Fernanda Pedro
A GRANDE escola do Alentejo é, sem dúvida,
a Universidade de Évora. A ligação à região
é uma realidade incontornável para esta instituição,
não fosse ela a única universidade em solo alentejano.
Numa região onde o desemprego tem mais expressão do que
noutra qualquer, é normal que a universidade tenha consciência
do facto e lute para alterar a situação.
Nesse sentido, a sua atitude "é pró-activa. Não
aceitamos a passividade", afirma Manuel Patrício, reitor
da Universidade de Évora. É por esse motivo, para este responsável,
a Universidade de Évora "é a chave decisiva para
o desenvolvimento do Alentejo e, em particular, para a criação
de emprego nesta vasta região do país".
Dessa forma, a postura da instituição aponta para o empreendedorismo.
Para Manuel Patrício, o objectivo da universidade é "preparar
mais os nossos futuros diplomados para a construção do seu
próprio emprego ou empresas do que para a expectativa estática
de ocupação de empregos inexistentes ou escassos".
De acordo com este responsável, a realização pessoal
dos seus alunos, bem como o desenvolvimento da comunidade dependem de
uma nova geração empreendedora e pró-activa. "É
para a formação desta que orientamos todo o nosso trabalho",
salienta o reitor.
Foi também dentro desta perspectiva que a Associação
de Estudantes da Universidade de Évora e a empresa de serviços
financeiros Fiducial estabeleceram um acordo com o objectivo de apoiar
os estudantes na criação de negócio próprio.
O projecto pretende facultar aos sócios da associação
académica interessados um estudo de viabilidade económica
de forma a promover a criação de um negócio próprio.
Ambas as instituições ambicionam constituir uma base para
promover novos projectos empresariais e dinamizar a economia regional.
De acordo com Manuel Patrício, o compromisso com a sociedade é
vital. "É imperativo investigar os problemas da sociedade,
porque a universidade não existe para olhar para o seu umbigo mas
sim para equacionar e resolver os problemas do mundo que a rodeia".
É por essa razão que "implantada no coração
do Alentejo só por autismo patológico a universidade poderia
alhear-se da sociedade envolvente. Nunca o fez, não o faz agora,
nem no futuro o fará", admite o reitor.
Investigar para desenvolver a região
Nesta orientação, Manuel Patrício explica que, seja
na esfera do ensino - licenciaturas e pós-graduações
-, seja na da investigação, ou no domínio da cooperação
e prestação de serviços à comunidade, o quadro
de actividades desenvolvidas pela universidade evidencia o forte compromisso
que a universidade assume com a sociedade.
"Dessa forma, reestruturámos profundamente o leque de licenciaturas
a ministrar para o próximo ano lectivo. Além disso, os projectos
de investigação, bem como os acordos de cooperação
existentes têm como meta principal ajudar o desenvolvimento da região",
refere. O responsável adianta ainda que, sem a universidade, "Évora
e o Alentejo não seriam hoje senão uma pálida expressão".
A universidade eborense tem desenvolvido uma estratégia integrada
de investigação para encontrar soluções de
forma a aumentar as potencialidades da região alentejana. Neste
plano, em 2002, foram apresentadas na Universidade 110 candidaturas a
projectos de investigação, tendo sido aprovados 26.
O reitor assinou 57 convénios e protocolos genéricos de
colaboração entre a Universidade e outras instituições,
organismos e empresas. São vários os projectos de investigação
ligados à região elaborados pela universidade alentejana.
Entre eles contam-se o desenvolvimento de novas tecnologias de informação
e comunicação para apoio ao sector empresarial do Alentejo
e Extremadura (Espanha); experimentação e divulgação
de tecnologias conservativas do solo e da água, para uma agricultura
de regadio sustentável, na bacia do Guadiana e outro de renovação
das oportunidades turísticas entre o Alentejo e a Extremadura espanhola.