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Como trazer uma marca internacional para Portugal



01.01.2000



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Fonte: Eduardo Miranda, Negócios & Franchising

Como trazer uma marca internacional para Portugal

Para quem quer investir num novo negócio e tem planos mais ambiciosos, o franchising oferece muito mais do que a simples possibilidade de ter uma "lojinha" de uma marca conhecida. Com a expansão internacional das redes de franchising surgiu uma série de acordos mais complexos e ao mesmo tempo com maiores perspectivas financeiras.

Entre as diversas fórmulas encontradas para a expansão internacional, aquela que é de longe a mais utilizada é o contrato de master. Para quem tem interesse em voos mais altos no mundo do franchising, eis uma descrição das principais características deste tipo de contrato e ainda algumas dicas para a negociação.

Como funciona o acordo de master?

O master compra os direitos de uma marca/conceito em exclusivo para uma região (normalmente um país) e assume a responsabilidade de substituir o franchisador original. O contrato normalmente prevê que o master possa abrir algumas lojas (unidades) próprias, actuando neste caso como um franchisado. Mas o que diferencia a sua posição é o direito de subfranchisar dentro do seu território, por outras palavras, poder fazer contratos com franchisados locais para abrir unidades individuais.

Na relação com estes franchisados individuais, o master assume o papel do franchisador original, devendo captar e seleccionar os franchisados, prestar apoio antes e depois da abertura da loja, controlar a qualidade da operação, dar formação... Enfim, tudo o que o franchisador original faz para os seus franchisados directos.

Exemplos de masters a operar em Portugal: 5 à Sec, Futurekids, Boticário, Baskin Robbins, Era e Chem-Dry.

Qual o investimento inicial necessário para atrair um franchising internacional a Portugal?

Os valores envolvidos na negociação de um master internacional para Portugal dependem, naturalmente, do sector de actividade e do grau de prestígio da marca envolvida. Mas há alguns pontos em comum nestes projectos:

Direito de entrada (initial fee)
È o valor pago logo de início ao franchisador internacional pelo direito de desenvolver em exclusivo o seu conceito em Portugal. Apenas a título de referência, as marcas americanas consagradas na área dos serviços costumam pedir para Portugal valores da ordem de 18 mil a 22 mil contos.

Montagem da unidade-piloto
Normalmente, o master é obrigado pelo franchisador original a abrir uma unidade própria para testar e adaptar o conceito antes de começar a subfranchisar. Este costuma ser o principal investimento de um master, especialmente se o negócio exigir um imóvel bem localizado.

Campanha de marketing inicial
O master deve fazer um investimento em dois tipos de divulgação: a do produto em si, para o consumidor final, e a do sistema de franchising, para os potenciais franchisados. Com excepção de projectos de grande porte, a maioria dos masters gasta no 1.º ano entre 2 mil e 7 mil contos em divulgação.

Fundo de maneio/reserva de tesouraria
O master é obrigado a criar uma estrutura de suporte à sua rede antes mesmo de começar a ter receitas com as lojas próprias e os franchisados, sendo, por isso, fundamental prever uma reserva inicial. Costuma-se sugerir que o master tenha uma reserva suficiente para cobrir os custos principais do negócio (renda e pessoal) nos três primeiros meses (seis é mais aconselhável).

Apesar de o valor do investimento inicial ser muito variável, é difícil arrancar com um projecto desta natureza com menos de 60 mil a 70 mil contos. Não é raro ver um master investir 150 mil ou 300 mil contos nos dois primeiros anos. Há também o outro lado da moeda, com casos de masters que investiram de 7 mil a 10 mil contos. Trata-se, contudo, de marcas sem notoriedade, com uma experiência internacional reduzida ou nula e ainda em sectores onde o investimento para a abertura da primeira unidade é baixo.

Quais são as receitas do master?

O master tem várias fontes de receita, o que torna o seu projecto muito mais complexo e aliciante do que o de um franchisado individual, a saber:

Resultados das unidades próprias
O master pode ter uma ou várias unidades próprias e, tal como um franchisado normal, ter o seu ganho a partir desta operação.

Direito de entrada dos franchisados
Da mesma forma que o master paga um direito para ter a exclusividade do negócio para todo o país, os seus franchisados também pagam um direito de entrada para abrir uma unidade. A maior parte deste valor, que, em média, se situa entre 500 contos e 3 mil contos, fica com o master. Uma parte menor (10%-25%) pode ter de ser entregue ao franchisador original.

Royalties
Os franchisados costumam pagar royalties regularmente pelos serviços prestados pelo master e pelo uso contínuo da marca. Esta taxa é paga ao master e pode assumir um valor fixo ou, o que é mais comum, uma percentagem sobre as vendas do franchisado (em média, de 3% a 5%).

Taxa de publicidade
As redes de franchising costumam ter um fundo comum de publicidade para o qual todos os franchisados contribuem. Apesar de não ser um ganho efectivo para o master, pois este dinheiro destina-se exclusivamente às acções de divulgação da marca, não deixa de ser uma ajuda para cobrir uma parte das despesas de marketing.

Margem na venda de produtos
Nalguns casos, o franchisador fornece os produtos necessários para a actividade do franchisado. Nestas situações, o master acaba por ser uma espécie de distribuidor dos produtos para a rede de franchisados do seu território, tendo normalmente com esta operação uma margem comercial, a qual pode ser a principal fonte de receita de alguns masters, substituindo inclusivamente o pagamento de royalties.


Dicas na escolha e negociação de um master

1. Cuidado com o valor do direito de entrada! Alguns franchisadores americanos pedem valores desproporcionados ao mercado português. O cálculo, muitas vezes, é feito com base na população. Tente mostrar que o rendimento médio em Portugal é baixo e que há uma excessiva concentração da população em algumas poucas cidades do litoral.

2. Tente fazer que o franchisador original assuma também parte do risco do negócio a médio e longo prazo. Uma forma é propor a diminuição do direito de entrada em troca de um valor maior na abertura de cada unidade. Isto faz que o ganho do franchisador não esteja concentrado apenas na assinatura do contrato, o que aumenta o seu interesse em apoiar o desenvolvimento da rede de franchisados do master.

3. Evite a todo custo cláusulas que obriguem a um ritmo acelerado de abertura de lojas. Os objectivos de crescimento da rede, num mercado reduzido como o português, devem ser muito suaves. Nunca aceite objectivos para os dois primeiros anos, com excepção da obrigação de abrir a primeira unidade-piloto.

4. O negócio do master só se torna interessante com uma rede razoável de franchisados. Dê preferência a conceitos com um bom potencial de expansão em todo o país. O mercado nacional é pequeno, evite, portanto, negócios muito elitistas ou voltados para nichos muito específicos do mercado.







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