Como fazer de 2007 um ano de grandes mudanças com pequenos gestos
(29-11-2006)
Carla Marisa Magalhães *
ebcarla@fgv.br
Já foi dito em artigos anteriores, que a RS deve começar ao nível individual para, posteriormente, ser bem sucedida em termos organizacionais. Acrescentemos a isto o facto do indivíduo possuir características inatas que lhe conferem uma natureza humanizada ou, pelo menos, humanizável. Neste âmbito, se existe uma boa altura para fazer despoletar essas características, essa altura é esta! Logo, aproveitando o espírito natalício que ainda se respira e o novo ano que se avizinha, porque não contribuirmos para uma sociedade melhor, com alguma responsabilidade social individual? Assim, seja estudante ou empresária(o), doméstica(o) ou funcionária(o) do sector público ou privado, reformada(o) ou desempregada(o)… enfim, sendo cidadão, eis algumas formas de contribuir para uma sociedade mais socialmente responsável:
- Dê um pouco de si aos outros! Torne-se voluntário numa causa social e vai ver que ajudar os outros é ajudar-se a si próprio. Para mais informações, consulte os sites: www.voluntariado.pt; http://portugalvoluntario.web.pt; www.plataformaongd.pt .
- Faça uma doação dentro das suas reais possibilidades! Doe roupa ou calçado que já não use ou que não lha faça falta (desde que esteja em bom estado), alimentos (essencialmente não perecíveis), brinquedos e, até mesmo, dinheiro para entidades que sejam da sua confiança e que saiba que necessitam e/ou dependem das ajudas externas (nos sites referidos anteriormente também poderá obter informações sobre o destino a dar às suas doações).
- Apadrinhe uma criança! Sabia que existem formas de apoiar o desenvolvimento e/ou a educação de uma criança que está longe de si sem sair de casa? Existem milhares de crianças no mundo, nomeadamente em África, que com a nossa ajuda poderiam ter uma vida mais digna e um futuro mais risonho. Está interessado? Vá ao site www.ccspt.org e veja como é que com muito pouco pode fazer muito.
- Adopte ou apadrinhe um animal! Se gosta de animais ou está a pensar em adquirir um, porque não adoptar ou apadrinhar? Além de poupar dinheiro, vai estar a fazer uma boa acção e ganha um amiguinho para o resto da vida. Caso não se queira comprometer a ter um animal consigo a tempo inteiro, tem a opção de apadrinhar um, o que significa que com uma quantia simbólica mensal poderá contribuir para dar uma vida mais digna a um animal à sua escolha. Para mais informações, poderá consultar os sites: www.sosanimal.org ; www.animal.org ; www.uniaozoofila.org ; www.lpda.pt ; www.sp-animais.pt ; www.apca.org.pt.
Caso já possua um animal, nunca, mas nunca mesmo, o abandone quando for de férias ou em qualquer outra circunstância!
- Proteja o meio ambiente! Como as questões ambientais estão na ordem do dia e cada um de nós tem responsabilidades reais nesta matéria, eis algumas sugestões:
• Poupe, poupe, poupe (energia, água, alimentação…)! Poupar é a palavra de ordem! Por isso, seja um consumidor consciente e vai ver que poupa não apenas dinheiro, mas também recursos que não são infinitos.
• Não polua o meio ambiente: não deite lixo na rua; ande de carro apenas se achar que é mesmo necessário (os transportes públicos são mais baratos, mais rápidos e menos poluentes); evite fumar dentro de recintos fechados onde ainda não é proibido fazê-lo e até mesmo nos lugares onde existem áreas para fumadores e para não fumadores, que apenas estão separadas espacialmente pois, tal como uma vez ouvi dizer: um mesmo recinto fechado, com área para fumadores e outra para não fumadores, é como uma mesma piscina com uma área própria e outra imprópria para urinar!; faça a separação do lixo (nas Juntas de Freguesia e nas Câmaras Municipais pode obter muitas informações sobre o processo de separação e reciclagem dos resíduos, ou vá aos seguintes sites: www.datasesmt.com.br/links/guia.htm; www.valorsul.pt).
• Seja um consumidor sustentável: sempre que possível, compre produtos sem embalagem ou com embalagem reciclável (como o vidro), consuma alimentos provenientes da agricultura biológica, utilize detergentes 100% bio degradáveis, consuma produtos com o rótulo ecológico comunitário, evite o uso de ambientadores sintéticos (os óleos essenciais naturais feitos de plantas aromáticas são uma boa alternativa) e prefira os produtos que, de um modo geral, provocam menor impacto ambiental e social (consuma produtos das lojas de comércio justo, as quais baseiam o seu processo produtivo na justiça e no respeito dos trabalhadores - mais informações em www.reviravolta.comercio-justo.org/intro.htm ).
- Seja um cidadão “fiscalmente responsável”! Vivemos num país onde quem “foge ao fisco” ainda é um herói, onde se disputam os subsídios sociais do Estado como um direito adquirido e onde os deveres são completamente absorvidos pelos direitos. Tentar mudar essa cultura é algo que depende de cada um de nós. Dê o exemplo, mesmo que o seu vizinho não o faça!
- Pratique a cidadania e seja ético na sua forma de pensar e de agir! As acções que praticamos hoje são a herança que deixaremos ficar para as gerações futuras!
Assim, estes são apenas alguns conselhos que ilustram aquilo que pode fazer por si e pelos outros. Mas muito mais pode ser feito, desde que tenhamos consciência disso e das consequências que a ausência destas preocupações podem provocar no futuro. Por essa razão, aproveite o espírito festivo actual e comece a pensar e a actuar de forma (ainda mais) socialmente responsável e em 2007 promova essa “cultura” no seu local de trabalho e entre todos os seus “stakeholders”: família, amigos, colegas, vizinhos… ou seja, entre os integrantes de todas as organizações com as quais se relaciona em termos privados, sociais e profissionais. Deste modo, poderá contribuir para que 2007 seja um ano mais sustentável, mais saudável, mais justo e mais solidário. Faça a sua parte e verá que, à boa maneira portuguesa, se fizer o que é possível, os outros irão querer fazer o “impossível”!
A todos um feliz 2007 e com muita Responsabilidade Social!
*Carla Marisa Magalhães é pesquisadora na área da Responsabilidade Social e doutoranda em Ciências Empresariais, na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, em parceria com a Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro.