Marisa Antunes
O Parlamento Europeu (PE) aprovou esta semana um relatório que prevê a introdução de valores comuns como o multilinguismo (e a História), nos programas escolares dos Estados-membros. O relatório, aprovado por 470 votos a favor (com 55 contra e 24 abstenções), defende que esta é a melhor forma dos alunos concluírem o ensino médio com os conhecimentos básicos de um cidadão da União Europeia.
Em países como a Itália ou a Alemanha, o ensino obrigatório de uma língua estrangeira logo a partir dos seis anos, na escola básica, é já uma realidade. Em Portugal, por enquanto, os estabelecimentos de ensino são apenas obrigados a leccionar Inglês nos 3º e 4º anos do 1º ciclo, uma disciplina que, no ano passado, contou com uma adesão de 98% das escolas primárias.
Isabel Brites, membro da direcção da Associação Portuguesa dos Professores de Inglês (APPI), lembra que já o Conselho da Europa preconiza, há muito, o estudo de uma língua estrangeira no 1º ciclo. Por isso, a APPI defende que também no nosso país, o inglês passe a fazer parte do currículo obrigatório dos alunos logo no 1º ciclo.
“Nós estamos a batalhar por uma obrigatoriedade de frequência e não apenas por uma obrigatoriedade de oferta”, realça a responsável, lembrando que o Inglês é uma linguagem universal de comunicação e entre outras vantagens, é um grande trunfo numa economia global, onde a mobilidade no Espaço Europeu (e não só) é cada vez mais frequente.
O documento agora aprovado pelo PE propõe ainda aos Estados-membros que os seus programas escolares contemplem não uma, mas duas línguas estrangeiras, desde tenra idade.
Para o pediatra Mário Cordeiro esse contacto com outros idiomas até deveria começar antes da idade escolar, aproveitando a capacidade dos mais pequenos de aprender a brincar.
“Ainda antes dos seis anos, as crianças podem passar por uma aprendizagem natural dos idiomas, de uma forma lúdica, sem uma formatação escolar, para que não se sintam sobrecarregadas”, realça o especialista.
Isabel Brites concorda, lembrando que os ensinamentos de uma língua estrangeira devem ser transmitidos “o mais cedo possível às crianças”, desde que seja através de “músicas, jogos e brincadeiras, até porque nesta idade ainda nem dominam a escrita e a leitura da língua materna”.
A aprendizagem inicial de uma língua deve, assim, assentar na comunicação oral, privilegiando-se as actividades de expressão e compreensão, sempre numa base lúdica.