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A ambição da paridade

A ambição da paridade

A Microsoft Portugal reuniu esta semana 200 estudantes universitárias para provar que as carreiras no sector das Tecnologias de Informação não têm género. O “Do IT Girls!” quer contribuir para inverter, nos próximos anos, o défice de mulheres nas carreiras tecnológicas. Vânia Neto, diretora da área de Educação, Cidadania e Responsabilidade Social, reconhece que os desafios são grandes e levarão tempo a concretizar, mas Portugal está a dar passos sólidos nesse sentido.

29.04.2016 | Por Cátia Mateus


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Em 2014, os dados do Eurostat davam conta de um total de 113.300 profissionais no sector das tecnologias de informação e comunicação em Portugal. Uma clara expansão desde 2011, ano em que o sector empregava 66 mil portugueses. O cenário espelha o potencial de empregabilidade de uma área que continua a encontrar resistência entre as mulheres. O organismo europeu de estatística afirma que 86,4% dos trabalhadores do sector são homens. No universo dos 28 Estados-membro da União Europeia, Portugal ocupa a quarta posição na lista de países que menos mulheres emprega na área. A paridade de géneros no sector ainda levará tempo a alcançar, mas a nível global as empresas da área estão focadas no compromisso de atrair mais mulheres para o sector tecnológico.

A Microsoft Portugal reuniu esta semana 200 jovens universitárias no evento “Do IT Girls!” para provar que “as carreiras no sector das Tecnologias de Informação (TI) não têm género”. Na verdade, será até para muitos insensato não considerar enquanto opção de carreira uma área que regista quase pleno emprego e que algumas áreas muito específicas regista até défice de profissionais disponíveis no mercado. É a própria Comissão Europeia a admiti-lo, ao estimar que em 2020 existam cerca de 825 mil vagas por preencher no sector, essencialmente porque o desenvolvimento de competências não se está a fazer de forma tão célere como o progresso tecnológico.

“Numa época em que a procura por profissionais qualificados nesta área tem aumentado, o número reduzido de mulheres a optar pelo sector tecnológico tem limitado a existência de profissionais qualificados no sector”, explica Vânia Neto, diretora da área de Educação, Cidadania e Responsabilidade Social da Microsoft Portugal, destacando que “a Microsoft tem reforçado o seu compromisso para com a diversidade e a inclusão ao desenvolver um conjunto de iniciativas que visam despertar o interesse das jovens estudantes pela tecnologia”. Uma dessas iniciativas é o evento “Do IT Girls!” que coloca em contacto jovens estudantes com a indústria tecnológica e com mulheres que trilharam carreiras de sucesso no sector. “O desafio é mostrar a estas estudantes como as funções técnicas e as ligadas à gestão, recursos humanos ou financeiras nas empresas de TI podem ser apelativas e sem género”, explica.

Entre o mito e a realidade
O objetivo da Microsoft é contribuir para contrariar a tendência identificada pelo Fórum Económico Mundial, que estima que a diferença de género nas empresas de TI não estará resolvida antes de 2133, invertendo assim um problema que para os especialistas começa nas universidades, onde é ainda reduzido o número de mulheres a frequentar cursos de engenharia. Vânia Neto reconhece que o caminho não é fácil. “Há ainda uma série de mitos associados às carreiras das mulheres no sector tecnológico e isso acaba por enviesar as suas decisões no momento em que têm de optar por uma carreira”, confirma a diretora acrescentando que “objetivamente, não há nenhuma razão para que isso aconteça”.

Na opinião de Vânia Neto, seja em funções mais ou menos técnicas, “as mulheres têm exatamente a mesma capacidade para as executar do que um homem”. O sector das tecnologias permite uma constante aprendizagem, é líder no que toca à inovação e transversal a todos os outros sectores de atividade. “Acredito que as mulheres estão em pé de igualdade em relação aos homens para desempenhar essas funções e progredirem nas suas carreiras”, reforça a diretora acrescentando que este é também um dos sectores “que mais facilita o tão desejado 'work life balance', um tema muito caro às mulheres”. ?Apesar de todo este potencial, Vânia Neto sabe que as empresas do sector terão ainda um longo caminho pela frente até conseguirem atrair as mulheres para as carreiras tecnológicas.

Para se aproximarem da necessária paridade, os empregadores “têm de ser mais intreventivos”. A iniciativa “Do IT Girls!” da Microsoft Portugal está a ser replicada em vários países, em moldes mais ou menos semelhantes ao que esta quinta feira juntou 200 estudantes e várias líderes do sector tecnológico nacional, mas o mesmo objetivo: inspirar as futuras gerações e conquistar as mulheres para a tecnologia.



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