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Ser franchisado – Uma opção de vida?



01.01.2000



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Ser franchisado - Uma opção de vida?


O Boletim Económico de Julho do Banco de Portugal prevê um crescimento do PIB para 2002 de cerca de 0,5% e um aumento da taxa de desemprego para 5%.

Tal vem confirmar aquilo que é a percepção da maioria dos portugueses: "a crise veio para ficar!", utilizando um velho slôgane de uma marca de automóveis japonesa.

Isso significa que estamos em época de reduzir o endividamento, dos particulares e das empresas, o que implica necessariamente uma redução dos custos mensais. Mas nem sempre esta política é suficiente, principalmente para as empresas.

Com efeito, esta crise tem levado a que, mormente na indústria tradicional, muitas empresas pouco competitivas, que durante muito tempo sobreviveram apenas graças ao reduzido custo do factor de produção "mão-de-obra", sejam obrigadas a encerrar.

Esse fenómeno vai libertar para o mercado de trabalho muitas pessoas válidas que irão ter de encontrar um novo rumo para as suas vidas.

De acordo com a nossa experiência recente, não é invulgar essas pessoas efectuarem uma reflexão, muitas vezes em família, no sentido de definirem o seu projecto de vida.

Dada a tradicional falta de mobilidade geográfica dos portugueses (noutros tempos, a mobilidade era radical, gerando fortes movimentos emigratórios, que hoje permitem ajudar a equilibrar a nossa balança de pagamentos), existe uma forte tendência para procurar soluções próximas do local da habitação. Essa tendência está fundamentada no facto de o agregado familiar possuir, em geral, dois elementos activos profissionalmente e filhos em idade escolar. Deste modo, quando um dos elementos tem a percepção de que a empresa onde trabalha está em dificuldades, inicia o processo de pesquisa.

Ora, dado que todas as cidades possuem, de uma forma mais ou menos vincada, uma ou mais zonas com vocação comercial, em muitos casos, a pesquisa passa pela procura de conceitos de negócio que possam vir a ser competitivos na zona predefinida. E, regra geral, esses conceitos ou são criados de raiz ou apenas estão disponíveis em regime de franchising.

Valerá porventura a pena relembrar um pouco este conceito. O franchising é uma relação baseada na confiança mútua: por um lado, o franchisador tem a capacidade de criar e impor um plano completo de acção do negócio, estrutura, disciplina, um conjunto de regras de operação e técnicas de controlo sofisticadas e uma cobertura e apoios comerciais vastos, que, normalmente, não estariam ao alcance do dono de uma unidade isolada; por outro lado, o franchisado é capaz de trazer o espírito empreendedor, que é o motor do mundo dos negócios, através da dedicação e da devoção de longas horas de trabalho à empresa, que dificilmente o franchisador encontraria nos seus próprios assalariados.

Trata-se também de uma relação simbiótica entre a companhia mãe e os franchisados, pois o sucesso destes está intimamente relacionado com o sucesso da primeira, tendo ambos interesse em aumentar as vendas ao máximo.

Como o franchisado tem de investir os seus próprios recursos no franchising, fica financeiramente comprometido com o seu destino. No entanto, o franchising constitui um óptimo compromisso entre ser dono de uma firma e trabalhar para uma companhia, uma vez que o apoio fornecido pela firma mãe lhe permite encarar com relativa tranquilidade o futuro e o liberta de certas preocupações quer na fase de montagem do negócio quer na da gestão quotidiana das operações. Como dizia um consultor desta área, "o franchising é o american dream com uma rede de segurança", ou, por outras palavras, é a venda de um negócio já testado.

A firma mãe tem como principal vantagem conseguir um elevado grau de controlo e coordenação dos canais do distribuição e de gerar elevadas sinergias publicitárias. Como os recursos próprios investidos são diminutos, pode conseguir uma expansão muito rápida e responder com maior celeridade às mudanças nos mercados.

No entanto, também tem os seus problemas: o controlo pode tornar-se difícil, especialmente se o número de franchisados aumentar muito, ou se alguns deles crescerem muito.

Principais fontes de conflito gerado pelos franchisadores, de acordo com a percepção dos franchisados Principais fontes de conflito gerado pelos franchisados, de acordo com a percepção dos franchisadores · Criação de lojas próprias.· Redireccionamento/encerramento. · Compra obrigatória de produtos ao franchisador mais caros que no mercado.· Uso questionável das receitas destinadas a publicidade.· Assimetria do "contrato de adesão". · Transmissão a terceiros de informação interna.· Não-pagamento de royalties, ou falsificação da base de incidência.· Recusa na adesão prática às condições contratuais (o que impede a padronização e afecta a credibilidade de todo o sistema).

 

Paulo Lopes Porto
Mestre em Gestão de Empresas (UCP), docente do ensino superior no IPAM e director-geral da Barbadillo & Asociados (Portugal).

Fonte: texto adaptado da revista Negocios & Franchising do IIF-Instituto de Informação em Franchising.

 







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