Cátia Mateus e Maribela Freitas
O FACTOR humano é hoje, indubitavelmente, o grande
trunfo de qualquer organização.
Apesar da crise económica e dos sucessivos cortes orçamentais,
a força laboral continua a encabeçar a lista das prioridades
dos executivos em todo o mundo. Constituir uma empresa líder em
matéria de desempenho humano é a ambição de
qualquer gestor.
Num estudo realizado pela consultora Accenture - "The
Accenture High-Performance Workforce Study 2002/2003" - foram identificados
vários eixos de intervenção para optimizar o desempenho
humano nas empresas, tornando-as líderes nesta área.
Com efeito, aquela pesquisa constatou que a função de gestão
RH está a tornar-se cada vez mais estratégica na hierarquia
organizacional. Cerca de 63% dos líderes empresariais afirmaram
que os recursos humanos são críticos para executar a estratégia
empresarial.
É que com a "guerra de talentos" que precedeu o "boom"
tecnológico, as companhias acordaram para uma nova realidade: a
força de trabalho é o grande factor de diferenciação
na competitividade empresarial. Face a esta realidade, o desafio actual
é criar e manter uma equipa de trabalho com um elevado desempenho.
Alcançar este objectivo é que nem sempre é o mais
fácil. São vários os factores a considerar. Da formação
às compensações salariais e "pacotes" de
incentivos, tudo conta quando o objectivo é conquistar e reter
um bom profissional e com isso, ganhar cota de mercado.
Uma estratégia de resto visível no trabalho realizado pela
Accenture. Com base num inquérito realizado a 200 executivos, distribuídos
por empresas de seis países, e do estudo de caso de cerca de 12
organizações, a consultora verificou que, apesar da importância
estratégica dos RH, a maioria dos executivos detecta na sua força
de trabalho "lacunas ao nível de competências, um
desconhecimento do negócio e estratégia organizacional,
bem como uma incompreensão por parte do trabalhador face à
relação entre o seu trabalho e as prioridades estratégicas
da companhia".
O reconhecer desta realidade levou muitas empresas a apostar fortemente
na formação, implementando o vasto leque de acções
destinadas a melhorar a "performance" dos seus recursos.
Contudo, em tempo de crise económica, os aumento dos gastos com
a formação parece não ter alcançado o efeito
desejado. Segundo o estudo, a maior parte dos executivos, não retirou
grandes vantagens deste incremento de formação evidenciando
apenas uma satisfação moderada face ao impacto destas acções.
Falta de estratégia limita resultados
Contudo, para a Accenture, esta aparente insatisfação pode
ser explicada com a falta de perspectivas futuras que algumas empresas
evidenciam e pela ausência de uma estratégia de formação
que se coadune com as necessidades e objectivos da empresa.
Ignorando muitas vezes o real impacto que as acções executadas
terão no seu negócio, os executivos desconhecem para onde
canalizar os seu investimento.
Ainda assim, algumas empresas têm conseguido mostrar sucesso nesta
área. Para a Accenture, "estas empresas, colocam a sua
força de trabalho ao mesmo nível de importância dos
seus clientes". Uma estratégia de posicionamento que abarca
também a comparação permanente entre o investimento
realizado em formação e os resultados da empresa, utilizando
a tecnologia como factor determinante na melhoria da "performance"
da sua força de trabalho.
A consultora detectou 27 casos de sucesso em matéria de RH. Em
comum estas empresas demonstraram ter a capacidade de fomentar entre a
sua força laboral o conhecimento profundo da relação
entre o contributo do seu trabalho e o sucesso da empresa.