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Ideias para dar e motivar

A participação dos trabalhadores na gestão da empresa tem efeitos directos na produtividade
13.04.2007


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Marisa Antunes
É simples, é barato, aumenta a motivação e produtividade dos trabalhadores e a rentabilidade das empresas. Usados há muito pelas multinacionais, os sistemas de gestão que valorizam a participação dos trabalhadores, não têm ainda muitos adeptos em Portugal onde as organizações empresariais pecam por uma gestão centralizada que deixa de fora as ideias dos colaboradores. Há quem os baptize sistemas de criatividade, de gestão de ideias ou de participação mas a génese é a mesma: pedir e aceitar sugestões (que podem ser mais ou menos complexas) aos trabalhadores e implementar efectivamente as melhores propostas na empresa.

Este é um dos temas que vai ser analisado na 13ª edição do Fórum Recursos Humanos 2007 a realizar nos dias 19 e 20 deste mês no Hotel Palácio Estoril. Miguel Monteiro, presidente do grupo Avanport, que integra a Chip7, a Introduxi e a Seara.com, é um verdadeiro entusiasta deste modo de gestão participativo, que implementou há cerca de ano e meio no universo das suas empresas de soluções de informática e que envolvem cerca de 330 pessoas. “O nosso sistema está orientado para as micro-ideias e tem por base aumentar a produtividade e alinhar todos os nossos trabalhadores para um interesse comum”, explica o empresário, que será um dos intervenientes no Fórum RH.

Partindo do princípio que não dar sugestões é sinónimo de estagnação, o sistema é obrigatório, devendo os trabalhadores contribuir com um mínimo de duas propostas por mês. “Faz parte da natureza humana dar ideias. Se isso não acontece é porque algo não está bem. Não queremos só os braços, queremos também as sugestões das pessoas sobre o seu trabalho”, sublinhou Miguel Monteiro.

Já muito experiente neste tipo de sistemas, a fábrica da Renault em Cacia recebe há vinte anos as pequenas ou grandes ideias dos seus mais de 1000 trabalhadores. Sem carácter obrigatório, as melhores propostas são recompensadas monetariamente, sendo o prémio entregue, com alguma pompa e circunstância em cerimónias específicas para o efeito, e ainda com a publicação do feito, com o devido destaque, no jornal da empresa.

Francisco Serrador, director de recursos humanos da Renault Cacia lembra que das mais de 8000 propostas que recebem por ano por parte dos trabalhadores, entre 15 a 20% são postas em prática. “Chamam-se ‘ideias concretas de progresso', este nosso sistema de participação e tem diferentes graus de complexidade, desde as pequenas ideias de aplicação rápida, premiadas simbolicamente com 10 euros até às sugestões que impliquem uma análise técnica e económica da sua viabilidade, podendo neste caso, ser recompensadas com prémios que variam entre os 30 e os 1000 euros”, explica o responsável, que também irá participar no Fórum RH.

Cerca de 65% das propostas vindas dos trabalhadores referem-se a melhorias nas condições de trabalho, mas existe uma multiplicidade de sugestões em áreas diversas desde a organização das tarefas à qualidade do produto. Também no grupo CUF, o objectivo é envolver positivamente as cerca de 1100 pessoas que ali trabalham. Rita de Jesus coordena o projecto Colombo, activado em Outubro do ano passado como forma de incrementar a motivação e produtividade dos colaboradores. “O resultado está a ser muito positivo e já recebemos cerca de 200 ideias, tendo sido aprovadas e/ou implementadas mais de 30”, realça a gestora do projecto.

Como explica a responsável, as propostas tanto podem referir-se ao processo produtivo, como a questões do ambiente de trabalho ou de segurança, só para citar alguns exemplos. Uma vez apresentadas as sugestões através do sistema intranet, são depois encaminhadas para os respectivos directores de departamento. Os trabalhadores que virem a sua sugestão seleccionada recebem 150 euros no final do mês. De quatro em quatro meses faz-se uma nova selecção com o total de propostas, sendo o vencedor distinguido com 1000 euros.





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