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«Diversificar é crucial»

14.03.2003


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Fernanda Pedro

O BONITA, alta e dona de uma figura física invejável, assim é Helena Naopelão que mesmo nos seus 47 anos de idade não passa indiferente aos olhares do mais incauto transeunte. Estas são algumas das características de uma mulher que durante anos deslumbrou nas "passerelles" da moda.

De manequim à publicidade, a apresentadora de programas televisivos portugueses e estrangeiros, a coreógrafa de espectáculos de moda, até à formação de manequins, Helena Napoleão já fez de tudo um pouco. A sua vida é um exemplo para quem pensa que a carreira de modelo termina no momento em que o brilho da juventude se começa a extinguir.

Dotada de um dinamismo invulgar, considera-se uma pessoa lutadora, criativa e acima de tudo honesta. Ao completar 20 anos de trabalho na área da formação de modelos e manequins, Helena Napoleão sente-se uma mulher realizada profissionalmente mas com a consciência de que tem ainda muita coisa para fazer na sua carreira. "Gosto muito da minha vida e do trabalho que realizo porque acho que sou uma sortuda, faço aquilo que gosto", revela.

O palco sempre a fascinou, o seu sonho de infância era ser actriz, mas o destino trocou-lhe as voltas e por casualidade foi parar ao mundo da moda. Tudo aconteceu quando tinha 15 anos. Um amigo fotógrafo enviou uns retratos de Helena para o "Diário de Lisboa" que organizava o concurso "Miss Teen". "Só vim a saber que ele tinha feito isso, quando vi a minha cara na capa do jornal a dizer que era uma das seleccionadas. Acabei por vencer o concurso e foi a partir daí que pensei em ser manequim", lembra.

Apesar do fascínio do mundo da moda, Helena não deixou de estudar e ainda entrou na Faculdade para obter a licenciatura de Economia. Assim, a par com os estudos universitários tirou o curso de manequim com Bryan MacCarty e continuou a desfilar. E como se isso não bastasse, a sua vida pessoal tomou novos contornos. Depois de um casamento aos 16 anos, aos 19 vieram os filhos, e no espaço de quatro anos teve três crianças. "Mesmo durante este período da maternidade continuei a desfilar, a fazer publicidade e a estudar. Os filhos não alteraram em nada o curso da minha carreira", refere.

Contudo, a faculdade acabou por ficar para trás, tudo porque segundo Helena, "na moda ganhava-se muito bem e verifiquei que nunca conseguiria isso com o curso. Por esse motivo acabei por deixar a universidade".

Entretanto, em 1983 criou a primeira agência em Portugal de manequins, de modelos e figurantes e iniciou-se na formação. Fez estágios em Londres e Barcelona porque no nosso país não havia nada nessa área. Bryan MacCarty fazia pequenos "workshops" e foi com ele que aprendeu tudo. Por isso Helena sublinha que essas saídas para o estrangeiro não lhe trouxeram nada de novo. "De qualquer forma, é muito importante sair do país e ver o que se faz lá fora. A actualização é fundamental nesta profissão, mas não quer dizer que se faça melhor nos outros países do que em Portugal", salienta.

Foi também com o Bryan que começou a coreografar os espectáculos na FIL Moda. E a sua carreia não se ficou por aí. Fez um programa de moda e beleza na Rádio Comercial e começou também a fazer intervenções na televisão.

Ainda no decorrer do seu percurso profissional, recebeu um convite de trabalho no México e outro para apresentar um programa de televisão na República Dominicana, onde permaneceu dois anos. Além do programa fez as produções de moda de Oscar de la Renta.

Quando regressou a Portugal, voltou a ministrar cursos de formação de manequins e continuou a sua experiência na televisão portuguesa onde apresentou alguns programas ao lado de Luís Pereira de Sousa, nomeadamente "Onda de Verão" e "Festa na Feira". Helena Napoleão assegura que nunca teve problemas de falta de trabalho, "assim que regressei ao nosso país recebi logo vários convites para participar em diversos projectos. Felizmente há um mercado de trabalho enorme, mas é fundamental diversificar".

A sua experiência no estrangeiro continuou em 1997 no Canadá. Aí esteve dois anos e quando regressou a Portugal em 2000, fundou a Helena Napoleão Produções, onde desenvolve diversas áreas tais como formação, agenciamento de manequins, de figurantes e produção de eventos. Na vertente da formação, foi a primeira a criar um curso destinado a crianças, intitulado "Little Model".

Ao longo da sua carreira, Helena Napoleão não tem recordação de momentos maus, já que se considera uma pessoa muito positiva. "O momento mais gratificante, foi sem dúvida a primeira apresentação do primeira 'Little Model'. Senti uma sensação de preenchimento total", revela. E nesta profissão o mais difícil é lidar com as pessoas, porque está sempre em jogo muitos sentimentos e emoções.

Apesar de toda a actividade profissional a que está sujeita diariamente, Helena não dispensa o refúgio do lar: "Sou muito caseira, quando termino as minhas obrigações profissionais corro para casa e para a família. Gosto muito de cozinhar, gosto de ser mãe e gosto essencialmente da vida".

Na verdade, a conciliação do trabalho com a família foi sempre fundamental para conseguir triunfar na carreira. "Há muito a ideia de que no mundo da moda é necessário ter uma vida social muito intensa, mas eu nunca dei muita importância a esse facto e não foi por isso que deixei de ter todos os trabalhos que quis", observa.

Um dos conselhos que Helena deixa aos jovens que querem seguir esta profissão, é que "além de ser bom um bom profissional, tem de ser-se essencialmente disciplinado, bem formado e honesto".


 

 







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