É um dos principais sectores exportadores nacionais, assegurando quase 30% das exportações portuguesas, fruto do trabalho de cerca de 23 mil empresas e mais de 200 mil trabalhadores. A indústria metalúrgica e metalomecânica está a crescer em Portugal e a atrair novas empresas para o país, mas enfrenta múltiplos desafios. O maior deles é recrutar profissionais qualificados em número suficiente para as necessidades das empresas. Nas contas da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e afins de Portugal faltam 28 mil trabalhadores ao sector em Portugal. A expansão está a ser bloqueada pela carência de mão-de-obra, mas há já quem trabalhe para inverter este cenário. A Prodsmart, startup portuguesa especializada em gestão da produção industrial, criou uma bolsa de emprego que visa aproximar os profissionais das empresas e a ajudar a suprir as necessidades destas.
A plataforma arrancou esta semana, associada ao Dia Nacional da Manufactura (
dianacionaldamanufactura.com) - uma iniciativa criada em 2017 pela Prodsmart para “abrir as portas da indústria portuguesa à comunidade” -, com mais de 50 vagas em aberto de mais de dez empresas associadas, de norte a sul do país. O objetivo de Gonçalo Fortes, CEO da Prodsmart, é que a plataforma possa crescer em número de oportunidades e de empresas presentes, mas também que sirva para demonstrar que “este é um sector dinâmico, com empregabilidade e com carreiras aliciantes”, defende.
Soldadura, serralharia e costura são algumas das vagas disponíveis na plataforma que tem a ambição de se tornar “a plataforma de eleição da a indústria, nas suas várias áreas, para o recrutamento de profissionais”, admite Gonçalo Fortes. Grande parte das vagas disponíveis são para funções a tempo inteiro e qualquer empresa do sector industrial pode adicionar as suas vagas no site. “O que se pretende é promover a indústria como uma carreira viável para as novas gerações e apelativa”, realça o CEO.
Uma visão que é partilhada por Ana Lehman, secretária de Estado da Indústria, que reconhece o que diz ser “um inegável desencontro entre a oferta e a procura em vários segmentos do mercado de trabalho”. Apesar da boa evolução registada na taxa de desemprego, Ana Lehman reconhece que “ainda persistem muitas pessoas por colocar e muitas empresas (nomeadamente industriais) referem a dificuldade de contratar recursos humanos para fazer face ao volume crescente de encomendas” e, por isso, a secretária de Estado uniu-se à Prodsmart apoiando este projeto.
Robôs não preocupam ?líderes da indústria
A modernização e digitalização da indústria está em cima da mesa em quase todos os países. Mas, para Gonçalo Fortes, esse está longe de ser o maior desafio que o sector atravessa no momento. “O tecido industrial mundial é, maioritariamente, composto por pequenas e médias empresas. E as pequenas empresas têm uma ligação muito distante com indústria 4.0”, reconhece o líder. Por outras palavras, acrescenta Gonçalo Fortes, “as empresas pequenas não estão, nem podem estar, preocupadas em pôr robôs na linha de produção quando o seu problema é, na verdade, contratar pessoas”. Para o líder, na indústria como noutros sectores, tudo continua a estar centrado nas pessoas.
O CEO da Prodsmart reconhece que a indústria portuguesa terá de fazer o seu caminho para a modernização e digitalização, “tanto para fazer face à procura existente, como para se tornar atraente para os jovens”. Essa é aposta de Gonçalo Fortes com o lançamento da plataforma de recrutamento, mas também com o projeto mais vasto que conduziu no ano passado à criação do Dia Nacional da Manufactura, que contempla várias iniciativas com vista à aproximação da indústria à comunidade.
Durante todo o ano, a Prodsmart e a sua rede de parceiros nesta iniciativa estarão a promover um conjunto de atividades, desde workshops, sessões de sensibilização e partilha de informação sobre o contexto da atividade industrial e as suas opções de carreira. O objetivo é demonstrar que “uma carreira na indústria pode ser sexy”. A iniciativa culmina a 4 de outubro, com a celebração do Dia Nacional da Manufactura propriamente dito. “Durante um dia, as empresas que se associem a esta iniciativa abrirão a porta das suas fábricas à comunidade (jovens estudantes, universidades, público em geral), com o objetivo de mostrar como a indústria funciona, como são feitos os objetos que utilizamos diariamente e as pessoas que os fazem”, explica Gonçalo Fortes. A iniciativa conta já com mais de 100 parceiros, entre associações, empresas, profissionais e empresas de consultoria.