Cátia Mateus
A internacionalização está cada vez
mais na mira dos empresários portugueses. Estratégia e rigor
podem determinar o sucesso.
FACILITAR o acesso ao mercado de trabalho dos jovens portadores de deficiência
é o principal desígnio do projecto PODER-Promover Organizadamente
o Desenvolvimento do Emprego.
Liderado pelo núcleo regional norte da Associação
Portuguesa de Paralisia Cerebral (APPC), com a estreita parceria da
Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE),
o programa pretende sobretudo funcionar como uma infra-estrutura de
desenvolvimento local de apoio sócio-laboral aos trabalhadores
com deficiência.
Trata-se pois de combater, pela via da mudança de atitude, a
discriminação e as desigualdades que ainda afectam a sociedade
actual.
De acordo a ANJE, porta-voz do projecto, "em toda a União
Europeia as pessoas com deficiência enfrentam obstáculos
de vária ordem, não apenas para conseguir e manter um
emprego, mas também para encontrar transportes acessíveis,
aceder fisicamente a edifícios e outros locais ou à educação
e formação necessárias ao exercício de uma
actividade profissional".
Factores que limitam, não raras vezes, a participação
dos portadores de deficiência no mundo do trabalho. Diz a associação
que "as pessoas com deficiência têm menos probabilidades
de ter um emprego ou gerir uma empresa do que as pessoas que não
sofrem de qualquer deficiência".
No processo de candidatura são mesmo citados os dados estatísticos
do Painel Europeu dos Agregados Familiares que revelam que "entre
os 16 e os 64 anos, a probabilidade de ter um emprego ou gerir uma empresa
é de 66%, taxa que diminui para 47% no caso dos indivíduos
terem uma deficiência ligeira e para os 25% no caso de deficiências
graves".
Uma realidade que para a APPC e para a ANJE indicia a discriminação
ou marginalização social que os portadores de deficiência
ainda sofrem e o que agora anunciado programa PODER quer ajudar a erradicar.
Igualdade de oportunidades
Espera-se com este projecto garantir mais e melhor emprego, ajudando
os portadores de deficiência a diversificar a sua imagem perante
a sociedade, como profissional competente, combatendo a associação
mecânica entre deficiência e incapacidade para trabalhar.
Com a criação desta estrutura ambas as associações
esperam contribuir para "encontrar formas de gerir, criar instrumentos
e estratégias, no sentido de superar alguns dos problemas existentes
no acesso ao mercado de trabalho da pessoa com deficiência".
Na sua essência este programa baseia a sua actuação
num conceito de "empowerment" que fornece aos portadores
de deficiência as ferramentas necessárias para triunfar
no mundo laboral, estimulando também o seu espírito empreendedor.
Na realidade, o projecto PODER - que abarca também uma plataforma
transnacional composta por um parceiro francês (Chambre de Métiers
de la Reunion) e um italiano (Associazone Italiana Assistenza Spastici)
- fornecerá aos portadores de deficiência um vasto leque
de ferramentas destinadas a facilitar o seu percurso laboral.
Ao nível nacional o PODER incluirá: a elaboração
do primeiro Manual do Empreendedor - Guia de Apoio a Grupos Especiais
(recolha de informações sobre esferas de trabalho profissionais
possíveis para pessoas com deficiência); materiais pedagógicos
relacionados com as novidades de formação à distância,
módulos de formação (Marketing, Criação
e Gestão de Empresas, Publicidade, Produção, Contabilidade);
criação de um sítio na Internet de consulta facilitada;
Estudos sobre barreiras/ atitudes das pessoas com deficiência
face ao emprego e diverso material de informação.
No plano internacional, os dos parceiros do projecto (França
e Itália) assegurarão a criação de um Manual
Final de Projecto cujo desígnio será capitalizar as experiências
comuns e individuais de cada parceiro e a promoção de
"workshops" que focarão áreas tão distintas
como o intercâmbio de recursos humanos, desenho de programas de
sensibilização, partilha de resultados sobre técnicas
de criação de empresas, transferência de conhecimentos
e novas metodologias de formação.
Destinado a beneficiar prioritariamente os indivíduos vítimas
das principais condutas de discriminação, o PODER decorre
da iniciativa comunitária EQUAL. Além da APPC e da ANJE,
o projecto inclui também a participação activa
da Junta de Freguesia de Ramalde e do Instituto de engenharia Electrónica
e Telemática de Aveiro.
Segundo a ANJE, "o objectivo é que no final, o PODER
deixe de ter estatuto de projecto e passe a ser uma estrutura de desenvolvimento
local autónoma com finalidade social de desenvolvimento empresarial
e apoio ao emprego de pessoas com deficiência".