Carreiras

Mestrados e MBA: aliados ou concorrentes?

O que procura um profissional que se inscreve num MBA e o quem tem garantido que ao longo das últimas décadas centenas de alunos se candidatem a estes programas em todo o mundo? 



08.01.2015



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A busca por novas competências? O fortalecimento da sua rede de networking? Potenciar a evolução profissional? Qualquer uma destas ambições é válida, mas para alguns especialistas pode já não ser suficiente para atrair candidatos.

Na altura de escolher a melhor formação é preciso pensar na sua real eficácia para as ambições de carreira dos profissionais. A força de um MBA enquanto impulsionador de carreira é igual para um jovem profissional e para um perfil mais senior e experiente? Para muitos especialistas não. E embora o MBA seja, sem sombra de dúvidas fator diferenciador em qualquer currículo, em cenários internacionais as perspetivas de carreira para os detentores desta formação estão a mudar.

Segundo o estudo “The future of Business Education & Needs of Employers 2014”, seja por força das reduções à contratação, dos cortes salariais, da diminuição das possibilidades de progressão profissional ou da redução do financiamento das empresas à realização de MBAs por parte dos seus colaboradores, o cenário está a mudar e na linha de opções dos profissionais surgem novas opções. Os mestrados, sobretudo os que incluem forte vertente prática, começam a fazer cada vez mais a diferença em termos de carreira. Mas será que substituem um MBA?

Para Jorge Farinha, vice-reitor da Porto Business School, a resposta é clara: “não”. Segundo o responsável, “um mestrado, ainda que com vertente prática, é sempre uma formação muito especializadas que não engloba, na mesma amplitude e nível de integração, as diferentes áreas de conhecimento ou de combinação entre hard e soft skills que caracteriza um MBA”.

Para o vice-reitor da Porto Business School, “os MBAs de qualidade – que são objeto de certificação internacional com base em standards pedagógicos muito exigentes – não só desenvolvem competências técnicas comportamentais fundamentais para a área de gestão, como oferecem um acesso privilegiado a redes empresariais, onde a inovação e o empreendedorismo são elementos essenciais”.

A Porto Business School não leciona mestrados, mas Jorge Farinha destaca a diferença de perfis entre os candidatos de ambos os cursos para sustentar a impossibilidade de comparar a eficácia de um e de outro na carreira dos candidatos. Refere o vice-reitor que além da oferta de mestrados ser em muito maior dimensão do que a de MBAs “na quase generalidade dos casos, a procura de mestrados centra-se em candidatos com pouca ou nenhuma experiência profissional reduzindo o alcance da dimensão da aprendizagem peer-to-peer”. Um contexto que para José Ferreira Machado, diretor da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), não é assim tão linear.

O especialista esclarece que falar de mestrados hoje não é o mesmo que falar de um ensino teórico. “Em Portugal, como noutros países europeus, assiste-se ao crescimento exponencial do mercado dos mestrados pré-experiência. Com Bolonha, o mercado europeu dos mestrados fortaleceu-se e ganhou uma dinâmica que muitos reconhecem estar a ultrapassar os MBAs”.

José Ferreira Machado reconhece que os jovens fazem cada vez mais mestrados – que são cada vez mais práticos e com forte ligação ao contexto empresarial – e que esses mestrados fazem a diferença na sua carreira. “Embora o perfil dos graduados seja muito diferente, observa-se que cada vez mais, o mercado de trabalho europeu valoriza os mestrados pré-experiência em deterimento dos MBAs. Um fenómeno estranho ao mercado norte-americano onde o MBA tem uma enorme tradição e continua a ter grande impacto”. O diretor da Nova SBE esclarece que não é a vertente prática e a ligação às empresas que diferencia hoje um mestrado de um MBA, mas antes a diferença de públicos, acrescentado que é adequação de cada uma das formações ao perfil dos candidatos que faz, verdadeiramente, a diferença em termos de carreira.

José Ferreira Machado evidencia o crescimento em Portugal dos designados mestrados pré-experiência, orientados para jovens cuja idade não deve ultrapassar os 25 anos nem os dois anos de experiência profissional, mas esclarece que se mantém a procura de formação executiva por profissionais com mais de cinco anos de experiência, tipicamente com formação base nas áreas da engenharia, arquitetura, ciências sociais, saúde e outras, e que procuram desenvolver competências de gestão mais abrangentes. Comparar as vantagens de um MBA e de um mestrado não é, para o especialista, um exercício viável já que “são formações com finalidades muito distintas e que podem ser válidas para o mesmo candidato em diferentes fases da sua vida”.

Mas enquanto Jorge Farinha discorda em absoluto da ideia de substituição do MBA pelo mestrado, o líder da Nova SBE reconhece que “a reforma de Bolonha originou uma nova forma de pensar o ensino superior” mais global e acrescenta que “a aposta na preparação dos estudantes já não se orienta apenas para a continuidade de uma vida académica mas para a transição para a vida profissional e esta diferença implica uma grande aposta na aprendizagem das soft skills e na vertente da internacionalização, sobretudo em programas de mestrado”.






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