Estado da Arte no Sector das Tecnologias de Informação e Comunicação
(07-12-2006)
Ana Luísa Teixeira
Country Manging da MRI Network Portugal
Os escritórios da MRI Network em Portugal, empresa de Headhunting, inquiriram, no início do segundo semestre de 2006, Administradores, Directores-Gerais ou Directores de RH de empresas a operar em vários sectores de actividade, nomeadamente Tecnologias da Informação e Comunicação; Farmacêutico; Grande Consumo; Logística e Construção Civil. A amostra constou de 486 empresas, de pequena, média e grande dimensão. Trata-se 58º Hiring Survey. Esta pesquisa é feita simultaneamente em 35 Países, onde a MRI Network está presente. O estudo é conduzido duas vezes por ano. Os dados gerais já foram divulgados. Irei neste artigo explorar alguns pontos relativos ao sector das Tecnologias de Informação e Comunicações (TIC).
Contudo, para o leitor que ainda não conheça o estudo geral, referirei somente que durante o segundo semestre de 2006 cerca de 91% das empresas inquiridas não prevê proceder a redução de efectivos, mas antes espera manter ou aumentar o seu quadro de pessoal. Comparativamente com o primeiro semestre de 2006 é menor a percentagem de empresas que pretende diminuir os seus quadros. Reparamos que a tendência para reduzir o número de colaboradores tem vindo a decrescer significativamente ao compararmos os dados desde o ultimo semestre de 2005. Este é um indicador de consistência e de uma certa estabilidade no mercado de trabalho. Já se sente, globalmente, um maior dinamismo das empresas.
Tecnologias de Informação e Comunicação: Funções mais difíceis de recrutar
A tendência global nas empresas a operar no sector das Tecnologias de Informação é para a manutenção dos postos de trabalho. Devemos contudo sublinhar que neste segundo semestre de 2006, menos empresas referenciaram ter intenção de aumentar o número de quadros, quando comparamos os resultados com os do primeiro semestre deste mesmo ano. Este diferencial é de 9,5 pontos.
Neste estudo, Hiring Survey, a MRI Network Portugal formulou quatro perguntas adicionais e específicas para o nosso país, perguntas cujas respostas traduzissem melhor a realidade do mercado e que nos indicassem quais as funções que são sentidas como mais difíceis de recrutar por parte das empresas. È concretamente nestes resultados específicos, mas somente nos obtidos nas empresas do sector das Tecnologias de Informação, que vou centrar a minha análise no presente texto.
A maioria ( 60,0%) das empresas inquiridas do sector das TIC, na pessoa dos seus quadros de Direcção, quando questionadas sobre o grau de dificuldade sentido para encontrar os candidatos certos, referiu alguma ou grande dificuldade em fazê-lo com sucesso. (Quadro A).
Quanto a áreas específicas, a área Técnica foi referenciada por 54,7% como aquela em que as empresas revelam maior dificuldade em encontrar o colaborador ideal, seguindo-se a área Comercial com 34,7% (Quadro B).
Já em termos de funções, os Quadros sem funções de Chefia são os mais difíceis de encontrar com 70,0% das empresas a referi-lo, seguindo-se as Chefias Intermédias somente com 20,0% de inquiridos a afirmá-lo (Quadro C).
Estes dados são notoriamente significativos pois mostram-nos que, sobretudo para funções da Área Técnicas, sem envolveram componente de chefia, o mercado está receptivo a profissionais exemplares. Quando tentámos perceber como se recruta neste sector, a que fontes recorrem as empresas , 40,5% dos Directores Gerais ou Directores de RH das empresas abordadas refere ter colocado anúncio directamente para recrutar as funções pretendidas e 18,9% recorreu à mobilidade interna.
Ainda que seja um mercado notoriamente em crescimento, com cada vez mais empresas a sentirem necessidade de recorrer a consultoras que ofereçam como metodologia de recrutamento uma Abordagem Directa ao mercado, permitindo assim identificar o melhor profissional, e não somente os possíveis que proactivamnete se expuseram respondendo a anúncios ou enviando Curriculum Vitae espontâneo, o recurso a “Headhunting” ainda tem uma expressão pobre, com somente 3,6% das empresas de TIC inquiridas a referencia-lo como método de recrutamento usado . Talvez pelo facto de as empresas identificarem ainda o “Headhunting” como uma metodologia de recrutamento direccionada somente para funções de topo. Curioso, contudo, è que esta metodologia vem sendo praticada com sucesso no recrutamento de funções de nível intermédio ou funções técnicas com elevado nível de especialização, em que a oferta de profissionais é inferior à procura por parte das empresas.
Note-se que os resultados do estudo apontam para um sentimento generalizado de dificuldade no recrutamento ao nível dos quadros sem funções de chefia. Será caso para perguntar: Porque não recorrer ao Headhunting? Lembremo-nos que quando a procura excede a oferta para uma determinada função, os bons profissionais são geralmente sujeitos a planos de retenção nas empresas onde se encontram, são reconhecidos pelo sua boa performance, estão geralmente a fazer um excelente trabalho e muito motivados no contexto em que se encontram. São os chamados candidatos passivos, que não respondem a anúncios nem se expõem pelo que a abordagem directa, confidencial e criteriosa, em que os projectos são apresentados por empresas credíveis, é a única eficaz.
Quadro A
Prevê sentir dificuldade em encontrar os candidatos certos nos próximos 6 meses?
%
Grande dificuldade
8,6
Alguma dificuldade
51,4
Sem dificuldade alguma
3,8
Não sabe
36,2
Quadro B
Se sim, em que áreas?
%
Financeira
5,3
Comercial
34,7
Recursos Humanos
1,3
Marketing
1,3
Técnica
54,7
Outras
2,7
Quadro C
Se sim, em que funções?
%
Funções de topo
5,7
Chefias intermédias
20,0
Quadros sem funções chefia
70,0
Outras
4,3
Quadro D
No primeiro semestre deste ano, para efeitos de recrutamento, a que fontes recorreu?
%
Mobilidade interna
18,9
Empresa de recrutamento com publicação de anúncio
14,4
Colocou anúncio directamente
40,5
Recurso a empresas de Headhunting
3,6
Não responde/Não recrutou
22,5