Fernanda Pedro
O BONITA, alta e dona de uma figura física
invejável, assim é Helena Naopelão que mesmo nos
seus 47 anos de idade não passa indiferente aos olhares do mais
incauto transeunte. Estas são algumas das características
de uma mulher que durante anos deslumbrou nas "passerelles"
da moda.
De manequim à publicidade, a apresentadora de programas televisivos
portugueses e estrangeiros, a coreógrafa de espectáculos
de moda, até à formação de manequins, Helena
Napoleão já fez de tudo um pouco. A sua vida é um
exemplo para quem pensa que a carreira de modelo termina no momento em
que o brilho da juventude se começa a extinguir.
Dotada de um dinamismo invulgar, considera-se uma pessoa lutadora, criativa
e acima de tudo honesta. Ao completar 20 anos de trabalho na área
da formação de modelos e manequins, Helena Napoleão
sente-se uma mulher realizada profissionalmente mas com a consciência
de que tem ainda muita coisa para fazer na sua carreira. "Gosto
muito da minha vida e do trabalho que realizo porque acho que sou uma
sortuda, faço aquilo que gosto", revela.
O palco sempre a fascinou, o seu sonho de infância era ser actriz,
mas o destino trocou-lhe as voltas e por casualidade foi parar ao mundo
da moda. Tudo aconteceu quando tinha 15 anos. Um amigo fotógrafo
enviou uns retratos de Helena para o "Diário de Lisboa"
que organizava o concurso "Miss Teen". "Só vim
a saber que ele tinha feito isso, quando vi a minha cara na capa do jornal
a dizer que era uma das seleccionadas. Acabei por vencer o concurso e
foi a partir daí que pensei em ser manequim", lembra.
Apesar do fascínio do mundo da moda, Helena não deixou de
estudar e ainda entrou na Faculdade para obter a licenciatura de Economia.
Assim, a par com os estudos universitários tirou o curso de manequim
com Bryan MacCarty e continuou a desfilar. E como se isso não bastasse,
a sua vida pessoal tomou novos contornos. Depois de um casamento aos 16
anos, aos 19 vieram os filhos, e no espaço de quatro anos teve
três crianças. "Mesmo durante este período
da maternidade continuei a desfilar, a fazer publicidade e a estudar.
Os filhos não alteraram em nada o curso da minha carreira",
refere.
Contudo, a faculdade acabou por ficar para trás, tudo porque segundo
Helena, "na moda ganhava-se muito bem e verifiquei que nunca conseguiria
isso com o curso. Por esse motivo acabei por deixar a universidade".
Entretanto, em 1983 criou a primeira agência em Portugal de manequins,
de modelos e figurantes e iniciou-se na formação. Fez estágios
em Londres e Barcelona porque no nosso país não havia nada
nessa área. Bryan MacCarty fazia pequenos "workshops"
e foi com ele que aprendeu tudo. Por isso Helena sublinha que essas saídas
para o estrangeiro não lhe trouxeram nada de novo. "De
qualquer forma, é muito importante sair do país e ver o
que se faz lá fora. A actualização é fundamental
nesta profissão, mas não quer dizer que se faça melhor
nos outros países do que em Portugal", salienta.
Foi também com o Bryan que começou a coreografar os espectáculos
na FIL Moda. E a sua carreia não se ficou por aí. Fez um
programa de moda e beleza na Rádio Comercial e começou também
a fazer intervenções na televisão.
Ainda no decorrer do seu percurso profissional, recebeu um convite de
trabalho no México e outro para apresentar um programa de televisão
na República Dominicana, onde permaneceu dois anos. Além
do programa fez as produções de moda de Oscar de la Renta.
Quando regressou a Portugal, voltou a ministrar cursos de formação
de manequins e continuou a sua experiência na televisão portuguesa
onde apresentou alguns programas ao lado de Luís Pereira de Sousa,
nomeadamente "Onda de Verão" e "Festa na Feira".
Helena Napoleão assegura que nunca teve problemas de falta de trabalho,
"assim que regressei ao nosso país recebi logo vários
convites para participar em diversos projectos. Felizmente há um
mercado de trabalho enorme, mas é fundamental diversificar".
A sua experiência no estrangeiro continuou em 1997 no Canadá.
Aí esteve dois anos e quando regressou a Portugal em 2000, fundou
a Helena Napoleão Produções, onde desenvolve diversas
áreas tais como formação, agenciamento de manequins,
de figurantes e produção de eventos. Na vertente da formação,
foi a primeira a criar um curso destinado a crianças, intitulado
"Little Model".
Ao longo da sua carreira, Helena Napoleão não tem recordação
de momentos maus, já que se considera uma pessoa muito positiva.
"O momento mais gratificante, foi sem dúvida a primeira
apresentação do primeira 'Little Model'. Senti uma sensação
de preenchimento total", revela. E nesta profissão o mais
difícil é lidar com as pessoas, porque está sempre
em jogo muitos sentimentos e emoções.
Apesar de toda a actividade profissional a que está sujeita diariamente,
Helena não dispensa o refúgio do lar: "Sou muito
caseira, quando termino as minhas obrigações profissionais
corro para casa e para a família. Gosto muito de cozinhar, gosto
de ser mãe e gosto essencialmente da vida".
Na verdade, a conciliação do trabalho com a família
foi sempre fundamental para conseguir triunfar na carreira. "Há
muito a ideia de que no mundo da moda é necessário ter uma
vida social muito intensa, mas eu nunca dei muita importância a
esse facto e não foi por isso que deixei de ter todos os trabalhos
que quis", observa.
Um dos conselhos que Helena deixa aos jovens que querem seguir esta profissão,
é que "além de ser bom um bom profissional, tem
de ser-se essencialmente disciplinado, bem formado e honesto".