Um emprego no Estado não atrai as novas gerações. A emigração é uma opção natural enquanto saída profissional e o empreendedorismo faz parte das opções profissionais dos mais jovens. Este é o retrato traçado pela Young Business Talents, a empresa de simulação empresarial e apoio às decisões de gestão, no âmbito de uma investigação social - o Relatório Young Business Talents 2016 - conduzida em parceria com a NIVEA e a Praxis MMT, tendo como objetivo conhecer as atitudes e tendências dos jovens entre os 15 e os 21 anos, nas questões determinantes que influem o seu futuro. O estudo analisou comparativamente os jovens de quatro países: Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Os portugueses são os mais empreendedores.
Mais de 67% dos jovens pré-universitários portugueses, que atualmente frequentam o 10º, 11º e 12º, colocam a hipótese de consolidar uma carreira profissional gerindo o seu próprio negócio. Segundo o relatório Young Business Talents 2016, a atitude perante o empreendedorismo “é significativamente diferente consoante a área geográfica onde se encontram os jovens inquiridos”. A zona formada por Portalegre e Santarém é a que acumula maior percentagem de jovens com predisposição para o empreendedorismo, 40% mais do que os do Porto, com 72% dos alunos a ponderarem esta via. Uma análise global do estudo permite também perceber que os jovens portugueses são, entre os quatro países analisados, os primeiros a apontar o empreendedorismo como opção de carreira. Os italianos figuram na segunda posição, com uma diferença de 49%. O sector dos serviços é o mais atrativo para os jovens que ponderam criar a sua própria empresa.
A fuga ao empregador Estado
Aquele que foi por gerações anteriores considerado o empregador de eleição de muitos portugueses, o Estado, não atrai hoje as gerações mais jovens. Só 8,84% dos pré-universitários portugueses colocam a hipótese de serem funcionários públicos, encarando esta via como a melhor opção para o seu futuro. A percentagem espelha um agravar da tendência de fuga ao empregador Estado que as gerações mais jovens têm vindo a consolidar. Em 2014, 11% ainda ponderavam trabalhar para o Estado. Mais 19% do que os que atualmente colocam essa hipótese.
Também aqui, há diferenças significativas entre as várias regiões do país. É nos Açores e na Madeira que ambição de uma carreira como funcionário público tem maior expressão, mais 30,7% do que a registada em Lisboa. Segundo o estudo, os jovens portugueses são também os que registam menor vontade de trabalhar para o Estado, entre os vários países analisados.