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Aeronáutica: o sector do futuro

Aeronáutica: o sector do futuro

O último concurso nacional de acesso ao ensino superior mudou o panorama de médias que há muito imperava em Portugal. Três cursos de engenharia destronaram medicina no ranking das maiores médias nacionais, pela primeira vez em muitos anos. Um desses cursos é o de Engenharia Aeroespacial, no Instituto Superior Técnico. Para profissionais e especialistas, o aumento da procura desta área de formação, e também da Engenharia Aeronáutica, é o espelho da evolução que o sector registou em Portugal nos últimos anos e das oportunidades de emprego que têm vindo a ser criadas.

01.10.2016 | Por Cátia Mateus


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Florbela Costa foge ao perfil típico dos profissionais do sector aeronáutico. Desde logo porque é mulher, numa profissão que só agora começa a captar o interesse do público feminino, e porque ao contrário de muitos dos seus colegas que se licenciaram em anos anteriores, nunca precisou de emigrar para trabalhar na sua área. A jovem engenheira de 28 anos, concluiu um mestrado em Engenharia Aeronáutica em 2011, na Universidade da Beira Interior, e integrou a equipa do CEiiA, um dos maiores recrutadores nacionais neste sector. No ano em que entrou na universidade tinha apenas três raparigas na sua turma e a maioria dos estudantes tinham o mercado internacional como destino certo para garantir emprego na área. Hoje, garante, muito mudou.

Empresas como o centro de excelência para a inovação e indústria CEiiA e a OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal têm contribuído para inverter o destino certo de emigração de quem concluía a sua formação em engenharia aeronáutica e aeroespacial em Portugal. A ligação de ambos às universidades e escolas profissionais têm contribuído para isso. No primeiro caso, o CEiiA não só conseguiu recrutar em empresas internacionais jovens profissionais, como tem trazido alunos do reputado MIT para a sua sede em Matosinhos. Rui Dias, responsável de Recursos Humanos do CEiiA, explica que nos últimos anos, o centro soube entrar no radar dos parceiros internacionais da indústria da mobilidade, tirar partido disso para ganhar notoriedade, crescer e com isso criar novos postos de trabalho num sector que durante muito tempo era um exportador de talento. Hoje, explica, “trabalham no CEiiA 230 engenheiros de várias especialidades, entre os quais aeronáuticos, de sistemas e tecnologias de informação, engenheiros mecânicos e especialistas em desenvolvimento de produto”.

De Portugal para o mundo
O CEiiA soma projetos de mobilidade com parceiros de peso, desde aviões para a Embraer, a carros elétricos, scooters e bicicletas inteligentes. Nos últimos anos tornou-se um exportador de engenharia nacional e da sua raiz histórica, ligada à engenharia automóvel, evoluiu para um centro de engenharia e desenvolvimento de produto, onde a excelência e a inovação são fundamentais, e onde as indústrias aeronáutica, aeroespacial e do mar ganharam destaque na cadeia de valor.

A liderar parte desta revolução está Tiago Rebelo. Um dos jovens talentos que o CEiiA resgatou de uma carreira internacional promissora e que aos 26 anos é o responsável técnico da área de Engenharia Aeroespacial e dos Oceanos do centro.?Tinha acabado os estudos no Reino Unido e estava a trabalhar na Alemanha quando recebeu o desafio de regressar a Portugal e integrar a área de Investigação & Desenvolvimento do CEiiA que, recorda Tiago Rebelo, “estava em acelerado crescimento na altura”. A contratação do jovem engenheiro aeronáutico insere-se na ambição de Rui Dias de “fazer da academia CEiiA um acelerador de competências, sempre muito atento aos jovens que ainda estão em formação nas universidades e procurando desenvolvê-los, colocando-os lado a lado com profissionais experientes” que podem até ser ex-quadros de empresas como Airbus, Embraer ou Boeing, “como tem sucedido”, realça.

A decisão de regresso a Portugal de Tiago Rebelo está para ambos em linha com as oportunidades que têm vindo a ser geradas no mercado nacional para os perfis desta área. “O mercado de trabalho na indústria aeronáutica e aeroespacial mudou muito. Não há dificuldades em encontrar empregos ou estágios nesta área. O que poderá ainda existir é uma apetência dos profissionais por experiências internacionais”, explica Tiago. Mas até isso está a mudar porque em Portugal são desenvolvidos inúmeros projetos relevantes à escala mundial.

Ana Guimarães, diretora de Recursos Humanos da OGMA confirma-o. O sector está mais dinâmico, ganhou expressão internacional e o desafio atual é captar e formar os talentos necessários para a assegurar a velocidade de cruzeiro desta indústria. Na OGMA trabalham atualmente 1705 profissionais, de várias nacionalidades e áreas de especialização. A empresa recruta a uma média de 100 novos trabalhadores por ano e mantém uma ligação muito próxima às escolas para assegurar a entrada de talento. “Em 2015 a empresa acolheu um total de 173 estágios e, ao abrigo da sua parceria com o IEFP, no âmbito da modalidade Vida Ativa, recebeu 108 pessoas em situação de desemprego para a realização de formação especializada em aeronáutica”, explica a diretora de RH.

A OGMA tem também desde 2006 uma parceria com a Escola Secundária gago Coutinho, no âmbito do Curso Profissional de Técnico de Manutenção de Aeronaves, com o objetivo de formar novos técnicos para trabalhar na indústria. Em dez anos já recebeu mais de 500 estagiários desta escola. A taxa de retenção global dos estagiários na empresa é de 90%. Para a especialista esta dinâmica e o crescimento registado na empresa demonstra o papel que Portugal tem vindo a ganhar nesta indústria, sendo hoje um empregador de excelência e um país com oportunidades de carreira aliciantes para os profissionais do sector.



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