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A 2.ª oportunidade

A idade pode não ser um obstáculo profissional. Há esperança depois dos 50
27.01.2006


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Cátia Mateus e Marisa Antunes
A idade é um aspecto que não pode ser alterado e que continua a impor limites no mercado de trabalho nacional. A empregabilidade depois dos 50 anos é mais do que um desafio para os profissionais portugueses. São muitos os mitos associados aos profissionais seniores, a maioria deles pouco favoráveis para quem se recusa a ceder às investidas do tempo e teima em mostrar ao mercado que ainda pode ser produtivo. Mas, apesar das barreiras, é possível encontrar oportunidades para aqueles que se posicionam no mercado de trabalho de forma criativa e empreendedora.

A pensar nos profissionais qualificados mais velhos, foi criado na Universidade do Porto um curso, com a duração de um ano, para quem tem uma licenciatura em qualquer área de formação e com idade superior a 55 anos.

«Chama-se Programa de Estudos Universitários para Seniores (PEUS) e é o primeiro curso de uma universidade pública especificamente criado para licenciados seniores. Existem cursos nas universidades da Terceira Idade, mas têm uma componente mais cultural e de convívio», referiu ao EXPRESSO a coordenadora do programa, Graça Pinto.

O PEUS, com início marcado para o dia 21 do próximo mês, quer promover uma formação multidisciplinar, conjugando áreas como Estudos Portuenses (Geografia, História, Sociologia, Património, Literatura e a Língua da cidade do Porto), Psicologia Aplicada, Saúde, Informática, Comunicação e Línguas, sendo estas duas últimas disciplinas opcionais.

«Seria muito interessante que as pessoas com esta formação pudessem ser úteis à sociedade, pois ficam equipados para trabalhar na área do turismo, por exemplo, através da organização de visitas à cidade do Porto», acrescenta a coordenadora do curso.

Yves Turquin, director geral da empresa de «outplacement» Lee Hecht Harrison em Portugal, lembra que «a idade é um aspecto que não pode ser alterado, e, por isso, os profissionais seniores fora do activo devem actualizar os seus discursos e as suas visões de mercado».

«Os desempregados não precisam, necessariamente, de ser jovens, mas existe uma inegável necessidade para que pareçam vitais, o que significa um desafio adicional para os desempregados com mais de 50 anos», reforça.

O responsável acredita que ler, ser bom conversador, mostrar conhecimento ao nível das novas tecnologias, referir o último pensamento nos negócios ou falar sobre interesses pessoais poderão ser mais-valias nas entrevistas com potenciais empregadores. Segundo Yves Turquin, independentemente da idade, «as pessoas que mostram paixão pelos negócios e pela vida projectam uma imagem vibrante que lhes pode abrir muitas portas».

Manual de sobrevivência sénior

OS CONHECIMENTOS dos profissionais seniores não estão ultrapassados, mesmo quando se trabalhou toda a vida na mesma função, pois podem ser aplicáveis em diferentes situações.

OS TRABALHADORES com mais de 50 anos podem ser encarados como pouco flexíveis, mas a verdade é que têm mais experiência para saber reagir a diferentes situações.

OS SENIORES não devem concorrer apenas a funções para as quais é solicitada maior experiência ou uma idade mais avançada. Devem aproveitar todas as oportunidades que forem aliciantes.

OS DESEMPREGADOS seniores devem evitar falar sobre o anterior emprego, cargo ou historial, a menos que lhes seja perguntado directamente. Devem deixar de olhar para o passado.

A PROCURA de emprego não se deve restringir apenas a cargos adequados à experiência profissional ou aos anos de carreira.





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