção de que tudo se constrói a partir de uma ideia. O sucesso inicial da Stratton Oakmont de Belfort sustentou-se nas premissas de que quem tem dinheiro adora investir, sobretudo quando o negócio parece legitimo, e que para o sucesso da sua ideia era fundamental conseguir “treinar” jovens pouco qualificados que parecessem experientes corretores de bolsa ao telefone. Conseguiu.
Apesar da ilicitude do seu negócio, Belfort demonstra com a sua estratégia que para construir uma empresa de sucesso a simplificação, a diversidade de competências, a motivação e reconhecimento da sua equipa, a capacidade de analisar erros passados e corrigi-los, a criação de uma reputação e de um conjunto de valores comuns a todos os elementos, a liderança pelo exemplo, a gestão de expectativas, a aparência e a consciência de que em qualquer negócio, as pessoas dependem sempre do seu líder, há muito a reter no “Lobo de Wall Street”.
Uma das principais lições empresariais que daqui decorrem reside na liderança pelo exemplo. Jordan Belfort representava pela sua imagem, postura e conduta (a não aplicar), o que os seus colaboradores ambicionavam alcançar. Enquanto líder, Belfort fazia também questão de pagar aos seus colaboradores acima da média e muitos, os melhores, eram ainda premiados. Com isto, eram assegurados dois fatores fundamentais: o reconhecimento da lealdade e a motivação dos colaboradores. Outro dos princípios de gestão que “O Lobo” aplicou na constituição da sua equipa foi o princípio da diversidade: a equipa de Belfort era imbatível porque era diversa e com competências distintas, mas complementares.
Seis regras de ouro para sucesso empresarial
1º Engula o orgulho e comece do zero
Belfort iniciou a carreira numa reconhecida corretora, mas o “crash” da “segunda-feira negra” fá-lo perder o emprego e obriga-o a reajustar os planos. Juntamente com um amigo, decide abrir a sua própria firma, a Stratton Oakmont, que vai funcionar como plataforma para a sua ambição. Vícios e ilicitudes à parte, foi esta determinação para começar do zero e desbravar caminho que o fez ganhar muito dinheiro.
2º Tenha paixão pelo que faz
É bem verdade que a paixão de Belfort pelo dinheiro o levou a entrar por caminhos e práticas pouco escrupulosas, mas é inquestionável o quanto o personagem interpretado por DiCaprio amava a sua profissão e a indústria onde trabalhava e o quanto esta motivado e orientado para vender e ter sucesso. Qualquer empresário que canalize esta força e motivação para uma atividade licita, sairá beneficiado.
3º Foque-se no que está a vender
Sempre que Belfort pegava no telefone para fazer um negócio, jamais desligava o telefone até que o processo estivesse concluído a seu favor. Belfort seria capaz de vender qualquer coisa, incluindo ações de uma empresa inexistente. A arte de construir um relacionamento com um cliente, passando-lhe um sentimento de pertença, confiança e sucesso sobre um determinado acordo comercial, é uma técnica que qualquer homem de negócios deve dominar.
4º Contrate pessoas com potencial
Quando Donnie Azoff, interpretado por Jonah Hill, atende Belfort num restaurante, e lhe pergunta como conseguiu comprar o carro desportivo estacionado em frente, Belfort deteta imediatamente a sua sede por dinheiro. Donnie é inexperiente mas tem fome de sucesso. Uma fome da qual Belfort sabe que pode tirar partido, com a formação adequada. Parte do sucesso de Belfort está sustentado nesta estratégia: ele contratou sempre pelo potencial e nunca pela experiência ou habilitações, e ensinou os seus quadros a tornarem-se imbatíveis nas vendas.
5ª Premeie as suas pessoas para ganhar lealdade
Contratar acompanhantes ou promover festas onde tudo vale, embora fossem as abordagens favoritas de Belfort, não poderão integrar a lista de incentivos adequados a uma empresa. Ainda assim, apesar das questionáveis opções de Belfort, ele cedo percebeu que consolidar o espírito de equipa e recompensar os seus quadros, eram a melhor estratégia para reter funcionários leais e motivados.
6º Tenha um discurso vencedor e inspiracional
No filme Belfort protagonizou um discurso cativante, mostrando à sua equipa a sua paixão pelo negócio e o seu reconhecimento pelo papel dos seus colaboradores. Ser um bom comunicador com a sua equipa, um entusiasta do seu negócio e um líder inspirador, faz toda a diferença em cenários de austeridade.