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A crise ou a oportunidade dos 45?

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) está de olhos postos no desemprego entre os “maiores de 45 anos”. A par com a elevada taxa de desemprego entre os jovens este é também, para o Governo, um flagelo nacional. Mas o caminho ainda se espera longo, até que o país consiga minimizar as dificuldades de reintegração profissional dos desempregados nesta faixa etária mais sénior.
31.05.2012 | Por Cátia Mateus


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Desde fevereiro deste ano, o IEFP já convocou 194.040 desempregados a receber subsídio há mais de seis (o equivalente a 80% do total), mas só conseguiu garantir a colocação de 1937, um por cento. Elevar esta percentagem é uma das ambições do executivo que conta para isso com as mudanças geradas no campo da dinamização dos centros de emprego, que entraram em vigor este ano. Mas a realidade é que, para lá de quaisquer medidas, existem as barreiras culturais que são, muitas vezes, mais difíceis de ultrapassar do que qualquer crise. Nos últimos anos, à semelhança do que tem acontecido em termos genéricos, o desemprego sénior tem vindo a aumentar. Além dos fatores relacionados com a adversidade económica, os entraves ao crescimento e financiamento empresarial que têm atirado para a estagnação o mercado de trabalho, muitas empresas colocam ainda claras barreiras em contratar, em igualdade de circunstâncias, perfis recém-licenciados e outros mais experientes. A discriminação dos desempregados séniores no mercado de trabalho nacional é, para muitos especialistas, uma realidade. Ao contrário do que sucede por exemplo no Brasil, as empresas portuguesas teimam em considerar que um profissional acima dos 45 anos é, pela sua idade, menos competitivo, ignorando o potencial que poderia ser retirado da sua experiência acumulada. Um estudo recente divulgado pela revista Veja, no Brasil, revelava as oito características do profissional mais cobiçado do mundo. Entre eles estava a senioridade da sua experiência. Segundo a publicação, “as empresas desejam que os seus melhores profissionais saibam lidar com dinheiro e consigam, por exemplo, elaborar projetos com hipóteses reais de sair do papel”. E vai ainda mais longe ao referir que o profissional ideal tem, no mínimo, dez anos de atuação sólida no mercado. Tudo porque “os últimos solavancos da economia não deixam espaço para iniciantes”. Uma premissa que Portugal não deveria negligenciar, sobretudo na circunstância de adversidade que enfrenta, e que os profissionais também não deveriam deixar de utilizar como trunfo, no momento em que se apresentam ao mercado. Yves Turquin, managing director da Transitar, tem há anos uma velha máxima: “ninguém recruta alguém que vê o copo meio vazio. O copo está sempre meio cheio”. E este é para o especialista o espírito com que os profissionais séniores devem abordar o mercado de trabalho, enfatizando não a missão de procurar um emprego, mas o real contributo e a diferença que pode marcar numa determinada empresa, projeto ou negócio. É um facto que não há fórmulas milagrosas para ser atraente aos olhos de um recrutador, sobretudo se já passou a barreira dos 45 anos. As dificuldades acrescidas são reais. Tão reais, como a sua vantagem competitiva, em termos de experiência e conhecimento, face a um recém-licenciado ou a um jovem profissional. Sirva-se dessa vantagem e enalteça-a no momento da entrevista. Para ultrapassar o desemprego nesta fase é igualmente importante lembrar-se que há oportunidades que não são divulgadas nas plataformas sociais ou nos media, mas que os seus conhecimentos indiretos e diretos podem ter acesso. Deve também centrar-se na sua competência e não no cargo que desempenhava. Alargue os seus horizontes e se necessário invista na formação em áreas que não domina.


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