Cátia Mateus
"SÃO jovens, têm espírito de iniciativa e vontade
de contribuir para a construção de um país mais "respirável".
Há três anos, Fernando Santos, Hugo Vieira e João
Santos delinearam um projecto para a criação de uma empresa
centrada na prestação de serviços ambientais.
A persistência e a convicção de que se tratava de
um projecto com futuro foram determinantes para a criação
do negócio.
E nem mesmo a dificuldade em obter financiamentos para "jovens"
empresas que ainda paira em Portugal, foi suficiente para travar o sonho
dos três empreendedores de Aveiro. A Enarpur nasceu em 2001 e é
já um sucesso.
Há quem nasça com vocação para criar, inovar,
com espírito para concretizar ideias, com "garra" para
empreender. E, quando assim é, não há como fugir.
Que o digam Fernando Santos, Hugo Vieira e João Santos, os três
jovens empresários de Aveiro, criadores da Enarpur. Com idades
compreendidas entre os 27 e os 29 anos e formação académica
na áreas da Engenharia do Ambiente e Química Industrial,
os jovens cedo souberam que o seu futuro passaria pelo empresariado. Em
2000, surgiu a ideia de criarem a sua própria empresa, mas apenas
um ano mais tarde o projecto passou da teoria à prática
e ganhou forma.
Deixaram os seus empregos para se dedicar por inteiro à Enarpur
que começava a dar os primeiros passos. E se é verdade o
lema de que "quem não insiste não existe", bem
pode dizer-se que esta equipa de empreendedores sub-30 é um exemplo
de persistência.
É que numa batalha contra o financiamento inicial, o "elo
mais fraco" é regra geral o empreendedor. Vencer num campo
de adversidade exige, antes de mais, estratégia. A partir daí,
é acreditar. Foi o que fizeram. Não tinham dúvidas
de que a ideia tinha potencial e por isso apresentaram uma candidatura
a um subsídio do III Quadro Comunitário (SIPIE) para minimizar
o problema do investimento.
A candidatura foi aprovada, mas as primeiras dificuldades não demoraram
muito a surgir. "Apesar da aprovação, a entrada
do capital do SIPIE ainda não aconteceu e tivemos de encontrar
outra solução", explicam os empreendedores.
Conscientes da dificuldade que é para as "empresas jovens"
aceder ao crédito bancário, os três empresários
aplicaram os seus capitais próprios, recorreram a amigos e familiares
na fase inicial do projecto. "Alguns meses depois do início
de actividade, conseguimos finalmente um crédito bancário",
explicam.
Ao todo investiram 200 mil euros que, garantem, "estão
perto de ser recuperados". Neste negócio, Fernando Santos,
Hugo Vieira e João Santos têm outros parceiros. Para os empreendedores
"um cliente quer soluções globais. Por isso, procurámos
para áreas afins aos serviços que prestamos, os parceiros
que consideramos mais adequados, tendo em conta a sua valia técnica".
Ambiente: um negócio com futuro
Actualmente a Enarpur presta serviços na área do ambiente,
nomeadamente ao nível da "caracterização
de emissões gasosas, avaliação da qualidade do ar,
medição de níveis de ruído e estudos de eficiência
energética". Como principais clientes, a empresa tem as
autarquias e o sector industrial (em diversos ramos de actividade).
Para Fernando Santos, não há dúvidas de que "esta
é uma área com algum potencial de crescimento, não
só por via do rigor legislativo que tende a crescer, mas também
pela cada vez maior influência que os aspectos ambiental/higiene
e segurança no trabalho assumem na produtividade e competitividade
das empresas". Talvez por isso, os empreendedores não
hesitem em afirmar que a Enarpur está numa fase de franco crescimento
e "é já uma referência num sector onde a concorrência
tem seis anos de actividade".
Para este ano, os jovens empresários prevêem um crescimento
da facturação de cerca de 100%, quando comparado com o ano
anterior. A criação de novas parcerias não está
fora de questão. Segundo Fernando Santos, "poderemos, eventualmente,
encontrar novos parceiros e avançar para outros nichos de mercado
dentro das áreas da poluição atmosférica e
ruído".
Um projecto de sucesso que a persistência ajudou a vencer. Mas ainda
assim, para os três empreendedores há que minimizar os riscos.
Para a equipa da Enarpur, antes de "mergulhar" em qualquer negócio
há que "fazer muitas contas, ouvir conselhos, conhecer
o mercado e jamais desperdiçar capital em aquisições
não essenciais".