Cátia Mateus e Maribela Freitas
A moda das feiras de emprego chegou a Portugal há alguns anos e desde então tem vindo a capitalizar adeptos entre empresas de recrutamento e candidatos. Espaços de eleição para o encontro entre quem recruta, quem procura emprego e instituições de ensino, estas feiras provocam, não raras vezes, autênticas ‘peregrinações' aos recintos onde se realizam. Mas as potencialidades destes certames não se restringem apenas à oferta de emprego. Há outras potencialidades nestas feiras que convém não negligenciar.
No ano passado, a empresa de recrutamento Select/Vedior esteve presente em seis feiras de emprego. A recrutadora percorreu o país — de Famalicão a Évora, passando por Lisboa, Porto e Aveiro — colocando, em cada, certame cerca de 200 oportunidades de emprego que foram totalmente assimiladas pelos visitantes. Mário Costa, administrador do grupo Select/Vedior, acredita que “para as empresas de recrutamento, estas feiras são espaços privilegiados para a obtenção de candidaturas e contacto com o público”.
O líder adianta ainda que “a presença nestas feiras permite às empresas reduzirem o tempo de recrutamento gasto com a colocação de anúncios, telefonemas e entrevistas”. Mas a grande vantagem, enfatiza, é para os candidatos que encontram nestes certames a oportunidade de aceder a uma ampla diversidade de ofertas, mas também aumentar a sua rede de contactos, conhecer melhor as empresas e responder imediatamente às ofertas disponíveis.
Uma opinião corroborada por José Vaz Quintino, director-executivo da Egor em Lisboa, para quem “as feiras de emprego revelam particular importância na aproximação das empresas aos jovens finalistas ou recém-licenciados, permitindo a recolha dos seus currículos e a sua inclusão em futuros processos que venham a ser desenvolvidos”.
Já o seu colega do Porto, Rui Silva, considera que “estes certames servem essencialmente para a divulgação de oportunidades de emprego e de formação profissional, quer por parte das empresas de recursos humanos, quer pelas organizações dos dos mais diversificados ramos”.
Tal como a Select, a Egor é uma presença assídua neste tipo de iniciativas, uma vez que aqui tem a oportunidade de recolher currículos para futuros processos de recrutamento, de divulgar ofertas de trabalho e de se dar a conhecer junto de candidatos e potenciais clientes. Os visitantes destas feiras têm sobretudo a oportunidade de contactar com novas empresas, de alargar as suas hipóteses profissionais e de se darem a conhecer ao mercado.
Mas para Mário Costa, a visita a uma feira de emprego começa em casa. O candidato tem de se preparar. “Não é suficiente visitar a feira. O candidato deverá tentar saber quais são as empresas que vão estar presentes e definir prioridades no que se refere aos objectivos que o levam à feira de emprego”. Mário Costa aconselha ainda a “antecipar algumas perguntas que os responsáveis de cada empresa lhe possam fazer sobre a sua formação, experiência profissional e motivação. No fundo, treinar e preparar o que vai dizer”.
Estratégias de peso que o podem ajudar a rentabilizar a sua visita a uma feira de emprego (ver caixa) e que segundo o especialista podem aumentar as suas possibilidades de sucesso. O objectivo é sair da feira com um emprego, mas Rui Silva mostra-se céptico em relação ao impacto directo que a participação nestes eventos tem na integração laboral. “Não penso que as hipóteses dos candidatos se integrarem no mercado de trabalho aumentem, de uma forma directa, com a participação nestas feiras, mas esta presença possibilita sobretudo optimizar tempo no contacto com uma maior diversidade de ofertas, o que pode ser vantajoso para quem procura emprego”, acentua.
E esta moda da oferta de trabalho cativa também as instituições de ensino. A Universidade da Beira Interior (UBI) organiza feiras de emprego desde 2003 e este ano está a preparar uma semana do emprego, com fóruns de debate e a presença de empresas de referência em cada umas das suas áreas cientificas.
Rogério Palmeiro, responsável pelo Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais da UBI, é de opinião que estas feiras visam a promoção e divulgação de um conjunto de entidades que apostam em mão-de-obra altamente qualificada e que investem em recém-licenciados como uma potencialidade de futuro e garantia de sucesso a longo prazo. “São espaços privilegiados de recrutamento e permitem aos alunos/recém-licenciados ter contacto com o ‘cheiro' do mundo empresarial e profissional”, acrescenta. Outra das entidades que aposta nas feiras de emprego é a Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa (FDUCP).
Até agora este organismo já efectuou quatro em que juntou sociedade de advogados, a ordem desta classe e outras entidades onde os licenciados em direito poderão vir a trabalhar. “Uma universidade deve ter como missão essencial zelar pela melhor inserção profissional dos seus diplomados e qualquer iniciativa que a favoreça é positiva. Estas feiras servem também para tornar os respectivos cursos mais conhecidos dos empregadores e promover o respectivo «feed-back» quanto ao tipo de formação que mais valorizam”, salienta Luís Barreto Xavier, membro da direcção da FDUCP. Até aqui, esta faculdade faz um balanço muito positivo deste tipo de iniciativas.
Luís Barreto Xavier conta que “além da contribuição dada para a entrada dos seus diplomados no mundo laboral, o «jobshop» de direito da católica contribuiu para dar a conhecer a orientação estratégica da faculdade de criação de laços fortes com a sociedade e o mercado”.
Dicas de orientação
Para tirar o melhor partido da sua visita a uma feira de emprego, há alguns cuidados que deve ter. Visitar não é suficiente e por isso deixamos-lhe alguns conselhos de orientação para rentabilizar a sua visita. Tome nota:
. Prepare CV's actualizados e cartas de motivação, leve-os consigo, para que possa entregá-los em cada uma das empresas que participam na feira;
. Esteja atento aos «stands» da entrada. Eles são úteis para saber quais as empresas presentes na feira e quais as que têm interesse em visitar;
. Analise convenientemente as ofertas de emprego expostas e tente direccionar a sua candidatura para uma área específica;
. Nunca esquecer que se encontra em contexto profissional (procura de emprego), pelo que a sua apresentação pessoal e comportamento manifesto se deverá ajustar a tal situação;
. Não deixe de entregar o seu currículo sempre que isso lhe seja possível. Mesmo que naquele momento não exista uma oportunidade atractiva, pode vir a haver futuramente;
. Inscreva-se em todas as empresas que lhe interesse, tanto de recursos humanos como de sectores específicos;
. Nestes eventos o visitante tem a oportunidade de uma forma pessoal e individualizada de mostrar disponibilidade para aceitar desafios, dar a conhecer as suas capacidades, dinamismo e mais-valias que pode colocar ao serviço da entidade. Não perca essa oportunidade;
. Esteja atento, faça perguntas e dê-se a conhecer;
. Aproveite para recolher, sempre que possível, literatura e cartões de visita que lhe permitam um acompanhamento do mercado mais eficaz ou o alargamento da sua rede de contactos.